Como cliente, a Europa tem o direito de estipular regras sobre a carne bovina, diz parlamentar alemão
Vice-presidente da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu, o alemão Friedrich-Wilhelm Graefe zu Baringdorf afirmou nesta terça-feira (29) que "a Europa, na condição cliente do Brasil, tem o direito de estipular regras [quanto à importação de carne bovina] e esperar que elas sejam obedecidas". Ele fez essa declaração durante debate realizado na Câmara dos Deputados.
Ao responder aos parlamentares brasileiros que afirmaram não haver qualquer problema com o sistema de rastreamento do gado no país - contestando, assim, as restrições feitas por inspetores europeus -, Friedrich-Wilhelm disse que, "se tudo está bem, ou nossos inspetores são incompetentes ou são mal-intencionados".
- Fiquei impressionado. Vocês fazem tudo muito bem - declarou ele, com ironia.
O presidente da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu, o inglês Neil Parish, reiterou que os europeus estão dispostos a comprar a carne bovina brasileira desde que se respeitem determinados critérios, especialmente no que se refere à rastreabilidade do gado. Ele ressaltou que o sistema de rastreamento não precisa ser o mesmo utilizado na Europa - onde houve vários casos da chamada doença da vaca louca -, mas que é preciso obedecer a certas regras.
Ao descrever o sistema de rastreamento europeu, Neil Parish destacou que, após completar uma semana, cada vitelo recebe duas marcas nas orelhas, é registrado e, assim, passa a ter uma espécie de "passaporte" que o acompanhará ao longo de sua vida. Ele acrescentou que o animal não poderá ser abatido nem transportado sem esse registro.
Mas a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) avaliou que na União Européia há um incentivo que não existe para o brasileiro. Segundo a parlamentar, o produtor europeu recebe um subsídio de aproximadamente 267 euros por cabeça de gado, que o deixaria predisposto a implementar o sistema de rastreamento, ao contrário do que ocorre no Brasil. Além disso, ela afirmou que o relatório feito pelos inspetores europeus seria em sua maior parte favorável ao Brasil, com exceção de três itens: dúvidas em relação à comprovação da vacinação contra a aftosa, em relação à "adaptação de contingência" na divisa com o Paraguai e quanto à questão da sorologia. Kátia Abreu argumentou que, quanto a esses dois últimos itens, o país já teria adotado as medidas necessárias para sanar os eventuais problemas.
29/04/2008
Agência Senado
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