Audiência destaca educação de alto desempenho da Finlândia




Jaana Palojärv, diretora de relações internacionais do ministério da Educação finlandês

O sistema educacional de alto padrão da Finlândia foi o tema em destaque na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) nesta terça-feira (21). Em audiência pública, a diretora de Relações Internacionais do Ministério da Educação e Cultura da Finlândia, Jaana Palojärvi, explicou como o país, que até a década de 60 era um dos mais pobres da Europa, construiu um sistema sempre situado entre os primeiros do mundo no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa).

Jaana Palojärvi contou que o sistema educacional começou a ganhar forma quando a Finlândia ainda se recuperava dos “horrores” da 2ª Guerra. Há cerca de 40 anos, assinalou, o país estava “ansioso” por se erguer e construir uma “base sólida” para o futuro. Houve consenso em torno da organização de um sistema de bem estar social, em que o Estado procura garantir padrões mínimos e igualitários de educação, saúde, renda e seguridade social a todos os cidadãos.

– O bem estar é levado em contar em qualquer política, inclusive na educação – salientou.

Sem abundância de recursos naturais, o país se convenceu ainda mais de que a educação seria a alternativa para seu desenvolvimento, conforme a expositora. No esforço para “aproveitar cérebros”, conforme assinalou, foi iniciada a construção de um sistema educacional público, universal e gratuito. Assinalou que, apesar dos bons resultados alcançados, a Finlândia investe moderadamente na área, ao redor de 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano.

– Construímos um modelo que tem mostrado eficiência sem usar muito dinheiro – assinalou.

O marco inicial das reformas iniciadas no final dos anos 60 foi implantação da escolarização básica pública, universal e compulsória, dos 7 aos 16 anos. Antes, a maioria da população frequentava apenas seis anos de escola, basicamente o ensino primário. A educação infantil, antes dos 7 anos, não integra o sistema, mas os municípios devem oferecer vaga em pré-escola às crianças de seis anos. Antes, mesmo sem obrigatoriedade, creches e jardins de infância são amplamente oferecidos à escolha dos pais.

- Não importa lugar, o aluno terá acesso escolas com mesma qualidade, seja na área rural ou urbana – disse a expositora, destacando a homogeneidade alcançada.

Sem barreira de acesso, o ensino médio depois da etapa compulsória também é gratuito, com opção vocacional ou acadêmica. De acordo com Jaana Palojärvim, a taxa de conclusão nessa faixa de escolaridade chega ao redor de 99,7%. E qualquer uma das duas opções permite a candidatura à educação superior, quase inteiramente gratuita.  Os alunos se submetem a um exame nacional.

Capacitação

Foram nove anos até a implantação da reforma em todo o país, com início pelo extremo norte. O ponto de partida foi a criação de um currículo nacional básico, cujo núcleo pode ser ampliado pelas prefeituras (responsáveis diretas pelas redes de ensino) e as próprias escolas. Outro grande esforço foi para a capacitação dos professores: a formação passou a ser feita em universidades, com exigência do título de mestre para todas as etapas do ensino médio e do ensino fundamental.

Jaana Palojärvi afirma que os professores são muitos valorizados, o que é parte do processo histórico e cultural do país. Como resultado, os postos são muitos disputados, com cerca de 10 candidatos por vaga. Do ponto de vista estritamente salarial, afirmou que a remuneração corresponde à média dos valores pagos na Comunidade Européia: de 3,4 mil euros mensais, para início de carreira, a 3,7 mil euros, no ensino médio.

A diretora salientou que, ao contrário do que se possa imaginar, a jornada escolar diária é relativamente curta nas escolas finlandesas: ao redor de quatro horas nas séries iniciais. No segundo turno, à tarde, prédios são utilizados para atividades complementares, como atividades esportivas e educação, mas não oferecidas diretamente pelas escolas, e sim pelas prefeituras e associações. O bom desempenho seria resultado, antes de mais nada, de boas metodologias e ambiente estimulante, além da qualificação dos professores.

O país

A Finlândia tem R$ 5,4 milhões de habitantes, em um território de 338 mil quilômetros quadrados. Além do finlandês, língua materna de 91% da população, o país adota ainda o sueco como segunda língua oficial.

A audiência foi coordenada pelo presidente da CE, senador Cyro Miranda (PSDB-GO), também autor do requerimento. Jaana Palojärvi ainda destacou para os senadores o interesse do país na ampliação da cooperação com o Brasil no campo educacional.



21/05/2013

Agência Senado


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