Cesta básica registra alta de 0,95%
O grupo Higiene Pessoal foi o que registrou a maior alta: 3,26%
O valor da cesta básica de março apresentou alta de 0,95%, revela pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta era de R$ 260,38 em 29 de fevereiro e passou para R$ 262,85 em 31 de março. O grupo Higiene Pessoal foi o que registrou a maior alta: 3,26%.
Dentre os produtos que compõem o grupo Alimentação, destacamos os que registraram as maiores altas de preço, neste mês: batata (11,03%), extrato de tomate (8,15%), macarrão c/ ovos (7,75%) e queijo mozarela fatiado (6,12%). Convém ressaltar a carne de primeira e o óleo de soja, que embora não figurem entre os produtos com maiores preços, foram os que mais pressionaram a alta no período.
Dos 31 produtos pesquisados, na variação mensal, 21 apresentaram alta, nove diminuíram de preço e um permaneceu estável. Neste mês todos os grupos apresentaram alta: Alimentação (0,80%), Limpeza (0,30%) e Higiene Pessoal (3,26%).
A variação no ano é de 1,65% (base 27/12/07) e, nos últimos 12 meses, de 22,52% (base 30/03/2007).
É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum dese- quilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.).
As alterações de preços, especialmente de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para “desovar” estoques por meio do rebaixamento temporário dos preços.
A análise a seguir pretende focar os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês.
Batata
Neste início de ano, a colheita de batata da safra das águas elevou significativamente a oferta nos atacados do Sudeste, contribuindo para o movimento de queda dos preços. A intensificação da colheita em Água Doce (SC) e em Bom Jesus (RS), aliada ao início da safra no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (MG) também colaboraram para aumentar a oferta.
Em março, apesar da área de colheita ter sido menor que a de fevereiro, esse fato não resultou em redução expressiva da oferta. Houve, no entanto, uma recuperação dos preços, por conta do tradicional aumento da demanda na Semana Santa.
Alguns produtores de Vargem Grande do Sul (SP) iniciaram o plantio da safra de inverno de batata no final de março. A previsão inicial é que a área total cultivada na região seja superior à da temporada 2007. Se essa expectativa se confirmar, a oferta da safra de inverno será maior, promovendo um rebaixamento dos preços. No mês passado, a batata foi o produto que apresentou maior queda de preço na Cesta Básica. Neste mês, por outro lado, foi responsável pela alta mais significativa dentro do grupo Alimentação.
Tomate
A redução na área da safra de verão de tomate 2006/07 em relação à de 2005/06 valorizou o produto nas principais regiões.
A valorização do tomate na safra de verão incentivou produtores de algumas regiões a aumentar os investimentos para a temporada de inverno. A safra de inverno em 2007 foi beneficiada pelo aumento da demanda de países do Mercosul(Argentina, Paraguai, Uruguai).
O clima quente e úmido registrado em Caçador (SC) e em Itapeva (SP) entre dezembro de 2007 e janeiro de 2008 causou problemas fitossanitários nas lavouras, reduzindo a produtividade dos pés e o tamanho do fruto. Por conta dos problemas fitossanitários, a produtividade dessas praças caiu, interferindo na oferta.
Na pesquisa da cesta básica, o extrato de tomate não tem histórico de variações importantes de preço. Em março deste ano, o produto apresentou a maior variação positiva mensal desde março de 2003 (quando registrou alta de 11,01% em relação ao mês anterior).
Trigo
Os preços do cereal estão registrando forte valorização no mercado internacional. Importantes países produtores, como a Austrália, tiveram problemas climáticos na safra 2006/07 e, por conta disso, os estoques mundiais estão declinando rapidamente. Além disso, o governo argentino decidiu cessar, no fim de novembro passado, os registros de exportação, obrigando o Brasil a recorrer ao trigo de outros mercados (EUA, Canadá e Europa).
Essa evolução dos preços no mercado externo fez o trigo voltar a atrair a atenção dos produtores. Há uma certa preocupação, no entanto, quanto aos custos elevados. O trigo é uma cultura cara, dividindo os produtores entre apostar no trigo ou no milho safrinha. Esse cenário provoca uma restrição da oferta, elevando os preços do produto e seus derivados.
Na pesquisa da cesta básica de março/08, o preço do macarrão com ovos apresentou a maior variação positiva mensal desde dezembro de 2003 (quando registrou alta de 8,73% em relação ao mês anterior).
Carne bovina
No início de fevereiro, a União Européia interrompeu a importação de carne bovina brasileira por problemas técnicos e de fiscalização. Apesar dessa decisão provocar, num primeiro momento, queda nos preços do boi gordo no mercado futuro, acabou por não interferir nas cotações do produto, que voltaram a subir em seguida.
No final do mês, após vinte e sete dias de embargo, a União Européia anunciou a retomada de importações de carne bovina “in natura” do Brasil. Inicialmente, apenas 106 propriedades poderão vender aos 27 países do bloco europeu. A maior exigência imposta ao Brasil é a rastreabilidade dos rebanhos.
Em março, o mercado de boi gordo viveu uma safra com jeito de entressafra. O que explica os preços firmes em plena safra é a mudança no ciclo de produção do boi gordo no país, decorrente do abate de matrizes e da redução de investimentos nos últimos anos, após um período de baixa rentabilidade na pecuária. O resultado é uma menor oferta de animais.
A escassez de matéria-prima e as exportações restritas para a União Européia também levam os frigoríficos a trabalhar com ociosidade elevada. Aliado a isso, temos um quadro de aumento da demanda doméstica.
Na pesquisa da cesta básica de março/08, o preço da carne de primeira voltou a subir depois de três meses de queda, que sucedeu seis meses de alta. Esse comportamento denota a instabilidade sofrida pelo setor nos últimos tempos.
Soja
O setor teve bons resultados no ano passado, impulsionado pela safra recorde brasileira, pela melhora nos preços internacionais (grãos, farelo e óleo) e pela expansão da demanda brasileira por farelo (pelo setor de rações) e de óleo (pelas usinas de biodiesel).
A expectativa de que a China continue a comprar grandes volumes de soja fez com que as cotações disparassem. A alta dos preços do petróleo e o cenário de demanda crescente para óleos vegetais, por causa de seu uso nos biocombustíveis, também atraíram compras de especuladores e impulsionaram os preços.
A China é, sem dúvida, o destaque na demanda global de alimentos. Para recompor estoques e conter a inflação no país, vem importando soja em grão e óleo de soja do Brasil. A importação do óleo de soja também foi reforçada devido às fortes nevascas, que afetaram as lavouras de canola do país.
Ainda em relação ao mercado internacional, a queda-de-braço entre os produtores rurais e o governo já fez a Argentina deixar de exportar quantidades consideráveis de soja em grão e óleo de soja. O motivo da crise é a decisão do governo argentino de aumentar as retenções (impostos) sobre as exportações.
Na pesquisa da cesta básica, o preço do óleo de soja apresentou alta em, praticamente, todo o segundo semestre de 2007, sendo que a partir de dezembro, as variações positivas foram mais acentuadas.
Da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
04/09/2008
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