Concessão de crédito do BB e da Caixa vem crescendo
Na audiência pública realizada nesta quarta-feira (18) pela Comissão de Acompanhamento da Crise Financeira no Senado Federal e pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) indagou aos presidentes do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, e da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, qual a evolução do crédito concedido para todos os setores, especialmente a partir setembro ano passado. Também indagou se o Banco Central poderia adotar alguma medida adicional para diminuir o spread bancário e também sobre a possibilidade de se diminuir as taxas de juros cobradas pelas instituições.
A presidente da Caixa informou que a instituição emprestou a pessoas físicas R$ 27,7 bilhões em 2007 e R$ 31,6 bilhões em 2008, com crescimento de 14,2%. Já com relação a pessoas jurídicas, os empréstimos foram de R$ 25,8 bilhões e R$ 37,8 bilhões, respectivamente, com aumento de 46,8%. Apenas para o setor de habitação, os empréstimos saltaram de R$ 21,1 bilhões para R$ 24,3 bilhões, com crescimento de 15%. Até 10 de março de 2009, já foram concedidos créditos totalizando R$ 5 bilhões, equivalente ao concedido em todo o ano de 2003.
Maria Fernanda Coelho afirmou que o crédito consignado segue o chamado limite prudencial, que evita débitos na conta dos trabalhadores que comprometam uma parte muito grande do salário. Ela afirmou também que a Caixa tem como meta e estratégia manter a menores taxas bancárias do mercado.
Já o presidente do Banco do Brasil afirmou que a meta de conceder R$ 200 bilhões em crédito até outubro do ano passado foi ultrapassada no mês de junho. Em outubro atingiu R$ 212 bilhões. Segundo ele, o Banco coloca no mercado brasileiro diariamente R$ 1 bilhão em crédito.
Lima Neto afirmou que o spread bancário depende da carteira do banco, sendo menor para aqueles bancos que operam grandes volumes com empresas de baixo risco. Ele decompôs os vários itens que integram o spread, sendo que a parte do lucro dos bancos é 26,9%. Para ele, o que importa é a demonstração de resultado dos bancos. Ele afirmou que o crédito no Brasil "está saindo do período ruim" e disse ser importante o banco "não ter preconceito para analisar o caso a caso".
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) indagou porque projetos habitacionais no Ceará não deslancharam. Ele perguntou também por que o acesso ao crédito é limitado às grandes empresas. Ele também quis saber por que R$ 200 milhões do orçamento do ano passado destinados a habitação não foram utilizados.
A presidente da Caixa afirmou que as micro e pequenas empresas são o foto da instituição, representando hoje 95% dos clientes pessoas jurídicas. Tasso, porém, reiterou que os processos de crédito para médias empresas "não estão andando" no Ceará, e que já ouviu reclamações também em outros estados. Maria Fernanda Coelho reafirmou que as pequenas e médias empresas são o foco da Caixa e que apenas de setembro do ano passado para cá a Caixa passou a ser procurada por grandes empresas que tiveram dificuldades de fluxo de caixa e que assim passaram a receber crédito da instituição.
Ela afirmou ainda que, dos R$ 5,9 bilhões destinados à habitação, foram aplicados R$ 5,7 bilhões. Mas não soube dizer se os recursos restantes não foram utilizados por dificuldades impostas pela Caixa ou por dificuldades das prefeituras para realizar o processo licitatório.
O presidente da Comissão, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), indagou se as exigências feitas pela Caixa para a concessão do crédito são legais ou elaboradas pela própria instituição. Ela respondeu que a Caixa cumpre todas as exigências previstas pela legislação, como licenciamento ambiental e consistência dos projetos, mas tem também as exigências bancárias normais.
18/03/2009
Agência Senado
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