Brasileiros na Guiana querem ser ouvidos



Os brasileiros residentes na Guiana Francesa, a exemplo de outros espalhados por diversos países do mundo, querem eleger seus representantes no Congresso Nacional. Esta foi uma das reivindicações apresentadas na noite de quinta-feira (26) aos senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Heráclito Fortes (DEM-PI), durante encontro com emigrantes na casa da cônsul-geral do Brasil em Caiena, ministra Ana Lélia Benincá Beltrame.

- Se houver alguém em Brasília que nos represente, vamos ter com quem conversar - disse a professora brasileira Andressa Duvignau, que trabalha como assessora da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Caiena. A brasileira se preocupa, especialmente, com a necessidade de estabelecimento de melhores condições, no Brasil, para acolher os emigrantes que voltarem ao país em condições precárias.

Após ouvir a reivindicação, Azeredo observou que ela estava falando com a "pessoa certa". Ele lembrou que já existem mais de três milhões de brasileiros residentes no exterior - em tendência de crescimento. Azeredo informou ainda que já foi aprovada em primeiro turno, pelo Senado, proposta de emenda à Constituição (PEC 05/2005), do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que permite a representação, no Congresso, de emigrantes brasileiros.

- É necessário que se busque mais apoio aos brasileiros que vivem fora. A proposta foi aprovada em primeiro turno, mas a imprensa fez vários editoriais contra ela, argumentando que seria um gasto a mais para o país. Vamos tentar votá-la em segundo turno ainda neste ano - disse Azeredo, que foi relator da PEC e preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Durante o encontro na residência da cônsul, Azeredo e Heráclito puderam conhecer as várias dificuldades que enfrentam os aproximadamente 16 mil brasileiros que vivem na Guiana Francesa - dos quais apenas seis mil de forma legal. Os legalizados vivem principalmente em Caiena e prestam diversos tipos de serviços na cidade. Entre os ilegais, há milhares de garimpeiros que se embrenham pela floresta densa da Guiana em busca de ouro. A imagem dos brasileiros nem sempre é favorável.

- Eles não nos respeitam. Acham que os homens são ladrões e as mulheres, prostitutas. No entanto, 90% dos brasileiros aqui são honestos - disse aos senadores a dona do restaurante Alegria, Alegria, a maranhense Francinete Silva, após se queixar de ter sido impedida, pela prefeitura local, de abrir uma nova churrascaria em Caiena.

As reivindicações foram de vários tipos. O pastor Gilmar Xavier, há 14 anos na Guiana, pediu que se abrisse uma agência do Banco do Brasil em Caiena, para que os brasileiros residentes ali possam enviar com mais facilidade dinheiro a suas famílias. Ele lembrou que diversos brasileiros que viajavam de ônibus ao Amapá já foram assaltados quando tentavam levar sua poupança de volta ao Brasil.

A professora paulista Haci Farina, que leciona no Instituto de Ensino Superior da Guiana Francesa, pediu a criação de um centro cultural brasileiro em Caiena, para promover o ensino da língua portuguesa. De um lado, observou, os filhos dos "brasilodescendentes", como disse ela, estão perdendo a ligação com o idioma dos pais. De outro, existe uma grande demanda de aprendizado do português, que, segundo a professora, passa a ser cada vez mais importante para diversas profissões.

- O português tende a explodir por aqui - previu.



27/11/2009

Agência Senado


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