Cresce número de mulheres envolvidas em acidentes fatais com motos



O Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde revela que, de 1996 a 2010, a quantidade de vítimas fatais do sexo feminino em acidentes com motocicletas cresceu 16 vezes, enquanto o número de homens que morreram nesses acidentes aumentou 13 vezes no mesmo período.

De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cerca de 80% das vítimas fatais têm entre 15 e 39 anos.  “Temos mais um motivo para defender uma conduta cada vez mais cuidadosa no trânsito e que a fiscalização seja rigorosa para salvarmos mais vidas”.

Um dos fatores preponderantes para o número é o aumento da frota de motocicletas, meio de transporte utilizado por 10,2 mil dos 41 mil brasileiros que perderam a vida no trânsito em 2010. “Especialmente em cidades com menos de 100 mil habitantes, tem aumentado o número de motociclistas, inclusive do sexo feminino, tornando as mulheres mais vulneráveis aos acidentes de trânsito”, explica o ministro.

Outro agravante apontado pela pesquisa da Vigilância de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2010 é o abuso de bebida alcoólica. Os dados mostram que o percentual de homens que afirmaram ter dirigido após o alto consumo de álcool ainda é superior ao das mulheres, 3% contra 0,2%. O consumo abusivo de bebidas alcoólicas por mulheres, porém, vem apresentando tendência de crescimento. 

Além da associação entre direção e bebida alcoólica, a coordenadora de vigilância e prevenção de violências e acidentes do Ministério da Saúde, Marta Silva, lembra que o excesso de velocidade e direção imprudente também são fatores de risco. “Acidentes tornam-se ainda mais graves quando os motociclistas não utilizam equipamentos de proteção, como capacetes, casaco com proteção, calçados apropriados (botas, sapato fechado) e ainda desrespeitam a sinalização e fazem ziguezague entre os carros”.

Abuso de álcool é maior entre os jovens

Segundo a pesquisa Vigitel 2010 a frequência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas, em ambos os sexos, aumenta com a escolaridade. Com relação a faixa etária, a frequência foi maior entre os mais jovens, alcançando mais de 30% dos homens e mais de 10% das mulheres entre 18 e 44 anos de idade.

O ministro Alexandre Padilha defende a prevenção e a fiscalização da Lei Seca, que reduziu drasticamente a tolerância da relação álcool e direção, e que a fiscalização seja mais rigorosa quanto ao uso de capacete e colete refletor por motociclistas. “Houve uma redução de até 30% nas regiões que tiveram uma ação mais eficaz na fiscalização”, esclarece. Propostas como essas estão contidas no Plano da Década de Ações para a Segurança no Trânsito 2011-2020. 

Ações

O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com um conjunto de ações de promoção de saúde e paz no trânsito, de prevenção e vigilância de acidentes, violências e seus fatores de risco. Para a prevenção e promoção da saúde, os ministérios da Saúde e das Cidades assinaram, em maio de 2011, o Pacto Nacional pela Redução dos Acidentes no Trânsito, Pacto pela Vida, com a meta de estabilizar e reduzir o número de mortes e lesões em acidentes de transporte terrestre nos próximos dez anos.

Outra iniciativa é o Projeto Vida no Trânsito, lançado em junho de 2010, que visa reduzir lesões e óbitos no trânsito em municípios selecionados por uma comissão interministerial. Para inicio do projeto, as cidades escolhidas foram Teresina (PI), Palmas (TO), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR). As cidades selecionadas devem desenvolver experiências bem-sucedidas na prevenção de lesões e mortes provocadas pelo trânsito e que possam ser reproduzidas por outras cidades brasileiras. 

UPA 24h e Samu 192

O ministro Alexandre Padilha explica que o problema só não é ainda maior porque as ações de ampliação das unidades de urgência e emergência, como as UPAs 24h (Unidades de Pronto Atendimento) e a expansão do Samu 192, vêm aumentando a proporção de vidas salvas, em relação aos óbitos.

“Há uma queda na proporção entre mortes em acidentes e internações. Nos últimos três anos, o índice cai de 0,38, passa por 0,29 e chega a 0,24. As ações de saúde em urgência e emergência têm conseguido reduzir a proporção de óbitos por acidentes de trânsito. Mas essa verdadeira epidemia de lesões e mortes por acidentes de trânsito aumentam muito o número absoluto de internações e óbitos”, afirma o ministro.

Em 2010, foram contabilizadas 145 mil internações no SUS causadas por acidentes, 15% a mais do que em 2009. Isso representou investimento de R$ 190 milhões só em procedimentos específicos no SUS. No período, houve um aumento de 8% no número de óbitos.

 

Fonte:
Ministério da Saúde



10/02/2012 16:32


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