BENEDITA DA SILVA DEFENDE PROGRAMA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR



Ao falar durante a homenagem do Senado ao Dia Mundial da Alimentação, a senadora Benedita da Silva (PT-RJ) defendeu hoje (dia 16) o projeto de sua autoria que institui o Programa Nacional de Segurança Alimentar. O programa, de ampla abrangência, prevê o incentivo à pesquisa agropecuária e à organização de cooperativas de pequenos agricultores, o fomento da produção de alimentosea criação de comitês de combate à fome e à miséria.

O projeto também inclui parcerias entre órgãos públicos e privados, buscando a racionalizacão e coordenação de projetos que assegurem coerência àsações intersetoriais. A mobilização da sociedade tem papel de destaque no programa, devendo ser feita por meio de campanhas educativas para conscientizar a opinião pública e para a capacitação de agentes comunitários.

Conforme Benedita da Silva, alguns dos pontos centrais da proposição são a mobilização da mulher trabalhadora, a organização cooperativa dos pequenos produtores rurais e a vinculação direta entre as comunidades produtoras rurais e as comunidades urbanas de baixa renda.

Na opinião da senadora, a instituição do programa previsto em seu projeto - cuja idéia surgiu por ocasião da Cúpula Mundial sobre Alimentação, realizada pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), na Itália, em 1996 - "é uma perspectiva real de solução ou de minoração dos efeitos nefastos da fome".

A senadora argumentou que as iniciativas governamentais nesse sentido têm, historicamente, se fragmentado e citou como exemplo a decisão do governo Fernando Henrique Cardoso de extinguir o Conselho de Segurança Alimentar, mesmo tendo conhecimento do denominado "Mapa da Fome", elaborado pelo Instituto de Política Econômica Aplicada (IPEA), que identificou a existência de 34 milhões de brasileiros com renda insuficiente para a compra de uma única cesta básica.

Benedita da Silva disse que, passadascinco décadas, desde a publicação da Geografia da Fome, do cientista brasileiro Josué de Castro alertando para o problema, a miséria e a fome continuam constituindo "vergonhosa mácula na imagem do país perante o mundo". Apesar de iniciativas do governo e programas da sociedade - ela ressalvou o movimento Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida, liderada por Herbert de Souza, o Betinho - "pouco foi feito para combater a questão".

- São 70 milhões de pobres no Brasil, 30 vivendo em condições de extrema pobreza, sem acesso às condições de alimentação adequada. O perfil de distribuição de renda no Brasil, no início desta década, indicava que 50% dos mais pobres da população ficavam com uns 12% do total dos rendimentos, enquanto que os 10% mais ricos ficavam com mais de 48% da renda - declarou.

Em aparte, o senador Gilvam Borges (PMDB-AP) associou-se às preocupações da senadora, defendendo uma política de planejamento familiar. A seu ver, o governo federal deve adotar políticas de base para enfrentar o problema da fome.



16/10/1997

Agência Senado


Artigos Relacionados


Jefferson Péres defende exoneração da ministra Benedita da Silva

Teleconferência apresentará Conferência Nacional de Segurança Alimentar

Plano Nacional de Segurança Alimentar começa em agosto

Rio Grande do Sul adere ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutrição

MAGUITO VILELA ELOGIA PROGRAMA BRASILIENSE DE SEGURANÇA ALIMENTAR

Sociedade discute plano nacional de segurança alimentar e Brasil Sem Miséria