BRASÍLIA COMPLETA 40 ANOS



Por requerimento dos senadores Luiz Estevão (PMDB-DF) e José Roberto Arruda (PSDB-DF), o Senado realiza nesta quarta-feira (dia 25), às 11h da manhã, sessão de homenagem aos 40 anos da fundação de Brasília, transcorrido no dia 21 de abril. Idealizada pelo presidente Juscelino Kubitschek, Brasília tem projeto urbanístico de Lúcio Costa, e seus principais prédios públicos, como o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, os palácios da Alvorada, do Planalto e do Itamaraty, projetados por Oscar Niemeyer.
Os três eram, e permaneceram durante toda a vida, entusiastas da cidade e da decisão de transferir a capital administrativa do Rio de Janeiro para Brasília. Somente Niemeyer ainda vive e continua planejando prédios para a cidade. Aos servidores públicos que, obrigados a virem para a cidade, lamentavam a falta do mar, Lúcio Costa explicava: "O céu é o mar de Brasília".
Em termos históricos, Brasília representa um marco na evolução do desenvolvimento brasileiro. Depois de 460 anos de um sistema econômico implantado no litoral e voltado para a Europa e os Estados Unidos, a construção de Brasília inverteu o vetor levando o brasileiro a descobrir o interior do país. Goiás, Mato-Grosso, Mato-Grosso do Sul, Rondônia e Acre foram, aos poucos, se integrando ao resto do país.
Nos anos 50, o Brasil era agrário, cultivando os chamados "produtos de sobremesa", como café, açúcar e cacau. Com a expansão da fronteira agrícola em direção a essas novas áreas e incorporando novos produtos como a soja e a pecuária de corte, a pauta de exportação brasileira pôde se diversificar.
SÍMBOLO
Além de idealizador da mudança da capital, Juscelino lançou, ainda, as bases para a industrialização rápida do país. Com seu plano de metas, ele sacudiu o Brasil. Em apenas cinco anos ele recriou o país, mas foi Brasília que ficou como símbolo dessa interiorização. Ele não esqueceu as vias de acesso, rasgando estradas onde antes era o nada. "Não se conquista uma terra se não se tem acesso a ela. E a estrada é um elemento civilizador por excelência", dizia.
Foi assim que surgiu a Belém-Brasília, que Jânio Quadros gostava de chamar a "estrada das onças", para unir o Norte ao Sul. Aos poucos, foram aparecendo as ramificações a Leste e a Oeste, as cidades pequenas e grandes, as propriedades rurais modernas, enfim a ocupação do interior num movimento comparável à marcha para o Oeste dos norte-americanos, empreendida mais de um século antes.
Tão surpreendente quanto a construção de Brasília em menos de quatro anos foi a façanha de Juscelino de persuadir tantos integrantes do Executivo, Legislativo e Judiciário a se mudarem para a nova capital deixando as praias do Rio de Janeiro. E tudo isso num ambiente de total democracia com imprensa livre e Congresso atuante.
O enorme fluxo migratório para o interior, em busca do sonho de se fixar em Brasília e arredores não fez do Brasil um país mais justo. Ao contrário, as desigualdades sociais se agravaram. Hoje, nenhuma cidade brasileira espelha tão bem esse drama. Em seu centro, o Plano Piloto, com 300 mil habitantes e a maior renda per capita do país. À sua volta, 15 cidades satélites, com 1,7 milhão, e mais de 20% da população economicamente ativa fora do mercado de trabalho.
Lúcio Costa planejou a cidade sem congestionamentos de trânsito, com justa distribuição da população, sem discriminação social, com emprego e habitação para todos os seus 500 mil habitantes no ano 2000. Houve uma explosão populacional, empurrada pelo êxodo rural e a realidade é bem diferente. Na cidade tombada pela Unesco como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, as carroças puxadas a cavalo dos catadores de papel cruzam com os luzidios carros oficiais nas avenidas do poder.

25/04/2000

Agência Senado


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