Brasil leva vantagem por contar com fontes renováveis de energia, diz secretário de Desenvolvimento Energético



De toda a energia consumida no mundo, apenas 14% vem de matrizes renováveis. No Brasil, este percentual chega a 46%, o que deixa o país em uma situação privilegiada. Os dados foram fornecidos pelo secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério das Minas e Energia, Altino Ventura Filho, que representou o ministro Edison Lobão em audiência pública realizada nesta terça-feira (9) na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC).

- Enquanto 70% da energia utilizada no mundo vêm de combustíveis fósseis, no Brasil quase a metade da energia vem de fontes renováveis. Essa é uma situação privilegiada, já que são baixas as emissões de CO2 na geração de energia renovável, o que contribui pouco para as mudanças climáticas - afirmou Altino Ventura.

A grande vantagem do Brasil, segundo o secretário do Ministério das Minas e Energia, vem do fato de ter um território continental com muitos rios e um grande potencial hidroelétrico. Altino Ventura Filho observou que, além disso, o país dispõe de amplas possibilidades de utilizar fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a gerada pela biomassa.

O relator da CMMC, deputado Colbert Martins (PMDB-BA), pediu informações sobre a ampliação da capacidade do Brasil em gerar energia nuclear. Altino respondeu que a energia nuclear continuará sendo complementar. Ele informou que o Conselho Nacional de Política Energética já decidiu pela construção da usina de Angra III. Até 2030 serão construídas mais duas usinas: uma no Nordeste, entre Recife e Salvador, e outra na região Sudeste.

Já o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) lamentou que nos últimos anos o Brasil tenha ampliado as geradoras de energia movidas a combustível. O secretário de desenvolvimento energético explicou que o motivo foi o fato de, na década de 1990, o país ter abandonado o estudo da ampliação dos seus recursos hidroelétricos. O deputado Sarney Filho (PV-MA) lamentou que o debate não tenha se aprofundado em torno da mudança de modelo de desenvolvimento para a chamada "economia de baixo carbono".

O senador Jefferson Praia (PDT-AM) disse ter ficado preocupado com a revelação feita por Altino Ventura de que a intenção do governo é ampliar o número de hidroelétricas na região Norte do país, o que tocaria na questão ambiental. O secretário comparou que as hidroelétricas são as usinas de energia que implicam menos impactos financeiros, econômicos e ambientais para o Brasil.

Por sua vez, a senadora Marina Silva (PT-AC) avaliou que a afirmação feita por Altino de que vê com ceticismo a possibilidade de o mundo alterar radicalmente suas fontes de energia, o tornaria também cético com o futuro do planeta. A senadora registrou que vários cientistas já vislumbram que a situação poderá se transformar em catastrófica até 2030 se o quadro de degradação ambiental não for alterado.

Por fim, o deputado Mendes Thame (PSDB-SP) opinou que a taxação da emissão de carbono é a única saída para que os países possam intervir de forma inteligente no mercado visando a diminuição do efeito estufa. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) presidiu o início da reunião da CMMC até ser substituída pela vice-presidente Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).



09/06/2009

Agência Senado


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