Ciência sem Fronteiras e comércio são prioridades com Alemanha, diz embaixadora



O envio à Alemanha de estudantes brasileiros do programa Ciência sem Fronteiras e a inclusão na pauta exportadora nacional de produtos de maior valor agregado estarão entre as prioridades do Brasil no relacionamento bilateral nos próximos anos, segundo informou a embaixadora indicada para aquele país, ministra de primeira classe Maria Luiza Ribeiro Viotti. A mensagem presidencial contendo a sua indicação para o posto (MSF 99/2012) foi aprovada por unanimidade, nesta quinta-feira (6) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Como observou em seu voto favorável o relator da mensagem, senador Paulo Bauer (PSDB-SC), a Alemanha é o quarto maior parceiro comercial do Brasil – depois de China, Estados Unidos e Argentina. Nos últimos cinco anos, a corrente de comércio bilateral subiu 52,7%. Apenas em 2011, as exportações brasileiras subiram 11,1% e alcançaram US$ 9 bilhões. Mas as importações subiram 21,2% e chegaram a US$ 15,2 bilhões. Os produtos primários responderam por 55% das exportações brasileiras, enquanto 95% das exportações alemãs para o Brasil foram de produtos manufaturados.

Durante o debate, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu a busca de equilíbrio no comércio bilateral. A embaixadora indicada, por outro lado, ressaltou a importância da compra de equipamentos alemães pelo Brasil.

- À primeira vista o déficit poderia parecer um problema. Mas precisamos notar que as importações da Alemanha são fundamentais para o Brasil. Desde que tenhamos podido acumular superávits no comércio como um todo, talvez não seja tão relevante pensar no equilíbrio com um país. Mas faremos um esforço pela inclusão de produtos com maior valor agregado nas exportações para a Alemanha – afirmou Viotti.

A embaixadora indicou a intenção de “aprofundar ao máximo” a cooperação em educação, ciência e tecnologia, por meio do programa Ciência sem Fronteiras. O governo alemão, como informou, acolheu “de forma extremamente calorosa” o interesse do Brasil em maior aproximação no setor e se prontificou a receber 10.200 estudantes até 2014. Hoje há cerca de 1000 estudantes brasileiros naquele país.

Viotti demonstrou ainda satisfação com a proposta feita há um mês pela chanceler Angela Merkel ao vice-presidente brasileiro Michel Temer, de criação de um mecanismo de consultas políticas de alto nível entre os dois países.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse temer que o Ciência sem Fronteiras venha a fracassar pela “má qualidade de nossos alunos”, que não falam inglês ou alemão e muitas vezes não tiveram um bom ensino médio. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) registrou, com satisfação, a chegada a Santa Catarina de empresas alemãs como a BMW e a Siemens. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), por sua vez, observou que o protagonismo econômico alemão na Europa não tem sido acompanhado por maior presença política internacional daquele país.

A relação bilateral, disse o senador José Agripino (DEM-RN), tem como vantagem a aproximação entre os dois povos, que começou com a chegada de imigrantes alemães ao Brasil no século 19. Paulo Bauer e o presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL) também ressaltaram a proximidade cultural e lembraram que são descendentes de imigrantes alemães.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu maior diálogo político entre os dois países, mas lembrou igualmente das divergências a respeito da crise econômica internacional manifestadas há poucos meses por Merkel e pela presidente Dilma Rousseff. Por último, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) elogiou a atuação de Viotti como representante permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas (ONU).

Colômbia

Ao final da reunião, a comissão aprovou requerimento de voto de aplauso ao presidente da Colômbia, por sua disposição de promover um diálogo pela paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O requerimento foi apresentado por Eduardo Suplicy e teve como relator Inácio Arruda, que elogiou a disposição das Farc de buscar a paz e os esforços pelo entendimento promovidos pela ex-senadora colombiana Piedad Córdoba, que teve o mandato cassado sob a acusação de colaboração com as Farc.



06/12/2012

Agência Senado


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