Celso Amorim vê Venezuela no Mercosul como impulso à integração sul-americana



Pela importância econômica e estratégica do país, a entrada da Venezuela no Mercosul pode ajudar a tornar o bloco o motor da integração sul-americana. A manifestação partiu do ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, durante audiência pública sobre o assunto realizada, nesta quinta-feira (30), pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Um eventual atraso nesse ingresso, conforme ponderou, poderia criar um clima político menos favorável ao processo, advertindo, em seguida, que o clima político é tão ou mais importante para o comércio que a revisão tarifária.

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Celso Amorim teve um encontro com o presidente Hugo Chávez no último sábado (25) e testemunhou seu interesse em enviar uma missão técnica ao Brasil, nos dias 19 e 20 de maio, para negociar pendências comerciais que tangenciam a adesão da Venezuela ao Mercosul. Na avaliação do chanceler, o Brasil vai ser sempre um grande parceiro comercial da Venezuela e, se há interesse do governo brasileiro em ampliar a pauta de exportações para esse país, de outra parte já assumiu o compromisso de fazê-lo sem prejudicar o processo de industrialização venezuelano.

Ao discorrer sobre as relações entre os dois países, o ministro revelou que, em 2008, a Venezuela foi o segundo destino das exportações brasileiras na América do Sul, processo que experimentou um crescimento de 550% entre 2002 e 2008. Com Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 330 bilhões no ano passado, a Venezuela importa 75% dos alimentos que consome e se notabiliza por ter a sexta reserva de petróleo e a nona reserva de gás natural do mundo.

Ainda sobre essas trocas comerciais, as regiões Norte e Nordeste do Brasil sobressaem como importantes emissários de produtos para a Venezuela, exibindo volume de negócios superior ao de muitos países que também exportam para lá. Foi justamente esse um dos pontos levantados pelo governador de Roraima, José de Anchieta Junior, em favor da adesão da Venezuela ao Mercosul.

De acordo com o governador, as economias dessas duas regiões atuam em complementaridade com as economias dos países andinos e caribenhos. José de Anchieta Junior afirmou que a Região Norte será o portal da integração da Venezuela com o Mercosul - os estados de Roraima e Amazonas fazem fronteira com o país - e acredita que, se essa adesão se confirmar, Roraima, que tem 70% do PIB formado com recursos públicos, pode ter a chance de mudar sua matriz econômica.

- Não se está aqui para discutir a política interna, mas a integração dos povos de países da America do Sul para a criação de emprego e renda para as pessoas que precisam. Evitar a inserção da Venezuela no Mercosul é um retrocesso e vai inibir esse processo crescente de integração comercial - previu.

Tanto a Câmara dos Deputados quanto a representação brasileira no Parlamento do Mercosul já acolheram o projeto de decreto legislativo (PDL 430/08) que aprova o texto do Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul, assinado em quatro de julho de 2006, em Caracas. O protocolo também já foi ratificado pelos Congressos Nacionais da Argentina, do Uruguai e da própria Venezuela. A confirmação dessa adesão depende, agora, da aprovação do texto pelo Congresso do Paraguai e pelo Senado do Brasil.



30/04/2009

Agência Senado


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