Convocação do presidente do Banco do Brasil e de Maluf está na pauta da reunião marcada para terça-feira



O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Banestado, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), anunciou reunião da CPI para a próxima terça-feira (10), a partir das 13h. Há 52 requerimentos para votação, entre eles um que pretende convocar o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central Luiz Augusto de Oliveira Candiota e outro que pede a convocação do presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, ambos apresentados pelo líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM). Há também requerimento para convocar o ex-governador de São Paulo Paulo Maluf.

A pauta será a mesma de junho, mas Antero informou que deverá apresentar como tema extra na reunião uma carta rogatória para que seja ouvido, no Uruguai, João Arcanjo Ribeiro, atendendo a pedido do relator, deputado José Mentor (PT-SP). Antero disse já ter feito várias solicitações que não foram aceitas pelo governo uruguaio. O senador informou que apresentará o pedido mais uma vez, embora tenham surgido notícias em seu estado de que Arcanjo será extraditado no final do mês para o Brasil, o que permitirá, então, que ele seja ouvido pela CPI em Cuiabá.

Antero manifestou-se a favor de iniciativas como a do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) de tentar uma conciliação entre ele e o relator da comissão. Mentor também concordou com a volta do entendimento e culpou o PSDB pela politização dos trabalhos da comissão. Sucessivas reuniões da CPI foram adiadas por falta de concordância entre o relator e o presidente da comissão. O PSDB sustenta que Mentor quer adiar a convocação de Maluf, enquanto o relator tem insistido em convocar novamente o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco.

- É evidente que é bom para o país o entendimento de que prosperem as investigações, que a CPI retome a seu objetivo inicial, que haja o cuidado de que nenhuma culpa seja imputada nas costas de um inocente e de que não seja poupado nenhum culpado. E que as pessoas mais ou menos importantes possam ser investigadas – disse o presidente da comissão.

Antero informou que o requerimento para convocar Gustavo Franco já está aprovado. Ele disse, entretanto, que há divergências sobre o tema. Segundo o presidente, não se trata de evasão de divisas, objeto de investigação da CPI. Gustavo Franco está sendo convocado para abordar a questão da aplicação de divisas do país, explicou o senador.

- Esse requerimento já está aprovado, o que falta aprovar agora são os requerimentos do Candiota, do Casseb, do Beny Parnes (ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil), do Paulo Maluf, do presidente do Bank de Boston, Geraldo Carbone, e de algumas pessoas físicas e jurídicas - acrescentou.

Antero disse não temer a politização dos trabalhos da comissão com a votação da convocação dessas pessoas e lembrou que os requerimentos estão na CPI desde setembro do ano passado. Ele afirmou ainda que a decisão da Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) desta quarta-feira de convidar os presidentes do Banco do Brasil e do Banco Central, Henrique Meirelles, para depor não invalida o trabalho da CPI.

Na opinião do senador, na CFC os presidentes dos dois bancos não estariam obrigados a dizer a verdade, o que não acontece no caso de CPI. Antero disse, entretanto, não ser favorável à convocação do presidente do BC por não ter nada contra ele que seja do seu conhecimento. Afirmou ainda que há documentos suficientes na CPI para convocação de Casseb e de Maluf.

Mas o relator afirmou que manterá sua posição pelo sobrestamento da votação do requerimento de convocação de Maluf. Ele sustenta que não há documentos suficientes para isso em poder da CPI. Mentor disse ainda que não fará oposição a requerimentos em que há entendimento entre os integrantes da comissão.

Ao ser questionado sobre a apresentação de um relatório preliminar da comissão, que teria sido prometido pelo relator para junho, o presidente da CPI afirmou que já há dados suficientes para indicar nomes ao Ministério Público e lembrou ter defendido a conclusão dos trabalhos da comissão em junho. A CPI do Banestado foi criada no ano passado para investigar a evasão de divisas para os paraísos fiscais por meio das chamadas contas CC5.



05/08/2004

Agência Senado


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