Congresso Nacional transforma-se em praça de guerra com a prisão de centenas de militantes do MLST



A área externa do Congresso Nacional transformou-se nesta terça-feira (6) em praça de guerra. Centenas de policiais militares montaram um cerco durante a operação de prisão dos militantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST). Efetivos da Polícia Militar do Distrito Federal revistaram os manifestantes antes que eles entrassem nos mais de dez ônibus que os conduziram ao ginásio da Polícia Militar no Setor Policial Sul, na capital federal. A comissão que negociou a forma como seria efetuada a prisão dos sem-terra foi composta pelos deputados Moroni Torgan (PFL-CE), Maninha (PSOL-DF) e João Alfredo (PSOL-CE).

Entre os presos havia homens, mulheres e até mesmo crianças. Segundo informações do coordenador da Polícia Judiciária da Câmara dos Deputados, Alber de Paula, os manifestantes serão indiciados por diversos crimes. O coronel da Polícia Militar Antônio Serra afirmou que até aquele momento ainda não tinha sido possível identificar o agressor docoordenador de apoio logístico do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara.

O deputado João Alfredo, relator da extinta CPMI da Terra, disse não acreditar que o ato de vandalismo tenha sido premeditado. Segundo ele, quando o tumulto começou, as lideranças do MLST estavam no gabinete do deputado Nelson Pelegrino (PT-BA) preparando documento para ser entregue aos presidentes da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, e do Senado, Renan Calheiros. Os ânimos se exaltaram, conforme João Alfredo, justamente porque os manifestantes foram impedidos de entregar o documento.

Para o deputado, como advogado e estudioso da causa agrária, o que aconteceu nesta terça-feira foi uma "explosão" que é apenas um reflexo da situação limite vivida atualmente pela agricultura brasileira. João Alfredo culpou o governo Lula por ter tentado "servir a Deus e ao Diabo ao mesmo tempo", numa referência à nomeação de Miguel Rosseto para a pasta do Ministério do Desenvolvimento Agrário, por um lado, e de Roberto Rodrigues, para o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de outro. Nesse processo, avalia o deputado, o governo acabou privilegiando o agronegócio e deixou de levar adiante a reforma agrária interrompendo, inclusive, o processo de desapropriação de terras.

- Há uma divisão dentro do PT, muita gente está insatisfeita com o rumo tomado pela reforma agrária - disseJoão Alfredo, lembrando que no governo Lula subiu de 400 mil para um milhão o número de trabalhadores sem terra não-assentados.

Já a deputada pelo PSOL, Maninha (DF), criticou a decisão do presidente da Câmara, Aldo Rebelo, membro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), de mandar prender os manifestantes. A situação remeteu Maninha ao ano de 1969, quando foi presa na Universidade de Brasília pela ditadura militar.

- Naquela época estávamos na ditadura. Hoje, em pleno Estado democrático de direito é lícito prender uma cidadã com seu filho e revistá-la dessa forma? - questionou a parlamentar.

Embora admita a necessidade de reprimir e punir os responsáveis pela agressão ao coordenador da Polícia Legislativa e pelos demais atos de vandalismo, Maninha considerou as medidas excessivas.

06/06/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Praça José Bonifácio, em Santos, já recebe centenas de pessoas

No sábado, Praça Roosevelt se transforma em biblioteca ao ar livre

No sábado, Praça Roosevelt se transforma em biblioteca ao ar livre

Força Nacional vai defender militantes de direitos humanos no Amazonas e Pará

Secretaria da Cultura exibe filmes raros do cinema nacional dentro do projeto Cinema na Praça

Secretaria da Cultura exibe filmes raros do cinema nacional dentro do projeto Cinema na Praça