Alvaro Dias aplaude Olimpíadas, mas diz que governo agora perde a autoridade para negar dinheiro para saúde e educação
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) aplaudiu a escolha da cidade do Rio de Janeiro para a sede dos Jogos Olímpicos de 2016, que custará aos cofres públicos R$ 26 bilhões. Ele observou, no entanto, que o governo "agora perde a autoridade" para afirmar que não tem dinheiro para "eliminar o caos que reina nos hospitais", para melhorar a educação e para combater a violência urbana.
O senador disse que o Rio de Janeiro "merecidamente ganha o presente", mas quem pagará a conta "é o restante do país". Ele afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva "é bom para anunciar espetaculosamente" projetos que "os outros terão de executar". Lembrou que Lula deixará o governo dentro de 15 meses e caberá ao seu sucessor arrumar o dinheiro para as obras que "ele anuncia constantemente".
O senador leu trechos de editorial desta segunda-feira (5) do jornal Folha de S. Paulo, sob o título "Samba Exaltação", o qual lembra que o presidente Lula afirmou, logo após a escolha do Rio de Janeiro, que o Brasil deixava de ser "um país de segunda classe" e ganhava "cidadania internacional". Conforme o editorial, números sobre qualidade de ensino e saúde não corroboram a afirmativa e basta lembrar que a metade dos brasileiros não tem acesso a redes de esgoto e que mais de 6 milhões de pessoas vivem em favelas.
Em aparte, o senador José Agripino (DEM-RN), que também apoiou a escolha do Rio como sede das Olimpíadas, disse que a renda per capita do brasileiro e seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) não confirmam que o brasileiro tenha passado a cidadão de primeira classe, como sustentou o presidente da República. No IDH, o Brasil é hoje 75º colocado, depois de ter ocupado a 63ª classificação na época do Plano Real (1995), lembrou. Conforme Agripino, a renda per capita do brasileiro está em US$ 9.500, número abaixo dos vizinhos Chile, Argentina, Venezuela e Uruguai.
Também em aparte, o senador João Pedro (PT-AM) afirmou que o governo Lula apresenta grandes conquistas contra a pobreza e que "este é um governo popular e de esquerda". Disse ainda que o governo Lula trabalha para melhorar a saúde e a educação.
Alvaro Dias considerou controversa a afirmação de que o governo Lula seja de esquerda, observando ainda que ele seguiu a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso, "que o PT tanto criticou".
No mesmo discurso, Alvaro Dias condenou a intenção do governo de limitar o alcance das medidas de fiscalização de obras do Tribunal de Contas da União. Para ele, o Congresso deve dar todo apoio ao tribunal, pois entende ser este o caminho para reduzir a corrupção na execução de obras no país.
- Temos de aparelhar o TCU sim, mas com fiscais concursados - afirmou.
05/10/2009
Agência Senado
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