Brasil vai consumir mais 7 bilhões de litros de etanol até 2010, diz consultora da Única



O Brasil produz, atualmente, 17 bilhões de litros de etanol por ano, e, em 2010, terá um consumo adicional de 7 bilhões de litros desse combustível, afirmou Laura Tetti, ambientalista e consultora da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), durante a audiência pública realizada nesta quarta-feira (29) pela Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis.

A produção brasileira de cana-de-açúcar, segundo a consultora, é de 500 milhões de toneladas ao ano, sendo que 48% vão para o mercado interno e externo e os outros 52% são destinados à produção de álcool. Atualmente, informou ela, o Brasil utiliza 2,7 milhões de hectares para produzir o etanol.

A produção de etanol, segundo Laura Tetti, mitiga mais de 40% do total das emissões provenientes do uso de combustíveis fósseis. E a substituição da gasolina nos carros flex-fuel, com consumo adicional de sete bilhões de litros de etanol, deverá reduzir a emissão de 49 milhões de toneladas de CO² ao ano.

Manoel Régis Lima Verde Leal, doutor do Centro Nacional de Energia Alternativa, que também participou da audiência pública - com objetivo de discutir o real impacto da produção de etanol no meio ambiente -, também defendeu o uso do etanol como combustível, em substituição ao petróleo.

Segundo Leal, a cana ocupa hoje 0,7% da área do país, o que ainda é pouco. Ele comparou com a ocupação da soja, que abrange três vezes mais espaço no território nacional do que a cana, observando que ainda é necessário melhorar a produtividade e as práticas agrícolas para as plantações da cana. Acrescentou que é necessário também investir em desenvolvimento tecnológico.

- Mesmo com esse espaço ocupado pela cana a gente ouve que o país está se transformando num mar de cana. Existe um fator emocional muito grande nessa discussão - afirmou Leal, ressalvando que mão-de-obra escrava existe não somente no Brasil, mas um total de 25 milhões de pessoas nessas condições em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, que utiliza essa prática nas suas plantações de milho.

Apesar de tais observações, Leal alertou para questões da ampliação das plantações da cana e do aumento da produção do etanol, observando que é preciso ter cuidado com um grande número de empregos que deverão ser eliminados, em especial os de baixa qualidade, devido à mecanização e tecnologia a serem desenvolvidas. Para resolver essa questão, ele sugeriu treinamento de pessoal para adaptação a empregos mais técnicos.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) fez uma análise preliminar sobre o acordo do Brasil com os Estados Unidos no setor de biocombustível, abordando as críticas e resistências que surgiram no início dessas negociações. Ele observou, no entanto, que é possível plantar cana para produção de etanol e outros produtos agrícolas para a produção de alimentos, tais como feijão e milho.

- A cana-de-açúcar revela essa possibilidade e pude ver isso visitando um canavial em São Paulo. Podemos pensar, portanto, na experiência de integração da plantação da cana com a plantação de produtos agrícolas destinados aos alimentos - disse Gabeira.

O deputado afirmou ainda que o Brasil tem espaço para tudo em seu solo, tanto para o cultivo da cana como as plantações tradicionais, orgânicas e as geneticamente modificadas.



29/08/2007

Agência Senado


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