André Fernandes diz que se sentiu intimidado quando recebeu dossiê



Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Cartões Corporativos, nesta terça-feira (20), o consultor legislativo do Senado André Eduardo da Silva Fernandes disse ter considerado "uma intimidação" o dossiê com gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enviado a ele, por e-mail, pelo então chefe de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes.

André Fernandes destacou ser importante lembrar em que contexto recebeu as mensagens, no dia 20 de fevereiro deste ano. Na época, recordou, discutia-se no Congresso Nacional se seria ou não instalada uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar gastos irregulares com cartão de crédito corporativo.

- Na época estava-se discutindo se seria instalada ou não uma CPI. Entendi como uma ameaça - afirmou.

Segundo relatou André Fernandes, José Aparecido enviou a ele no dia 20 de fevereiro uma mensagem eletrônica com dois arquivos anexados. Um dos arquivos continha os dados sobre gastos sigilosos do governo Fernando Henrique Cardoso e outro um texto do próprio José Aparecido afirmando que gastos irregulares deveriam ser alvo de fiscalização especial.

O consultor garantiu aos parlamentares da CPI Mista não ter divulgado as informações do dossiê para a imprensa e lembrou que notinhas sobre um suposto dossiê já vinham sendo publicadas na imprensa desde o dia 9 de fevereiro. Garantiu que estava de férias e, logo que voltou ao trabalho, na primeira semana de março, comunicou o ocorrido ao seu superior imediato, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), em cujo gabinete André Fernandes trabalha.

André Fernandes afirmou que José Aparecido havia tentado intimidá-lo outra vez, em 2004, quando prestava serviços como consultor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito instalada em 2003 para apurar responsabilidades sobre a evasão de divisas do Brasil para os chamados paraísos fiscais - CPI Mista do Banestado. Contou conhecer José Aparecido desde 1991 e que mais tarde ambos trabalharam no mesmo local, o Tribunal de Contas da União (TCU). Com o tempo, porém, afirmou André Fernandes, divergências políticas foram afastando os dois, apesar de amigos comuns tentarem sempre promover aproximações.

Ao responder a questionamentos do relator Luiz Sérgio (PT-RJ), André Eduardo contou que já teve um e-mail pessoal violado e que, por questão de segurança, formata o disco rígido de seu computador com freqüência. Este ano, por exemplo, tomou essa providência cinco vezes, mas garantiu ter guardado as informações importantes em um pen drive.

O depoente também confirmou ter tido um almoço no Clube Naval com José Aparecido e mais dois colegas do TCU para discutir a repercussão do assunto na imprensa. O consultor legislativo garantiu não ter gravado essa conversa mas afirmou que José Aparecido, nesse dia, teria dito que Erenice Guerra, assessora da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, teria mandado fazer um "banco de dados seletivo". 



20/05/2008

Agência Senado


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