Cardeal John Henry Newman
(autor sagrado, filósofo)
1801-1890
Todas são também tão numerosas e tão diferentes umas das outras, que, no fim, o motivo originário e primordial pode chegar a nos parecer quase insignificante e secundário.
Cardeal Diácono de São George em Velabro, autor sagrado, filósofo, homem de letras, líder do Movimento Tractariano, e o mais ilustre converso inglês à Igreja.
Nascido na Cidade de Londres, em 21 de fevereiro de 1801, o mais velho de seis irmãos, três homens e três mulheres; morreu em Edgbaston, Birmingham, em 11 de agosto de 1890. Houveram certas discussões sobre sua ascendência com respeito a seu lado paterno.
Seu pai foi John Newman, um banqueiro, sua mãe Jemima Fourdrinier, de uma família Hugonote estabelecida em Londres como cinzeladores e fabricantes de papel.
Sabe-se que o sobrenome era escrito "Newmann"; está claro que muitos judeus, ingleses ou estrangeiros, o levaram, e a insinuação era que o cardeal era de ascendência judaica.
Mas não encontraram nenhuma evidência documentaria para confirmar tal idéia. Sua linhagem francesa é inegável. Recebeu de sua mãe seu treinamento religioso, um Calvinismo modificado; e provavelmente ajudou à "concisão lúcida" de suas palavras quando tratava de temas abstrusos.
Seu irmão Francis William, também escritor, mas carente de elegância literária, separou-se da Igreja Inglesa para aderir-se ao Deísmo; Charles Robert, o segundo irmão, era bastante errático e professava o ateísmo.
Uma das irmãs, Mary, morreu jovem; Jemina tem um lugar na biografia do cardeal durante a crise de sua carreira anglicana; e estamos em dívida com uma filha de Harriet, Anne Mozley, pelas "Cartas e Correspondência" de 1845, que contêm uma seqüela das próprias mãos do cardeal Newman da "Apologia" Clássica desde o dia em que foi completada, a "Apologia" será sempre a principal autoridade dos primeiros pensamentos de Newman, e de seu conceito sobre o grande ressurgimento religioso, conhecido como Movimento de Oxford, do qual foi o guia o filósofo e o mártir.
Sua imensa correspondência, da qual a maior parte permanece sem ser publicada, não pode mudar essencialmente nossa estiva para quem, ainda que sutil ao grau de marginar o refinamento, foi também impulsivo e aberto com seus amigos, assim como enérgico em suas posições com o público. De tudo o que conhecemos dele, podemos deduzir que a grandeza de Newman consistia na união de originalidade, que chegava a uma genialidade de primeira classe, e um caráter de grande profundidade espiritual, manifestadas em uma linguagem de perfeita harmonia e ritmo, em uma energia que tão freqüentemente criou seitas ou Igrejas, e em uma personalidade não menos arrebatadora quanto sensível.
Entre as estrelas literárias de seu tempo Newman se distingue pelo puro resplendor cristão que brilha em sua vida e escritos. Ele é o inglês da era que manteve o antigo credo com uma sabedoria que só os teólogos possuem, com uma força shakespeariana de estilo, e um fervor próprio dos santos.
É esta combinação única a que o eleva sobre os pregadores católicos de vinitate mundi, como Thackeray, e que o outorga um lugar aparte de Tnnyson e Browning. Em comparação a ele Keble é uma luz de sexta magnitude; Pusey, um professor devoto, Lidon, um menos eloqüente Lacordaire. Newman ocupa no século XIX uma posição semelhante à do Bispo Butler no XVIII.
Se Butler é o paládio cristão contra o deísmo, então Newman é o apologista católico em uma época de agnosticismo, rodeada pelas teorias da evolução. Ele é, alem disso, um poeta, e seu "Sonho de Gerontio" ("Dreams of Gerontius") avantaja cem vezes mais o verso meditativo dos poetas modernos por seu claro-escuro de símbolos e cenas dramáticas do mundo visto atrás do véu./
Foi educado desde sua infância em deleitar-se com a leitura da Bíblia, mas carecia de convicções religiosas formadas até que completou quinze anos. Costumava desejar que os contos das mil e uma noites fossem verdadeiros; sua mente discorria com influências desconhecidas; pensava que a vida era possivelmente um sonho, que ele era um anjo, e que seus amigos anjos o estariam enganando com a aparência de um mundo material. Era "muito supersticioso" e tinha medo do escuro.
Aos quinze anos se "converteu", ainda que não praticasse muito os Evangelhos; das obras da escola de Calvino, obteve suas idéias dogmáticas definitivas, enquanto descansava "no pensamento de dois e somente dois absolutos e luminosos seres evidentes a todas as luzes, eu mesmo e meu Criador".
Em outras palavras, a personalidade se converteu na verdade primeira de sua filosofia; sem se importar com a lei, a razão ou a experiência dos sentidos. Daqui em diante, Newman foi um místico cristão, e como tal permaneceu. Dos escritos de Thomas Scott de Aston Sandford, "a quem, humanamente falando", disse, "Quase devo a minha alma" , aprendeu a doutrina da Trindade, apoiando cada frase do Credo Atanasiano com textos da Escritura.
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