Arte e ciência no maior museu de madeira da América Latina



O Octávio Vecchi, na Capital, dispõe de acervo único e diversificado em meio à floresta

No final da década de 20 do século passado, a preocupação com o meio ambiente não era tão comum quanto hoje, mas já fazia parte do trabalho de alguns cientistas e pesquisadores de São Paulo, que observaram intenso desmatamento na cidade e no Estado, em pleno desenvolvimento. À frente do Serviço Florestal (SF), o engenheiro agrônomo Octávio Vecchi idealizou, a partir dessa constatação, um museu para ressalvar a importância da floresta.

Criou, assim, o maior acervo de madeira da América Latina, cuja apresentação alia ciência e arte de forma caprichosa. Instalado em uma construção no interior do Parque Estadual Alberto Löfgren (Horto Florestal), na Capital, e incorporado ao Instituto Florestal, foi inaugurado como Museu Florestal em 1931. Em 1948, recebeu o nome de seu idealizador.

Sua concepção abrangeu diversos detalhes, até pisos e forros constituem o acervo. São resultado de composições artísticas de diferentes madeiras para cada uma das cinco salas, desenhadas pelo próprio Octávio Vecchi. “Além de agrônomo, era exímio desenhista e especialista em entomologia, ou seja estudava os insetos e suas relações com o ambiente”, explica a diretora do museu, a arquiteta Roselaine Barros Machado. A arquitetura do prédio inclui 12 vitrais que retratam a fauna e a flora paulistas, também desenhados pelo agrônomo e produzidos pela Casa Conrado, a mais renomada na época, pintura artística em uma das salas, além de painéis com fatos históricos.

As peças, em sua maioria, foram constituídas até a década de 50, e trabalhadas em marcenaria por funcionários da própria instituição. Estão em ótimo estado, incluindo os pisos, provavelmente conservados graças à exigência do uso de pantufas (cedidas no local) em torno dos calçados, para não riscá-los durante a visitação.

Ali podem ser apreciados mobiliário, mostruários e pranchas de madeira, com entalhes da árvore à qual pertence e de seus frutos, bizéis (troncos de árvore com cortes em três sentidos, para estudo) e peças trabalhadas com três técnicas de arte em madeira, a marchetaria, o charão e a xilografia, além das entalhadas e de esculturas de arte natural, ou alrunas

Conheça as técnicas:

Xilografia – O sistema é um dos mais antigos métodos de gravação. Seu nome deriva do grego xylon (madeira) e grafos (gravar). O processo consiste em entalhar linhas sobre uma prancha de madeira, que será usada para impressão em papel, como um carimbo. A imagem impressa se chama xilogravura

Marchetaria – Arte de decorar uma base de madeira com laminas de outros tipos de madeira

Charão – É a árvore originária do Vietnã e do Japão, da qual se extrai uma resina que, após tratamento adequado, é usada como pintura de acabamento laqueado em móveis e outros objetos

Entalhe – Técnica de arte em madeira por meio de incisões

Arte Natural ou Alrunas – Esculturas feitas a partir de troncos, raízes e galhos que já possuem, originalmente, formas que lembram algum ser ou objeto (pessoa, animal, etc.). Nesse caso, o artista trabalha para dar acabamento a essa forma

Simone de Marco

Da Agência Imprensa Oficial

(I.P.)



11/07/2007


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