Bicicleta é opção para sistemas viários saturados
Com o agravamento dos problemas de trânsito nas grandes cidades, a bicicleta ganhou importância nas discussões sobre planejamento urbano, como alternativa sustentável de transporte. Além de cidades tradicionalmente conhecidas pelo incentivo ao uso da bicicleta, como Amsterdã (Holanda) e Copenhague (Dinamarca), várias outras, em todo o mundo, têm investido em projetos no mesmo sentido.
A principal recomendação dos especialistas em transportes para acabar com o estrangulamento no trânsito é o desenvolvimento de sistemas eficientes de transporte público. A bicicleta é considerada uma solução complementar ideal para deslocamentos curtos.
- Para viagens curtas, nada é mais eficiente do que a bicicleta, por ser mais rápida que qualquer outro veículo nesses casos. Além disso, ocupa pouco espaço enquanto circula e também quando estacionada. E pode ser facilmente transportada em veículos coletivos - explica o professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques, doutor em Transporte pela Universidade de Londres.
A bicicleta também pode ser usada como veículo comunitário. Desde 2007, a capital da França, Paris, oferece um sistema chamado Vélib, que mantém cerca de 20 mil bicicletas à disposição da população, em 1.200 estações espalhadas pela cidade. Para incentivar o uso apenas em trajetos curtos, os 30 minutos iniciais são gratuitos, havendo cobrança de 1 euro por cada 30 minutos adicionais.
Em três anos de funcionamento, o Vélib registrou mais de 80 milhões de viagens realizadas. Sistemas similares foram implementados em cidades como Barcelona (Espanha), Montreal (Canadá), Londres (Inglaterra), Hangzhou (China) e Cidade do México.
Exemplos próximos
Para Paulo César Marques, no entanto, a realidade brasileira é muito específica, o que dificulta a comparação com cidades europeias e asiáticas. Ele cita como exemplo mais próximo o da capital da Colômbia, Bogotá, onde se estima que 350 mil pessoas se desloquem diariamente de bicicleta, utilizando uma malha de 300 quilômetros de ciclovias.
Em nível nacional, foi instituído pelo Ministério das Cidades, em 2004, o Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta (Bicicleta Brasil), que tem, entre outros objetivos, "estimular os governos municipais a implantar sistemas cicloviários", "integrar o transporte por bicicleta aos sistemas de transportes coletivos" e "difundir o conceito de mobilidade urbana sustentável".
Até agora, porém, os ciclistas não têm percebido mudanças significativas nas cidades brasileiras. "Não vejo nada acontecendo. Existem algumas iniciativas pontuais, como aqui no Distrito Federal, mas não existe uma grande campanha de conscientização ou um grande investimento em infraestrutura", diz Ronaldo Alves, da ONG Rodas da Paz.
O professor Paulo César Marques, que cita o Rio de Janeiro como um dos poucos exemplos de cidade brasileira que tem se preocupado com a promoção da bicicleta, também destaca a necessidade de mais campanhas.
- No Brasil, o uso da bicicleta está muito associado à exclusão social e à consequente baixa motorização das camadas economicamente excluídas da população. Por isso, creio que a promoção da mobilidade por bicicleta passa por campanhas que ressaltem a importância de se assegurar a universalização do direito à mobilidade, o que é impossível de ser alcançado com a massificação do automóvel, mesmo se o nível de renda da população crescer a ponto de permitir a toda família ter seu carro.
Rodrigo Chia / Agência Senado
26/11/2010
Agência Senado
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