Comissão de Infraestrutura discute desafios estratégicos para o Brasil
No seminário "Desafios Estratégicos Setoriais" promovido pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado, o professor Glauco Antonio Truzzi Arbix defendeu a necessidade de o Brasil adotar já decisões que garantam sua participação na economia do futuro. Ele afirmou que o país vive o desafio de inserir-se no que denominou a economia do desenvolvimento, que está baseada em campos como a informática e a biotecnologia. A seu ver, para alcançar esse objetivo, o Brasil precisa realizar importantes avanços na qualidade de sua educação básica e dar um salto em seu sistema de tecnologia e inovação.
O professor Glauco Arbix é o coordenador executivo do Observatório da Inovação e Competitividade, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Ele foi um dos palestrantes do primeiro painel do seminário, que teve como tema "Apresentação do Desafio". Em sua apresentação, realizada na noite desta segunda-feira (10), na CI, ele argumentou que não ser possível construir-se um país pensando-se apenas no curto prazo. Segundo disse, é preciso que as decisões estratégicas estejam embasadas em medidas que tenham longevidade. Arbix ressaltou que a economia do futuro depende de equipamentos sofisticados, pesquisas científicas e mão de obra qualificada.
Na opinião do professor da USP, para atender a essas necessidades, o Brasil precisa ampliar sua capacidade de manufatura avançada, realizar elevados investimentos e ampliar a produtividade de seu trabalho. Glauco Arbix observa que essas medidas passam pela diminuição das desigualdades sociais, pela eliminação da pobreza e pela melhoria da qualidade de vida da população. Somente dessa maneira, diz, o país vai conseguir dar o salto que necessita para poder competir em termos de igualdade com os outros países que buscam, igualmente, participar desse mercado internacional de tecnologia avançada.
O professor Glauco Arbix defendeu a ampliação dos investimentos em aquisição e absorção de conhecimento e de tecnologia, bem como, na disseminação e uso da tecnologia já existente. De acordo com sua proposta, algumas medidas deveriam ser adotadas de imediato, para garantir a inserção do Brasil na economia do futuro. São elas: a redução dos impostos sobre investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica; a abertura da economia brasileira á competição internacional; e a regulamentação da contratação de mão-de-obra e de sua terceirização.
O outro participante do painel, o professor da Universidade de Campinas (Unicamp) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Julio Sergio Gomes de Almeida, defendeu a implantação de uma política agressiva na área das exportações, como forma de o Brasil conseguir os recursos para realizar os investimentos em inovação e tecnologia. Ele afirmou também que é importante a realização de mudanças no sistema tributário brasileiro, que hoje acaba punindo a inovação.
Para Gomes de Almeida, a legislação brasileira na área de ciência e tecnologia não fica devendo nada aos países mais desenvolvidos. Ele lembrou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) garante financiamento para o desenvolvimento de produtos e tecnologia a juros próximos a zero ou mesmo zero. Contudo, falta que esses recursos cheguem às micro e pequenas empresas que, nos países desenvolvidos, são o segmento que mais atua na inovação.
O encontro foi presidido pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura, e contou com a mediação do senador Delcídio Amaral (PT-MS). Durante o debate, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu o programa de renda básica da cidadania - já transformado em lei, mas ainda não implementado - como forma de alavancar a economia brasileira.
Na próxima segunda-feira (17) o painel "Infraestrutura e retomada do crescimento: visões gerais", dará prosseguimento ao seminário. Estão sendo previstas as participações do economista José Marcio Camargo, ex-consultor do Banco Mundial; Ralph Lima Terra, vice-presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base; e Eduardo de Freitas Teixeira, diretor da empresa Creta Planejamento.
10/08/2009
Agência Senado
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