CPMI do Roubo de Cargas prosseguiu em busca de receptadores



Em seu segundo ano de funcionamento, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o roubo de cargas realizou 20 reuniões, tendo ouvido cerca de 100 pessoas, entre testemunhas, vítimas e suspeitos de envolvimento com quadrilhas especializadas em roubo de carga e lavagem de dinheiro. Os parlamentares que integram a CPMI realizaram audiências públicas nos estados do Maranhão, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e pediram a quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal de dezenas de pessoas e empresas.

Presidida pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP) e tendo como relator o deputado Oscar Andrade (PFL-RO), a CPMI do Roubo de Cargas empenhou-se em alcançar os receptadores de mercadorias roubadas. A comissão tomou depoimentos do traficante internacional de drogas Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, do mega-empresário Ari Natalino da Silva, acusado de receptação, lavagem de dinheiro e adulteração de combustível, e dos presidiários Jorge Méres e Sálvio Barbosa Vilar, que passaram a cooperar com os trabalhos da CPMI. O empresário Willian Sozza, acusado de chefiar uma das maiores organizações ligadas ao roubo de cargas, recusou-se a depor.

Em Campinas (SP), os parlamentares investigaram o envolvimento de policiais do Departamento de Crimes contra o Patrimônio (Depatri) com desvio de cargas, extorsão e formação de quadrilha. Três deles tiveram prisão decretada. Em São Luís (MA), a CPMI ouviu pistoleiros acusados de assassinar caminhoneiros. Em Porto Alegre (RS) foram ouvidos comerciantes acusados de receptar caminhões roubados. Em Joinville (SC), a CPMI tomou depoimentos de integrantes de uma quadrilha que roubava cargas na região.

No final de outubro, os deputados Nelson Pellegrino (PT-BA), Walter Pinheiro (PT-BA), Robson Tuma (PFL-SP) e o senador Geraldo Cândido (PT-RJ) solicitaram a convocação de Alexandre Paes dos Santos, acusado pela imprensa de fazer lobby junto a parlamentares integrantes da CPMI para impedir investigações sobre vendas de mercadorias roubadas na rede de supermercado Carrefour.

De acordo com dados levantados pela comissão, anualmente os desvios de cargas em rodovias de todo o país provocam prejuízos da ordem de R$ 600 milhões, sendo que 50% dos crimes ocorrem em estradas localizadas no estado de São Paulo.

20/12/2001

Agência Senado


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