Agricultura: Instituto Agronômico apresenta novidades na Agrishow 2006



Entre elas, o Programa de Qualidade em Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura

O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) participou da Agrishow Ribeirão Preto 2006, maior evento do agronegócio da América Latina e um dos três maiores do mundo, encerrado na semana passada. Entre os produtos e serviços do instituto, destacaram-se o lançamento do Programa IAC de Qualidade em Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura e as apresentações do Jardim Varietal de Cana, além de variedades de milho branco para canjica e arroz tipo especial. Com 124 acessos, o Jardim Varietal de Cana tem desde a primeira espécie lançada pelo IAC até outras históricas comerciais. Tem ainda outras, coma a creoula, primeira variedade de cana introduzida no Brasil, manteiga e caiana. “Os acessos contidos na coleção, além de estarem disponíveis para intercâmbio entre os diferentes centros de melhoramento de cana-de-açúcar do Brasil e do mundo, são alvo de caracterização morfológica, agronômica e molecular”, explica Marcos Landell, pesquisador do IAC.

Resultado de muito trabalho, a importância dessa coleção está em contribuir para a preservação da variação genética da cana-de-açúcar, servindo como repositório de material de importância atual e potencial. “A coleção é fonte de características desejáveis para os programas de melhoramento”, avalia Landell. Para os pesquisadores do Centro de Cana do instituto, essa coleção, com um hectare de extensão, coloca à disposição material para investigação científica, principalmente, na identificação de genes de interesse. Para a sociedade, os benefícios consistem na possibilidade oferecida aos interessados em conhecer parte da história da cana-de-açúcar e em valorizar a manutenção de bancos para a pesquisa atual e futura. “No Brasil existem dois principais bancos de germoplasma de cana-de-açúcar: o do Centro de Tecnologia Canavieira, localizado no município de Camamu, na Bahia, e o pertencente à rede interuniversitária para o desenvolvimento sucroalcooleiro, no município de Serra do Ouro, em Alagoas”, afirma o pesquisador.

Equipamentos de proteção 

A cobrança por ações de responsabilidade social é uma das mais novas barreiras impostas na briga pelos mercados consumidores mundiais. Quando o agricultor cumpre as exigências fitossanitárias e fiscais, surgem cobranças em relação aos cuidados com o ambiente ou com a saúde dos trabalhadores rurais. Nesse quesito, o Brasil ainda deixa a desejar, por não dispor de normas para certificar a qualidade das vestimentas usadas como equipamento de proteção individual (EPI) na agricultura. A resposta para essa questão está chegando como resultado de trabalho com empresas fabricantes e usuárias de EPI. O instituto lançou programa a respeito e o público que visitou a Agrishow pôde conhecer o Selo IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura, a ser atribuído às empresas fabricantes de EPI que atenderem à proposta do programa.

A falta de normas para esse setor faz com que, no Brasil, o Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho (documento indispensável para equipamentos de proteção) seja emitido com base na apresentação de uma Anotação de Responsabilidade Técnica. Esta é emitida pelo fabricante, que se responsabiliza pela qualidade do equipamento de proteção fornecido. Entretanto, não há comprovação efetiva sobre a eficácia desse EPI. “Isso leva o trabalhador a usar vestimentas dotadas do Certificado de Aprovação para manipulação de agrotóxicos, que, no entanto, proporcionam pouca ou nenhuma proteção contra os riscos”, afirma Hamilton Humberto Ramos, pesquisador do IAC.

No programa criado pelo instituto, os cientistas, com apoio financeiro das empresas participantes e de órgãos oficiais financiadores de pesquisas, vêm estudando normas nacionais e internacionais que possam ser aplicadas às vestimentas de proteção. O objetivo é melhorar a qualidade da matéria-prima utilizada na confecção desses equipamentos para proteger a saúde do trabalhador, aperfeiçoar os materiais existentes e buscar a certificação desses produtos.

Menor custo 

Um novo milho IAC também foi apresentado na feira: o IAC Nelore – destinado a produtores que exportam a canjica de milho branco. Esse material foi desenvolvido para atender à demanda dos produtores por variedades com melhor qualidade e rendimento de canjica, que é de 68%. Ou seja, o IAC Nelore rende 40,8 quilos de canjica por saca de 60 quilos de grãos. “O mercado exterior só aceita o canjicão – canjica mais graúda, formada por grãos inteiros”, explica o pesquisador responsável, Eduardo Sawazaki. O novo híbrido tem grãos duros e perolizados. Outro destaque desse material é a produtividade, média de 6,4 mil kg/ha – superior às variedades existentes e competitivas quando comparadas aos híbridos de milho branco disponíveis no mercado. O IAC Nelore diferencia-se também pelo menor custo das sementes.

As sementes dessa variedade foram produzidas em pequena escala pelo IAC e nesta safra estão sendo avaliadas por três produtores. São o resultado de quatro anos de trabalho dos pesquisadores. O milho interessa aos produtores da região de Itapetininga (Tatuí, Quadras, Angatuba, Itapetininga, São Miguel Arcanjo), onde se concentram os produtores de milho branco.

Foi mostrado também milho de pipoca com a maior capacidade de expansão do Brasil. É o híbrido de milho IAC 125 – de alta qualidade de pipoca e grande rendimento na produção de sementes. “A conseqüência dessas qualidades é o menor custo da semente”, afirma Sawazaki. Adaptado às principais regiões produtoras da região Centro-Sul do Brasil, o IAC 125 tem boa resistência às principais doenças foliares do milho. Com grãos tipo pérola de cor laranja forte, é um híbrido top cross de milho pipoca (cruzamento de um híbrido simples com variedade sintética). “Para chegar ao desenvolvimento desse material foi avaliado o potencial de 22 híbridos americanos em cruzamentos com variedades de elite obtidas no Programa de Melhoramento de Milho Pipoca do IAC”, relata Sawazaki. O estudo recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Variedades de arroz 

O IAC expôs a cana forrageira, exibida ao público em 2002. A variedade tem teor de fibra mais baixo e condição mais favorável para a alimentação animal. A cana IAC contribui para que o gado consuma maior quantidade e ganhe 18% a mais de peso do que o alcançado com outras espécies. Os resultados são menor volume de alimentação manejado no dia-a-dia e redução do custo mão-de-obra.

As variedades de arroz IAC 600, o primeiro arroz preto desenvolvido para cultivo em São Paulo, e o IAC 400, especial para culinária japonesa, também estiveram no evento. Até então, o que se consumia desses tipos especiais era importado. Esses materiais oferecidos pelo IAC são uma forma de o produtor paulista diversificar suas culturas e fazer frente ao arroz comum, conquistando nicho especial de mercado, com valorização do produto. Foram vistas as quatro mais novas opções em variedades de feijão IAC: três do tipo carioca e um preto. As três primeiras são mais produtivas e resistentes às principais doenças do feijoeiro, características que proporcionam maior rentabilidade por hectare, já que tais qualidades reduzem o custo de produção por exigir menos aplicações de agroquímicos.

Do Instituto Agronômico

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