Cautela leva PR a manter vacinação contra aftosa








Cautela leva PR a manter vacinação contra aftosa
Apesar de já possuir condições técnicas para iniciar seu processo de classificação como área livre da febre aftosa, o Paraná continuará vacinando, por tempo indeterminado, seu rebanho bovino. Se quisesse obter o certificado, que favorece as exportações de carne, o Estado teria que suspender a vacinação este ano e torcer para não registrar nenhum caso da doença até maio de 2003.

A avaliação no governo paranaense é de que é necessário cautela, diante dos focos de aftosa que surgiram no ano passado no Rio Grande do Sul e na Argentina. ´Nossa vizinhança oferece muito risco´, diz o veterinário Felisberto Queiroz Baptista, coordenador de Defesa Sanitária Animal da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Os focos da doença levaram a Organização Internacional de Epizootias (OIE) a reclassificar a região (que inclui Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Argentina e Uruguai) como infectada. Os dois estados brasileiros, que já haviam suspendido a vacinação, com o objetivo de melhorar seu status na OIE, perderam um trabalho que realizavam há sete anos.

Em maio de 2000, o Paraná obteve na OIE a certificação de zona livre da aftosa com vacinação, depois de uma campanha de mais de 20 anos. Pelas regras da organização, um ano depois (em maio passado) o Estado já poderia suspender a vacinação, comunicar a decisão à OIE e esperar mais um ano. A certificação como área livre da aftosa sem vacinação viria se, ao final desse período, não tivesse sido registrado nenhum caso da doença.

A Seab prefere esperar até 2005, quando o Brasil pretende considerar a aftosa oficialmente erradicada de seu território. Hoje, estão na condição de livre com vacinação dois grandes circuitos pecuários:

Centro-Oeste (Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Tocantins e parte de Minas Gerais) e Leste (Rio de Janeiro, Espírito Santo, leste de Minas Gerais, Bahia e Sergipe).

O objetivo da Seab é vacinar as cerca de 10 milhões de cabeças do Paraná (o sétimo rebanho nacional) até o próximo dia 20. Ontem, no lançamento da campanha, em uma fazenda de Campo Largo (Região Metropolitana de Curitiba), o secretário Deni Schwartz ameaçou de multa os produtores que não imunizarem seu rebanho. ´O que não se pode fazer é colocar em risco a sanidade animal no Estado´, declarou o secretário. O valor da multa é de R$ 57 por cabeça não vacinada.

Na região sudoeste, que tem sete municípios fazendo fronteira seca com a Argentina, 130 vacinadores da secretaria visitarão todas as 10 mil propriedades da faixa, que possuem 250 mil animais. Depois de vacinados, os bovinos receberão brincos plásticos para a rastreabilidade.

No início do mês, foram abatidos a tiros nove animais argentinos que haviam sido trazidos clandestinamente para o Paraná. A operação foi comandada pela Seab e tinha o objetivo de impedir a entrada da aftosa. Abalados pela crise argentina, criadores cruzavam a fronteira para vender carne bovina no comércio informal no Paraná, por preços até três vezes superiores aos cobrados naquele país.


Cotrijuí negocia acordo para pagar suas dívidas em 20 anos
A dívida de R$ 100 milhões da Cooperativa Regional Tritícola Serrana (Cotrijuí), a segunda do Rio Grande do Sul em faturamento e a primeira em número de associados, será paga em 20 anos.

Os planos de recuperação financeira da cooperativa sediada em Ijuí, no Noroeste do Estado, foram apresentados ontem pelo presidente Carlos Domingo Poletto. Segundo Poletto, metade do montante foi renegociado. A Cotrijuí pretende reservar R$ 5 milhões por ano para quitar as pendências nas próximas duas décadas.

No ano passado, a Cotrijuí formalizou os primeiros acordos de renegociação das dívidas com o Banco do Brasil. No início do 2002 foi a vez de a cooperativa também concluir as negociações com o Banrisul para pagar as suas dívidas com o banco estatal gaúcho, grande parte delas referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). As pendências em impostos e contribuições federais foram acertadas através do Programa de Recuperação Fiscal (Refis).

´Hoje conseguimos rentabilidade em todas as áreas que atuamos e conhecemos a nossa capacidade de pagamento´, diz o presidente que, mesmo resistente a falar em prazos, tem esperanças de chegar ao final de 2003 com todas dívidas renegociadas.

Os primeiros resultados da estratégia de revitalização foram sentidos no ano passado, quando a Cotrijuí obteve um faturamento de R$ 344 milhões - 30% superior ao obtido em 2000 - e um lucro de R$ 5,5 milhões. Foi a primeira vez, desde 1995, no auge da crise da cooperativa, que as suas contas não fecharam no vermelho. De acordo com o assessor econômico da cooperativa, Carlos Alberto Lopes, a previsão para 2002 é alcançar um faturamento 20% superior ao verificado no ano passado. A previsão, segundo Lopes, é baseada nas melhores cotações dos produtos agrícolas em comparação com o ano passado e no aumento da venda de insumos projetada para 2002.

O processo de saneamento das dívidas foi acelerado a partir de 1995, quando a cooperativa optou por reduzir o quadro de funcionários e se desfez de negócios economicamente inviáveis. Ao mesmo tempo, a opção foi por dar mais atenção às atividades originais, como recebimento, armazenamento e beneficiamento de grãos e modernização da indústria de carnes. A adesão ao Programa de Revitalização das Cooperativas Agropecuárias (Recoop) - iniciativa do governo federal criada em 1998 para sanear as cooperativas agropecuárias - também colaborou com o processo.

Poletto faz questão de ressaltar que, durante as negociações, a cooperativa não recebeu dinheiro de nenhuma instituição financeira para giro ou investimento. ´O nosso capital de giro é próprio, formado pelos nossos 12 mil associados´, reforça. Para o presidente, um dos maiores benefícios da recuperação financeira é o retorno da imagem de credibilidade frente aos associados e à opinião pública. Segundo Poletto, mais do que planos de expansão, é preciso agora buscar formas de dar mais rentabilidade aos cooperativados, a maioria pequenos produtores - cerca de 70% possuem propriedades com menos de 20 hectares. O dirigente entende ainda que o futuro das cooperativas é trabalhar regionalmente, ou mesmo caminhar para fusões. Poletto revela que a Cotrijuí já se une a outras cooperativas para importar insumos e comprar produtos para os seus supermercados.

Apesar da turbulência dos últimos anos, a Cotrijuí tem conseguido manter o volume de recebimentos de grãos. Na última safra, os associados - de 23 municípios do Rio Grande do Sul - entregaram à cooperativa 290 mil toneladas de soja, 80 mil toneladas de milho, 76 mil toneladas de milho e 101 mil toneladas de arroz. Devido à estiagem que castigou o Estado em janeiro e fevereiro, a projeção é, este ano, praticamente repetir os números da safra passada. As principais atividades são o recebimento, armazenagem, classificação, beneficiamento, transporte, expedição portuária, industrialização e comercialização da produção dos associados no mercado interno e externo. Além dos grãos, a cooperativa mantém um frigorífico para abate de suínos em São Luiz Gonzaga, também no Noroeste gaúcho.


Banco de Alimentos do RS quer distribuir 20 toneladas de comida por semana
O Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul está em busca de colaboradores para ajudar mais de 150 entidades carentes da capital gaúcha. Segundo o presidente do Banco de Alimentos, Eduardo Dias, a meta para este ano é arrecadar e distribuir cerca de 20 toneladas de comida por semana a fim de atender a 13 mil pessoas em mais de 200 entidades de Porto Alegre. O Banco de Alimentos, entidade civil se m fins lucrativos criada por um grupo de empresas e instituições não-governamentais em dezembro de 2000, já distribuiu em torno de 83 toneladas de comida às pessoas carentes. A cada mês, ele doa cerca de 15 toneladas de comida.

O gerente executivo Luiz Henrique Tombesi diz que produtos com prazo de validade quase esgotado ou massas e feijões quebrados, que geralmente são rejeitados no comércio, são muito bem aceitos pela entidade (que fornece o frete para buscar as doações) e ainda ficam livres do ICMS. Ele acrescenta que os alimentos que têm a embalagem danificada também são aproveitados.

A estrutura da organização do Banco de Alimentos é formada por apenas sete pessoas, que organizam e encaminham os itens recebidos. A cesta de alimentos é preparada por uma nutricionista, conforme a necessidade de cada faixa etária. Atualmente, o Banco de Alimentos auxilia instituições com crianças, idosos e doentes.

O gerente ressalta que tanto pessoas físicas quanto jurídicas podem colaborar, como doadores de alimentos (que operam na produção, distribuição, transporte e armazenamento dos produtos), mantenedores (dando apoio financeiro), parceiros estratégicos (responsáveis pela operacionalização) ou ainda como voluntários. O Banco de Alimentos tem 13 instituidoras (a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, a Fundação dos Rotarianos, a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas, a Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, o SESI-RS, o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Porto Alegre, os Parceiros Voluntários, a Associação Gaúcha de Supermercados, o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga no Estado do Rio Grande do Sul, a McCann-Erickson e a Associação Leopoldina Juvenil). As empresas Gerdau, GBOEX, Ipiranga, Pierre Alexander e Habitasul são as parceiras estratégicas.


Suspensão de linha de transmissão de dados leva empresas a denunciar a Brasil Te
A Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acat) vai oferecer denúncia esta semana ao Ministério Público Federal, na tentativa de impedir a operadora Brasil Telecom de suspender a utilização de um serviço de linha telefônica dedicada para a transmissão de dados.

Caso a ameaça da operadora se concretize, ela afetará 7,5 mil clientes, nas dez unidades da federação em que a empresa atua -Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Distrito Federal. A empresa possui 10 milhões de usuários e, junto com Telefônica e Telemar, concentra 75% das receitas do setor no País.

O Serviço por Linha Dedicada para Sinais Analógicos (SLDA) é amplamente utilizado por comerciantes, para interligar suas lojas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), que oferece uma base de dados com o cadastro nacional de consumidores inadimplentes. Mais recentemente, provedores de Internet passaram a contratar o SLDA para oferecer conexão à rede mundial de computadores a condomínios, residencias e comerciais.

A principal vantagem do serviço é seu custo fixo e baixo -R$ 121 mensais- para a conexão 24 horas por dia. A instalação também exige a compra de modens (decodificadores de sinais), cujo custo é estimado em R$ 800.

Segundo o advogado Roberto Alexandre Carmes, coordenador de telecomunicações da Acat, em janeiro a Brasil Telecom suspendeu a incorporação de novos usuários e, a partir de março, mandou correspondência aos atuais, informando que desativará o SLDA em 1o de outubro. A Acat reúne 65 empresas de Santa Catarina que fabricam equipamentos de telecomunicações, entre os quais há fornecedores da tecnologia utilizada no SLDA.

A assessoria de imprensa da Brasil Telecom contesta essa informação e garante que o serviço não será encerrado. Segundo a empresa, apenas serão desativadas as conexões com os usuários que estariam utilizando o SLDA de forma indevida, para a transmissão de dados. A alegação da operadora é de que o serviço é exclusivo para a transmissão de voz.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), reguladora do setor, no entanto, confirmou que a operadora já comunicou que deixará de prestar o serviço. Segundo a Anatel, a Brasil Telecom fez isso com antecedência superior a 180 dias -prazo mínimo estipulado na Norma 10/95, editada pelo Ministério das Comunicações em 1995, quando o sistema ainda era estatal. A privatização ocorreu em 1998.

A Norma 10/95 não veda a utilização do SLDA para a transmissão de dados, pois prevê que o sistema é adequado à transferência de sinais analógicos, utilizando freqüência de faixa de voz, para aplicações de telefonia, fax, alarme, supervisão e telessupervisão. Segundo o advogado da Acat, os modens utilizados em cada ponta do sistema transformam os sinais digitais em analógicos, sem prejuízos à telefonia.

Na opinião de Carmes, ao suspender o SLDA a Brasil Telecom estaria fazendo venda casada de outros serviços -como o BR Turbo e o ADSL, de acesso individual à Internet, e o Serviço por Linha Dedicada para Sinais Digitais (SLDD), para a transmissão de dados, todos com custo mensal até três vezes superior ao atual. A venda casada é uma prática proibida pelo Código de Defesa do Consumidor.

´Isso vai inviabilizar o acesso de empresas de pequeno e médio porte ao SPC´, afirma Rui Reckelberg, diretor-executivo da Federação dos Lojistas de Santa Catarina. Segundo ele, cerca de 20% dos 20 mil lojistas do estado atualmente usam a linha exclusiva para acessar o SPC.

´Teremos uma grande queda de receita, porque a maioria dos pequenos provedores usam esse serviço´, diz Helio Nadal de Masi, presidente da Associação Catarinense de Prestadores de Serviços de Internet (Acapi), que representa 19 empresas.

A Brasil Telecom não quis comentar o suposto interesse da empresa de acabar com SLDA para forçar os usuários a contratar serviços mais caros. Mas sua assessoria confirmou que provedores da Internet hoje ´concorrem´ com a empresa e que ela indicará aos clientes ´a melhor opção para o uso específico da transmissão de dados.´

Carmes afirma que um dos objetivos da Acat é obrigar a operadora a oferecer o SLDA por, pelo menos, mais três anos. ´É um serviço que existe desde o período estatal e que utiliza uma estrutura física herdada.´ Na interpretação do advogado, a operadora terá que ceder as instalações para outra empresa que se interesse em continuar o serviço. A Anatel informou que as normas do setor não prevêem essa situação.


Sistema de saúde de servidores começa a funcionar, sob críticas
Mesmo com uma série de críticas e problemas apontados pelos representantes dos hospitais paranaenses, o governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), autorizou ontem o início do funcionamento do Sistema de Assistência à Saúde para os servidores públicos.

O plano, que substitui e desativa definitivamente o Instituto de Previdência do Estado do Paraná (IPE), tem sido questionado pelo presidente da Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), José Francisco Schiavon. Ele defende a cobrança de valores baixos aos servidores ao invés de um plano totalmente gratuito, como o que foi autorizado pelo governo. ´Desta forma o atendimento poderia ser mais completo e sem exclusões´, avaliou Schiavon.

Mas, segundo o governador, é justamente esse o diferencial que torna o plano útil aos servidores públicos do Estado. ´Nós queremos oferecer um serviço gratuito e de qualidade ao funcionalismo´, disse Lerner.

Inicialmente, o governo autorizou apenas o início do funcionamento dos procedimentos ambulatoriais e internamentos emergenciais pelo sistema em sete hospitais paranaenses: Hospital Evangélico, de Curitiba; Central Hospitalar Centerclínica, de Campo Mourão; Hospital Santa Tereza, de Guarapuava, Santa Casa, de Jacarezinho; Policlínica, de Pato Branco; Casa de Saúde Bom Jesus, de Toledo e Policlínica São Vicente de Paula, de Francisco Beltrão. Estes hospitais vão atender 58% do total de beneficiários do plano.

De acordo com o diretor-geral do Hospital Evangélico, Charles London, que assinou duas ordens de serviço, a partir do mês que vem o atendimento será estendido a todos os procedimentos médicos. ´O hospital está passando por uma série de adequações para atender o funcionalismo público e seus dependentes´, afirmou. As duas ordens de serviço para o Evangélico foram efetuadas porque nenhum outro hospital da capital se inscreveu na licitação.

Entre as adequações que serão feitas no hospital, explicou London, está a adaptação, a um custo aproximado de R$ 600 mil, de uma área para uso exclusivo dos beneficiários do sistema. O Evangélico será responsável pelo atendimento de 136 mil servidores e dependentes de Curitiba, região metropolitana e litoral.

Mas, como cada hospital só poderá atender os servidores públicos da sua região, o transporte de um paciente do litoral até Curitiba, por exemplo, para receber atendimento, não está previsto no plano. ´O transporte deverá ser por conta do servidor´, disse ele.

London acrescentou ainda que o Evangélico deve ter um acréscimo de 100% no número diário de consultas. ´Atualmente nós fazemos mil consultas por dia e estamos calculando um aumento de outras mil consultas´, disse o diretor. O hospital vai contratar também 120 profissionais de saúde para suprir esta demanda. ´Nós já iniciamos o processo de contratação de pelo menos 70 médicos´, ressaltou London.

Cada hospital vai receber um valor que varia entre R$ 16,50, no interior, e R$ 18,00, por servidor, independente de efetivamente a consulta ser realizada durante o mês ou não. O investimento total previsto pelo governo chega a R$ 6,5 milhões mensais, um total de R$ 78 milhões por ano.

O secretário de Estado da Administração e Previdência, Ricardo Smijtink, disse que, com esses recursos, o governo espera oferecer os melhores serviços de saúde que os servidores estaduais já receberam. ´É uma quebra de paradigmas, um plano que vem para mudar o atendimento à saúde do funcionalismo público´, garantiu.


Porto Alegre sediará centro de microletrônica da Motorola
Começou a tomar forma jurídica o primeiro centro de microeletrônica do hemisfério sul que deverá entrar em funcionamento no primeiro trimestre de 2004, em Porto Alegre, por meio de uma parceria entre a norte-americana Motorola, governo, universidades e entidades empresariais.

O Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) foi oficialmente constituído ontem como associação civil em fins lucrativos. O secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Renato de Oliveira, disse que depois do registro em cartório, o próximo passo será o encaminhamento de solicitação aos ministérios de Ciência e Tecnologia e do Planejamento para o reconhecimento como organização social e capacitada a receber recursos públicos.

A formulação do Ceitec foi aprovada em assembléia dos instituidores que também escolheu a diretoria executiva provisória a ser integrada por Nery dos Santos Filho como diretor-presidente e Newton Burmeister como diretor administrativo-financeiro. Os dois participavam da coordenação do projeto e vão ficar subordinados ao conselho administrativo do Centro. Oliveira informou que dentro de um mês os 21 membros do conselho serão definidos. Eles vão representar o poder público, universidades e o meio empresarial.

O diretor de produtos semicondutores da Motorola do Brasil, Antonio Calmon, revelou que os equipamentos destinados ao Ceitec devem chegar entre junho e julho e vão ficar armazenados em São Paulo, em depósitos especialmente climatizados, até serem transferidos para Porto Alegre. O investimento no Centro é estimado em R$ 92 milhões e o projeto da planta está em elaboração pela empresa texana Spectra. Deverá ser entregue no final de maio e a próxima etapa será a realização de uma licitação internacional para a execução da obra. Além de repassar os equipamentos, a Motorola também será responsável pela transferência de tecnologia e treinamento de pessoal. Com um faturamento global da ordem de US$ 30 bilhões em 2001, é líder mundial em sistemas e serviços eletrônicos avançados. Atuando de maneira globalizada em 45 países, mais de 55% dos negócios da empresa nos últimos anos resultaram de atividades executadas fora dos Estados Unidos.

O primeiro núcleo de prototipagem de circuitos integrados também será o único com capacidade para desenvolver todas as etapas de produção de chips, com capacidade para fabricação em pequenos lotes. Calmon salientou que ´a formação de pessoas é o maior interesse da Motorola´. Em São Paulo, na Unicamp, haverá um laboratório de microeletrônica com participação de professores de outras universidades, voltado à pesquisa pura, para fazer a sinergia com o Ceitec de Porto Alegre. ´Serão atividades complementares´, acrescentou.


Artigos

Lições da crise bancária
Gustavo Fruet

Um dos principais desafios da CPI do Proer foi definir se havia realmente uma ameaça para a economia que justificasse a adoção de um programa de socorro aos bancos. O título deste balanço, portanto, é o reconhecimento de que o Brasil viveu às portas de uma crise de credibilidade no sistema financeiro no segundo semestre de 1995. Uma ameaça suficiente para a adoção de um programa de reestruturação do sistema bancário, onde podem ter sido consumidos cerca de R$ 45 bilhões de recursos públicos. Apesar de necessário, como se concluiu, o Proer se tornou sinônimo de privilégio, uma sigla genericamente usada para se referir a uma vantagem oferecida pelo governo a determinado setor da economia. Há alguns dias, o seguro apagão ganhou o apelido de Proer do setor elétrico e já se fala no Proer da telefonia, apesar das diferenças, a começar pela intervenção.

Embora admita-se que a iniciativa não tivesse como objetivo socorrer os ´amigos banqueiros´, talvez o governo e os bancos mereçam esse estigma. Se, por um lado, a conjuntura justificou a adoção do Proer e os princípios que o nortearam eram realmente consistentes, por outro, os fatos depõem contra a atuação da autoridade monetária na supervisão bancária. Pior, não se encontram evidências de que em algum momento da história recente os bancos justificaram tanto empenho da sociedade na sua preservação e fortalecimento. Revisitar os antecedentes da crise que atingiu três dos cinco maiores bancos privados do país, entre agosto de 95 e março de 97, foi bastante pedagógico.

Segundo dirigentes e ex-dirigentes do Banco Central, a estabilidade adquirida com o Real foi a maior responsável pelas dificuldades enfrentadas pelos bancos, que perderam US$ 10 bilhões ao ano com o fim da ciranda inflacionária. Não era novidade, mas foi chocante admitir que alguém estivesse lucrando tanto com o fantasma que assombrou o país por mais de 20 anos. Posteriormente, no processo de adaptação dos bancos à nova realidade, a eficiência empresarial para o setor se travestiu de aumentos estratosféricos nas tarifas dos serviços bancários. Embora mais ´eficientes´, os bancos continuaram não financiando o setor produtivo. Substituíram os ganhos inflacionários pela política de juros do governo, financiada com a emissão de títulos públicos no mercado. Se antes lucravam com o empobrecimento dos salários, agora lucram com o endividamento do Estado. Em outras palavras, poderia se deduzir que o setor financeiro ganha onde todos perdem.

Em depoimento à CPI, o presidente da Febraban reconheceu que a relação crédito/PIB no Brasil é uma das menores do mundo. Dados divulgados pelo relatório do Banco Mundial de 2001 apontam que, quanto maior for a relação crédito/PIB, maior é o PIB per capita. Nos países de renda alta, situados na faixa de US$ 25.730 per capita, os bancos emprestam o equivalente a 139% do PIB. Em países de renda média igual à nossa, em torno de US$ 4.900 per capita, essa relação é de 60,3%. O Brasil está situado abaixo disso, apresentando uma relação inferior a 30%. Talvez resida aí o gargalo do crescimento do país, que vem lançando mão do endividamento externo para financiar seu desenvolvimento.

A questão da supervisão bancária parece ter sido equacionada, em parte, com as mudanças nos procedimentos da fiscalização e na implantação do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Mas restam algumas lacunas que a crise bancária evidenciou. Por exemplo, faltam critérios mais claros para a tomada de decisões no âmbito do Banco Central. A necessidade do sigilo e a complexidade das operações transformam o Banco Central quase numa caixa preta, virtualmente inexpugnável para o acompanhamento social. A autonomia que se pretende atribuir à atuação do Banco Central pode livrar a instituição de má ingerência política, mas não garante um caráter estritamente técnico para suas decisões e nem define um controle adequado da sociedade sobre ela.

Outro ponto que merece atenção é a quarentena. Vários profissionais que atuaram na diretoria do Banco Central estão hoje no mercado financeiro, alguns trabalhando para instituições financiadas pelo Proer. A atuação da KPMG no episódio das contas fraudadas do Nacional sugere também uma reavaliação das empresas de auditoria, a exemplo do que aconteceu com a Arthur Andersen no caso Enron nos EUA. Da mesma forma, uma reavaliação das liquidações, o que gerou investigação da CPI com quebra de sigilos e envio de provas para o Ministério Público. Neste ponto, uma das vertentes da CPI, apurou-se mais de 20 procedimentos judiciais com mais de 90 denunciados ou representados. Em outra frente, medidas junto à Receita Federal, Tribunal de Contas da União e Banco Central, inclusive em relação aos acionistas minoritários e a destinação dos bancos liquidados, com um indispensável acompanhamento da evolução dos créditos/débitos.

O mais intrigante, no entanto, reside na própria lógica do socorro para evitar a crise sistêmica. Antes do Proer, os bancos eram socorridos pelas reservas bancárias, um rombo que diariamente aproximava-se dos R$ 6 bilhões, ou por operações de crédito junto ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal. E antes das reservas bancárias, durante o regime militar, houve um outro Proer, que destinou R$ 7,4 bilhões para fazer frente à ameaça de crise bancária. Parece um seguro contra a quebra.

Fraudes e gestões temerárias serão sempre acobertadas pela intervenção do Estado, que não pode permitir o colapso no sistema. Grandes demais para quebrar é a expressão usada. Bom constar, por outro lado, os altos custos em programas semelhantes nos EUA, Japão, Chile e a situação argentina com sérios riscos de confisco. São opções. A principal lição da crise bancária é um paradoxo: embora seja uma atividade cujo retorno é proporcional ao risco - e muito bem remunerada, diga-se - parece não oferecer risco algum ao empreendedor.


Colunistas

NOMES & NOTAS

Retaliando
A Procuradoria Geral do município de Maringá, Noroeste do Paraná, protocolou ontem à tarde uma ação civil pública para tentar suspender dois reajustes repassados nos últimos seis meses pela Sanepar, a Companhia de Saneamento do Paraná. O primeiro reajuste foi de 18,8% em dezembro de 2001 e, o segundo, de 5,8% em março deste ano. A ação tem apoio dos vereadores maringaenses que compõem a CPI da Água, na Câmara Municipal. A Procuradoria Geral alega que a empresa não apresentou planilhas de custos que justificassem os reajustes, além do índice ter superado a inflação registrada no período, lesando os interesses dos consumidores.

Campeão
O lendário peão Sérgio Roberto, famoso por manter-se firme no lombo de touros bravios e cavalos indomáveis, é uma das principais atrações do rodeio deste ano da Expoingá, feira agropecuária e industrial que será realizada de 9 a 19 de maio, em Maringá. Em sua carreira, o montador amealhou dezenas de prêmios, entre eles 20 veículos zero quilômetro. Neste torneio, terá de enfrentar os também famosos touros do circuito nacional de rodeios Harakiri, Raqueado, Rouxinol e La Bamba.

Baleias-Franca
Construídas nas praias do Rosa (Imbituba) e da Ilha do Papagaio (Palhoça), no litoral sul de Santa Catarina, as Pousadas do Rosa Associadas acreditam num aumento de 30% de visitantes para o próximo período de observação de cetáceos (baleias e golfinhos) na região. Berçário natural das baleias-franca todo ano, de junho a novembro, essas localidades receberam no ano passado cerca de 2,5 mil hóspedes, fato que representou 60% de crescimento em relação ao ano anterior.

Ecoturismo
As técnicas de condução de grupos de ecoturismo são tema do curso programado para os dias 4 e 5 de maio pelo Laboratório Experimental de Ecoturismo e Meio Ambiente (Lema), da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), de São José (SC). O curso terá aulas teóricas no campus e a parte prática em trilha das praias do Saquinho e Naufragados, no sul da Ilha de Santa Catarina. Aspectos conceituais e legais, classificação de atividades, equipamentos básicos e excursionismo de mínimo impacto integram o conteúdo programático do curso.

Ecomarketing
A Ultragaz, detentora da 2º posição no Brasil em volume de vendas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), é uma das patrocinadoras da 1ª Copa Mercosul de Balonismo, que começa hoje e se estende até o dia cinco, em Torres, Rio Grande do Sul. O que despertou o interesse da Ultragaz, que já patrocinou outros festivais de balonismo, é o grande apelo ecológico que o esporte tem. É um esporte seguro e ecologicamente correto, não polui, e o piloto utiliza somente o ar para se deslocar. O apelo visual unido à atração do balonismo desperta grande interesse por parte do público, transformando o balão em mídia de grande penetração.

Municipalismo
As diretorias da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e da União dos Vereadores do Paraná (Uvepar) manifestam apoio e defendem a aprovação, no Congresso Nacional, de projetos do senador Osmar Dias (PDT) que beneficiam os municípios. Um deles é uma proposta de emenda à Constituição Federal, sugerindo aumento de 22,5% para 33% o percentual de repasse da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o FPM (Fundo de Participação dos Municípios). De acordo com a AMP, o FPM é a principal fonte de receita de 80% das prefeituras do Paraná.


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04/30/2002


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