CRE aprova indicações para embaixadas do México e China e para delegado na OMC



A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou, nesta quinta-feira (5), as indicações de embaixadores para dois postos no exterior: Sérgio Augusto de Abreu e Lima Florêncio Sobrinho (MSF 271/08), para embaixador no México, e Clodoaldo Hugueney Filho (MSF 105/08), designado para representar o Brasil junto à China, Mongólia e Coréia.

Na mesma reunião, foi também aprovada a indicação de Roberto Carvalho de Azevedo (MSF 96/08) para delegado permanente do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), cargo de alta relevância para os interesses econômicos do país junto à comunidade internacional. As mensagens devem seguir, agora, para exame em Plenário.

Como informado na MSF 96/08, Roberto Carvalho de Azevedo deve atuar ainda pelo Brasil junto a outras organizações econômicas com sede em Genebra (Suíça): a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD) e a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI). Também deve representar o país no Grupo dos 15 (G-15), reunião de países em desenvolvimento para defesa de interesses comerciais perante o mundo desenvolvido.

Na exposição aos senadores, Clodoaldo Hugueney Filho ressaltou que China e Brasil, países em fase de forte crescimento econômico, enfrentam ainda o desafio de superar em definitivo a condição de subdesenvolvimento. Para o diplomata, como os problemas enfrentados pelas duas nações são em muitos casos semelhantes, fica aberta uma perspectiva interessante de diálogo e parceria.

Hugueney Filho observou que a balança de comércio entre os dois países, no patamar de US$ 1,2 bilhão em 1985, alcançou US$ 24 bilhões no ano passado, com perspectiva de se manter ainda em forte ampliação. Ele concordou com as observações do relator da mensagem referente à sua indicação, senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), de que as relações entre os dois países também comportam conflitos, sendo necessário avançar em direção a termos "que melhor reflitam os interesses brasileiros".

Crise mexicana

Depois de um painel sobre a história do México, que teve metade de seu território anexado pelos Estados Unidos ainda no século XIX, Sérgio Augusto de Abreu apresentou um panorama da economia mexicana. Disse que esse país, assim como o Brasil, enfrentou grande crise a partir dos anos 70, com alto endividamento e esgotamento do processo de substituição de importações.

A saída escolhida pelo país, como salientado pelo diplomata, foi a adoção de políticas econômicas de padrão liberal. O país também aderiu ao Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), com o agravamento de sua dependência em relação aos Estados Unidos.

- É visível agora o desejo dos mexicanos de marcar uma inflexão - comentou, para assinalar o interesse do México em reduzir sua dependência em relação aos Estados Unidos, o que, no seu entendimento, representa uma oportunidade de estreitamento de relações que o Brasil pode explorar.

Força das retaliações

Roberto Carvalho de Azevedo destacou a importância da OMC no contexto das questões comerciais entre as nações. Segundo ele, essa organização dispõe da visibilidade que o antigo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT, em inglês) nunca chegou a ter. Na sua avaliação, essa força se deve à efetividade das decisões no âmbito da OMC, com garantias para que os países prejudicados possam retaliar os que lhe causam danos comerciais.

O diplomata salientou ainda o papel que o Brasil vem desempenhando nas negociações no âmbito da organização, com participação em 86 contenciosos desde sua criação. Conforme Roberto Carvalho de Azevedo, o país tomou parte em um de cada quatro painéis abertos pela OMC, como são chamadas as discussões para solucionar controvérsias. Nas questões de interesses do Brasil, assinalou que a taxa de êxito do país é superior às alcançadas pelos Estados Unidos e Japão. Uma das vitórias foi contra o Canadá, na questão das exportações brasileiras de aeronaves da Embraer.

Além do senador Jarbas Vasconcelos, atuaram como relatores Serys Slhessarenko (PT-MT), na MSF 96/08, e Marco Maciel (DEM-PE), na MSF 271/08. Participaram da sabatina os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Aloizio Mercadante (PT-SP).



05/06/2008

Agência Senado


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