Bola volta a rolar no Beira-Rio, em Porto Alegre



O Gigante da Beira-Rio, como é conhecido o estádio José Pinheiro Borda, em Porto Alegre, ficou ainda mais imponente. Prestes a completar 45 anos – a data de aniversário é 6 de abril -, a arena gaúcha foi modernizada para receber cinco jogos da Copa do Mundo de 2014. A bola rolou pela primeira vez neste sábado (15), a partir das 19h30. O Internacional enfrentou o Caxias na primeira partida do estádio após a reforma. Uma vistoria realizada na sexta-feira (14) por integrantes do Ministério Público, do Corpo de Bombeiros e da Brigada Militar confirmou a liberação do evento. Foram analisadas questões de segurança e prevenção e combate a incêndios. 

O jogo, válido pelo Campeonato Gaúcho, serviu como evento-teste para a arena e contou com 10 mil torcedores, todos sócios do clube, nas arquibancadas. Embora o novo Beira-Rio possa receber até 50 mil pessoas, o objetivo do Internacional é colocar em ação aos poucos as funcionalidades do estádio até chegar à capacidade máxima. Alguns trabalhos de acabamento ainda serão feitos antes da inauguração oficial da arena gaúcha.

A reforma que mudou a cara da arena teve início há 24 meses e teve 1,7 mil operários em ação durante o período de pico das obras. O investimento foi de R$ 330 milhões, com financiamento do BNDES de R$ 275,1 milhões. O Beira-Rio é o oitavo estádio da Copa a ter atividades esportivas e o primeiro na Região Sul.

“O estádio está em um lugar privilegiado. Na beira de um rio, o que proporciona um pôr do sol fantástico. Ao lado de um parque e dentro da cidade. A três quilômetros da rede hoteleira, o aeroporto é próximo. Circundam o estádio duas grandes vias, que proporcionam acessibilidade fácil”, afirma a gerente de tecnologia do Inter, Carla Ritter.

Novidades visíveis e estruturais

O projeto manteve a estrutura principal do estádio, com a modernização das arquibancadas e instalações para o público em geral, incluindo áreas vips, substituição dos sistemas elétricos e hidráulicos, complementação dos sistemas de informação, substituição do gramado, além de cobertura com estrutura metálica e membrana e um edifício garagem.

As novidades mais visíveis são a nova fachada e a cobertura em formato de folhas. Confeccionada em aço galvalume, a fachada tem as cores vermelho, branco e prata. O projeto arquitetônico respeitou a concepção da estrutura existente do estádio, mantendo a legibilidade da sua modulação e reforçando as linhas verticais.

A estrutura das rampas de acesso à arquibancada superior foi mantida em concreto aparente no intuito de valorizar a composição existente dos pilares e vigas inclinadas. Destaque e distinção maiores foram dados ao acesso da zona mista, onde o trecho de fachada será revestido com uma pele de vidro.

Cobertura para os 50 mil lugares

A cobertura é formada por 65 módulos em formato de folha, cobrindo todos os lugares do estádio, inclusive as rampas e acessos aos portões. O “teto” é composto de uma membrana, que vai reduzir as ilhas de calor e minimizar o impacto no microclima e no ambiente urbano. Nos módulos principais (folhas), a membrana é opaca. No entre folhas, translúcida, o que permitirá a iluminação interna do estádio. Além disso, a cobertura é "autolimpante", usa o mínimo de água possível e reduz a absorção do calor. Há também um efeito estético secundário de demarcação da estrutura das folhas e realce da concepção arquitetônica.

Conforto e segurança

Com tecnologia integrada em todos os setores, o novo Beira-Rio promete uma experiência diferenciada para os torcedores. “Em primeiro lugar, a gente tem cadeira numerada. Ninguém fica em pé, ninguém fica nos corredores, todo mundo tem seu local. E no estádio nós não temos divisões, o conceito muda. O público pode se movimentar à vontade. Se a pessoa está sentada de um lado e quer comer alguma coisa do outro, circula pelos corredores, que são amplos, com monitores, onde ela pode encontrar os amigos”, explica Carla Ritter.

A profundidade do degrau da arquibancada para cada torcedor sentar passou de 60cm, em alguns setores, para 90cm, dando mais espaços para as pernas e a circulação. As cadeiras são retráteis (rebatimento automático), o que facilita a circulação. A cor das cadeiras é o vermelho SL-C2014/D VM 764 –especialmente feita para o clube - que remete ao vermelho da camiseta do uniforme principal do Colorado.

Os torcedores terão condições de acompanhar mais de perto os lances em campo, pois aumentou a proximidade com o gramado: a distância mínima da arquibancada até a marca de escanteio será de 9,7 metros. A arquibancada avançou 15 metros.

Os torcedores contam com 17 acessos, sendo dois construídos especialmente para cadeirantes. Com isso, mesmo que esteja lotado, o Beira-Rio pode ser completamente evacuado em oito minutos.

Ao todo, o novo Beira-Rio tem 81 banheiros, sendo 31 femininos, 31 masculinos, oito infantis, quatro destinados a pessoas com necessidades especiais. Além disso, há dois banheiros integrados com vestiários e para atendimento às lojas, quatro para a imprensa, e um para as cabines de controle.

Artistas valorizados

Os jogadores também terão mais conforto. O campo atende a padrões internacionais de qualidade: o gramado é constituído de um sistema híbrido de grama natural, do tipo Bermuda TifGrand, reforçado com fibras elásticas importadas da Europa, o que aumenta a resistência às baixas temperaturas e ao pisoteio. Os sistemas de irrigação e drenagem foram modernizados.

O nível de iluminação do estádio terá características próximas às da luz do dia. São 404 projetores de dois mil watts de potência, de modo a garantir cores mais vibrantes e sem sombras, tanto para torcedores e jogadores quanto para quem acompanhar os jogos pela televisão.

Os novos vestiários, mais amplos e bem estruturados, são iguais para o time mandante e o visitante. São equipados com duchas, uma sala exclusiva para a comissão técnica, sala de massagem, fisioterapia e uma sala de aquecimento para treinos. Também há vestiários exclusivos para árbitros. “Os vestiários são exatamente iguais para os jogadores do Inter e para os visitantes. Os juízes, gandulas, antidoping, todos têm sua área específica. Duas ou três horas antes do jogo, o sistema liga o ar-condicionado para proporcionar um conforto em todos os ambientes. Automaticamente se desliga isso”, explica Carla Ritter.

O Beira-Rio na Copa

Na Copa, o Beira-Rio vai receber jogos de tradicionais forças do futebol mundial. O primeiro jogo será em 15 de junho (domingo), às 16h, entre França x Honduras, pelo Grupo E. Três dias depois, na quarta-feira 18 de junho, a partir das 13h, o confronto será do Grupo B, colocando frente a frente a Holanda, atual vice-campeã mundial, e a Austrália.

A terceira partida em Porto Alegre, entre Argélia e Coreia do Sul, é válida pelo Grupo H e está agendada para 22 de junho (domingo), às 16h. Em 25 de junho, a Argentina de Lionel Messi, cabeça de chave do Grupo F, encerra a participação na fase de grupos no jogo contra a Nigéria.

Além disso, Porto Alegre vai sediar um confronto nas oitavas de final, quando estarão em campo o primeiro colocado do Grupo G, composto por Alemanha, Portugal, Gana e Estados Unidos, e o segundo do Grupo H, integrado por Bélgica, Argélia, Rússia e Coreia do Sul. O duelo será no dia 30 de junho, a partir das 17h.

Colorados se emocionam
Duas horas antes de a bola rolar, quando os portões foram abertos, a emoção tomou conta dos torcedores, que voltaram à casa colorada após 15 meses de espera, tempo em que o estádio que vai receber cinco jogos da Copa do Mundo ficou fechado para as obras de modernização.

Encantados com a beleza do novo Beira-Rio, os dez mil sócios que conseguiram ingressos para o jogo mal se continham. “Chego até a gaguejar. Ficou muito bonito. É emocionante”, disse o militar reformado Aristides Miguel, que também estava na abertura do antigo Beira-Rio, em 1969, e dessa vez levou o neto Ian para o primeiro jogo da nova arena.

Sócio do Inter há 27 anos, o radialista Paulo Celso Machado, que mora na cidade de Camaquã, fez questão de ver de perto a reabertura do Beira-Rio. O pai de Paulo Celso ajudou a construir o antigo estádio e o filho não escondia a satisfação de poder voltar às arquibancadas. “Fora de série, sensacional, tudo bem organizado. Esse estádio vai orgulhar os gaúchos e o povo brasileiro. Se não fosse a Copa do Mundo, não haveria um Beira-Rio assim”, afirmou Paulo, que pretende voltar para um jogo do Mundial.

O impacto do novo estádio também motivou a família Gaubert a voltar em junho para uma partida da Copa. Golbery Gaubert, a esposa Eliziane e os filhos Júlia, Leonardo e Manuela, que moram em Rio Grande, viajaram mais de 300 quilômetros para assistir a volta do Inter ao Beira-Rio. “O meu avô era francês. E vai ter jogo da França aqui, Então a gente vai tentar vir”, disse Golbery.

Sargento dos Bombeiros em Rio Grande, Golbery fez questão de elogiar tanto o estádio como a organização. “Para a gente que acompanhava todos os jogos aqui, é impressionante. Parece que não estamos no mesmo lugar, parece que é novo. Está muito bonito e o pessoal está todo muito empolgado, querendo ajudar”. 

Mesmo com as obras no entorno do estádio ainda em andamento, os torcedores não tiveram dificuldades na chegada e na saída da arena. O primeiro evento-teste do Beira-Rio foi restrito a 10 mil torcedores. O objetivo é aumentar esse número aos poucos, para testar a operação do estádio. A capacidade total do novo Beira-Rio é de 50 mil pessoas. 

Com apenas parte da arquibancada inferior aberta, não houve registro de confusões na área dos assentos, que ainda não estão numerados, e nem nas áreas de convivência, com filas pequenas nos bares e banheiros. Os únicos incidentes foram relacionados a torcedores que se recusavam a sentar-se nas cadeiras, preferindo assistir ao jogo em pé. Um deles, mais exaltado, precisou ser retirado do estádio pelos seguranças.

Beira-Rio

Fonte:
Portal da Copa



17/02/2014 16:14


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