Campanha do Agasalho entra na fase final de arrecadação



Costureiras de três escolas de samba de SP estão produzindo 30.000 peças para a campanha

 O frio este ano chegou mais cedo e promete um inverno rigoroso. Se de um lado as baixas temperaturas convidam a passar as noites em casa, com a família, debaixo do cobertor, de outro, nos lembram daqueles que não têm como se aquecer. É o momento para contribuir com a Campanha do Agasalho 2008, que entra na fase final. Quem quiser doar roupas quentes e cobertores deve se apressar, a campanha vai até o dia 3 de julho.

Para fazer a doação, basta deixar o agasalho em uma das 20 mil caixas ou 400 mil sacolas espalhadas em pontos estratégicos do Estado. Pelo site www.campanhadoagasalho.sp.gov.br é possível verificar onde fica o ponto de coleta mais próximo. O site também recebe o cadastramento de estabelecimentos que queiram servir como postos de arrecadação.

Chega de pé frio

Além das tradicionais doações individuais e de empresas, a Campanha do Agasalho promovida pelo Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo (Fussesp) inovou e transformou a ação numa Campanha de Solidariedade Inclusiva. “Uma campanha como a do Agasalho divide a sociedade em duas partes: aquela que doa e aquela que recebe. E nós queremos que toda a sociedade participe”, destacou a presidente do Fussesp, Monica Serra.

Como no ano passado, pessoas inscritas em programas de geração de renda foram convidadas a participar. O Fundo de Solidariedade fornece a lã que ganhou de uma empresa parceira para a confecção de gorros, meias e pantufas e parceiros da iniciativa privada remuneram os ‘tricoteiros’. O gorro, par de meias para crianças ou pé de meia para adulto vale R$ 1,00 para quem confeccionou. O Fussesp recebeu uma tonelada de lã para a ação.

Jovina Consorte de Souza, de 95 anos, gostou da idéia e é hoje uma animada colaboradora. Ela lidera um grupo de 14 senhoras, com idade a partir de 70 anos, que participa da ação desde o ano passado. “Não é pelo dinheiro. Trabalhamos para os outros, para beneficiar quem precisa”, explica.

Em 2007 elas fizeram mais de 150 gorros. Tudo o que foi arrecadado foi doado a uma instituição que mantém uma creche na zona leste da capital. Este ano, o grupo está confeccionando meias, no programa que foi batizado de Chega de Pé Frio. “Já temos 50 pares prontos e vamos fazer muito mais. Além da lã oferecida pelo Fundo de Solidariedade, estamos usando material arrecadado de amigas”, comenta. Para ela, a participação em ações como essa é o segredo da longevidade. “O segredo é não deixar de trabalhar. E esse trabalho é muito gostoso, é um estímulo para a vida”, afirma.

Esquenta

A novidade deste ano ficou por conta da participação de costureiras das três escolas de samba vencedoras do carnaval: Mocidade Alegre, Unidos de Vila Maria e Vai-Vai.

Pelo programa Esquenta, 30 profissionais, sendo dez de cada escola de samba, foram convidadas a produzir agasalhos para adultos e crianças durante os três meses da campanha (de 3 de abril a 3 de julho), com matéria-prima (moletons e malhas) recebida pelo Fundo de Solidariedade. Ao todo, serão produzidos 10.000 kits, formados por camiseta, calça e abrigo, que serão distribuídos às 2.000 entidades assistenciais cadastradas no Fussesp. As escolas de samba receberão 2% da produção para entregar à comunidade carente.

O trabalho é remunerado por empresas da iniciativa privada, parceiras do Fussesp. Cada costureira recebe R$ 502,00 ao mês. Antes de começar a produzir, elas passaram por uma capacitação de 50 horas no curso de costura no Senai e receberam certificado.   

“As costureiras que estão participando do programa não estavam trabalhando. Nesse período do ano, a escola de samba discute o enredo do próximo Carnaval, mas não tem trabalho na quadra. Elas só voltam a ter trabalho por volta do mês de agosto. De março a julho, geralmente elas têm pouco trabalho”, explica a coordenadora da Escola de Samba Unidos de Vila Maria, Neide Aparecida dos Santos Bernardo.

Em boa hora

Para Maria Lúcia Gomes da Silva, costureira da Escola de Samba Mocidade Alegre, o trabalho veio em boa hora. “Nesse período só faço uns bicos. Fico parada a maior parte do tempo”, afirma. Ela conta que nos trabalhos esporádicos (bicos), consegue ganhar cerca de R$ 300,00, enquanto o programa Esquenta paga R$ 502,00 por mês. “Além do dinheiro, é bom saber que estamos costurando para quem não pode comprar. É gratificante saber que vamos ajudar a esquentar alguém”, diz.

Cada costureira é responsável pela produção de 1.000 peças, entre camisetas, calças e abrigos. Segundo Neide Bernardo, uma costureira tem capacidade para produzir cerca de 200 camisetas por dia. Já o abrigo, com tecido emborrachado, é mais trabalhoso porque é preciso fazer o capuz. “Nossas costureiras estão fazendo um trabalho de primeira, com muito capricho. Uma de nossas costureiras, inclusive, tem experiência em alta costura”, comenta.

Para Roseneide Monteiro Nunes, costureira da Vai-Vai há 32 anos, o programa também trouxe benefícios para a Escola de Samba. “Conseguimos montar nosso ateliê de costura. O projeto existia desde o ano passado, mas o trabalho para a Campanha do Agasalho funcionou como um incentivo”, observa.

Serviço:

Campanha do Agasalho 2008

Início: 3 de abril

Encerramento: 3 de julho

Site: www.campanhadoagasalho.sp.gov.br – pelo site é possível saber onde estão os postos de coleta ou para cadastrar estabelecimentos interessados em auxiliar na arrecadação dos agasalhos.

Mais informações: (11) 3874-6738

Cintia Cury



06/10/2008


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