CCDH recorre ao Ministério da Justiça sobre caso Bárbara



Menina foi sequestrada no Brasil pelo pai, que é deputado na Argentina

Em entrevista coletiva concedida hoje (13) pela manhã na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Assembléia Legislativa, a médica Marlise Weis, 34 anos, fez um apelo emocionado à imprensa, aos parlamentares e ao governo brasileiro no sentido de que intercedam junto ao governo argentino para trazer de volta ao lar sua filha Bárbara Marlise Salom, de 10 anos. A menina foi seqüestrada na cidade de Panambi, onde residia com a mãe, dia 1º de novembro, a mando do próprio pai, o médico e deputado estadual da província argentina de Chaco Leandro Maximo Salom, quando faltava menos de um mês para o término das aulas.

Acompanhada do presidente da CCDH, deputado Roque Grazziotin (PT), Marlise Weis informou que o caso chegou a ganhar repercussão internacional, por meio de rádios argentinas e do jornal Clarin, de Buenos Aires. Esclareceu, no entanto, “ que o pai de Bárbara vem dificultando o processo, usando para isto do poder de deputado para manipular uma juíza e um psicólogo corruptos da província onde, ironicamente, ele é o presidente da Comissão Parlamentar de Direitos Humanos “, denunciou Marlise.

Após a apresentação de documentos comprovando a guarda definitiva da filha e de relatos sobre a inconformidade da menina em morar com os avós paternos, na Argentina, Marlise Weis ouviu do deputado Roque o compromisso de encaminhar requerimento ao Ministério da Justiça, para que este, através da diplomacia brasileira, exija do governo argentino o retorno imediato de Bárbara ao Brasil.

Tanto o Brasil quanto a Argentina são países signatários da Convenção Interamericana sobre a Restituição de Crianças e Adolescentes, razão pela qual o retorno de Bárbara deve ser respeitado, observou a deputada Maria do Rosário, membro da CCDH e da Subcomissão de Crianças e Adolescentes.
 
Entenda o caso

Conforme ocorrência registrada por Marlise Weis na Delegacia de Polícia de Panambi, na Polícia Federal e na Interpol, sua filha desapareceu no dia 1° de novembro, depois de receber um telefonema em sua residência, de uma mulher de língua portuguesa, pedindo à Bárbara que fosse à escola para o ensaio de uma festa surpresa de Natal destinada aos pais. Ao final da manhã, Marlise recebeu um telefone de seu ex-marido, o argentino Leandro Salom, informando que se encontrava em Porto Alegre com Bárbara e iria entrar em contato através de um advogado. Hoje, a menina está morando na Argentina com os avós paternos, de 74 anos, e mantém contato com o pai apenas três dias na semana.

Marlise voltou a residir no Rio Grande do Sul há sete anos, depois de separar-se do argentino Leandro Salom. Neste ínterim, casou-se com o dentista Luiz Carlos Benvenuto, com quem tem um filho de 4 anos, Lorenzo, e que assumiu Bárbara como se fosse sua filha. A harmonia da família foi quebrada pelo seqüestro da menina, conforme registros de amigos, colegas de Bárbara, psicólogos e do próprio juiz de Direito João Luiz Pires Tedesco, em sua manifestação no deferimento da guarda definitiva da menina à Marlise Weis.

No início da semana, o presidente da CCDH entrou em contato telefônico com o deputado Leandro Salom, quando este ficou de enviar-lhe informações e documentos da Justiça de seu país, onde conseguiu a guarda unilateral e temporária da menina. O deputado Roque manifestou predisposição de viajar à Argentina após o dia 15, a fim de conversar pessoalmente com o pai de Bárbara.

12/13/2001


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