Atividade física pode reduzir efeitos da asma



A prática de exercícios leves e moderados é capaz de diminuir a inflamação pulmonar típica da doença

Nos Jogos Pan-americanos deste ano a nadadora brasileira Rebeca Gusmão, vencedora da medalha de ouro nos 50 metros livre, saiu cambaleando da piscina ao terminar a prova de revezamento 4 x 100. Ao se esforçar além dos seus limites, ela teve uma crise de asma e precisou ser amparada até o ambulatório, onde fez inalação e retomou o fôlego. Foi a natação, no entanto, que ajudou Rebeca a sofrer menos com os sintomas da doença. Aos 6 anos ela começou a nadar, seguindo uma recomendação que muitos médicos já deram algum dia: exercícios aeróbicos podem melhorar a qualidade de vida do paciente. É uma dica que vai contra o senso comum, que diz que asma e atividade física não combinam. Não são raras, por exemplo, as escolas que dispensam seus alunos asmáticos das aulas de educação física para evitar crises de falta de ar. Agora uma equipe de pesquisadores de São Paulo jogou a pá de cal nessa crença ao mostrar que o efeito das atividades físicas sobre a doença é muito mais benéfico do que se podia imaginar. A prática de exercícios leves e moderados é capaz de diminuir a inflamação pulmonar típica da doença.

“Muitos estudos já mostraram que a atividade física pode piorar a asma. Mas o que vimos foi o outro lado dessa história. Se a pessoa asmática está medicada e a doença está sob controle, o exercício moderado pode beneficiá-la”, explica o clínico-geral Milton de Arruda Martins, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, um dos líderes do grupo multidisciplinar de estudo. Sem condicionamento físico (ou em situações extremas, como ocorreu com Rebeca), o asmático que se aventura a uma corrida pode sim passar mal. É o que os médicos chamam de hiper-responsividade brônquica ao esforço. As vias aéreas do paciente se fecham e o resultado é falta de ar, tosse e chiado no peito.

Os pesquisadores trabalharam com camundongos, mas também com crianças e adultos, e observaram em todos eles sinais de diminuição da inflamação após o treinamento com exercícios. Nos animais, uma biópsia nos pulmões forneceu a demonstração. Nos seres humanos, a avaliação foi indireta, por meio de testes clínicos.

Nas crianças, conta o fisioterapeuta Celso Carvalho, outro líder dos estudos, um dos primeiros indicativos de que o condicionamento físico estava produzindo resultados favoráveis foi a observação de que o fechamento das vias aéreas – comum após uma atividade física inadequada – começou a diminuir. “Antes de iniciarmos o treinamento, das 21 crianças que participaram do estudo, 17 tinham essa reação ao exercício. Ao final do treinamento (meia hora de atividade física, duas vezes por semana, sobre a esteira ou a bicicleta ergométrica), só quatro tinham”, afirma.

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 Da Revista da Fapesp



11/18/2007


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