Crise global deve impactar os juros das operações de crédito no Brasil, avalia BC
A desaceleração da economia mundial e a crise nos países da zona do euro elevaram os riscos para a estabilidade financeira global no fim do ano passado. De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira referente ao segundo semestre de 2011, divulgado nesta quarta-feira (21) pelo Banco Central, as turbulências no sistema financeiro internacional terão reflexos no Brasil. Mas o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, assegurou que as instituições brasileiras estão sólidas.
“Esse cenário de instabilidade nos países desenvolvidos se reflete de maneira global, inclusive no Brasil. O impacto [nos bancos brasileiros] será pequeno, mas pode se manifestar por meio da volatilidade de taxas de juros”, disse Meirelles.
Segundo ele, o sistema financeiro do País continua com elevada capacidade de solvência. Para cada R$ 100 emprestados, as instituições mantiveram, em média, R$ 16,30 de capital próprio, valor acima do limite de segurança de R$ 11 exigido pelo BC. Quanto maior o valor reservado como capital, menor o risco de as instituições não conseguirem honrar os compromissos se todos os clientes decidirem retirar os recursos de uma só vez.
O diretor do Banco Central também destacou que as instituições financeiras brasileiras apresentam alto índice de liquidez (quando o valor dos ativos supera as dívidas e as obrigações financeiras) e informou que todos os bancos saíram-se bem nos testes de estresse. Nesses testes, o BC simula uma deterioração na economia e verifica se as instituições conseguiriam manter o capital acima do mínimo exigido. “Os bancos brasileiros são bastante robustos e com plenas condições de enfrentar maior deterioração do sistema econômico”, avaliou ele.
Apesar da inadimplência que cresce desde março do ano passado, o diretor do BC disse que a tendência nos próximos meses é a de estabilização do calote. “O alívio monetário (corte dos juros básicos - Selic) a revisão das medidas macroprudenciais (de restrição ao crédito tomadas no fim de 2010), o crescimento da renda dos brasileiros e o maior cuidado das instituições na concessão de crédito são fatores que tendem a estabilizar a inadimplência”, previu.
Em janeiro, as operações de crédito das pessoas físicas com mais de 90 dias de atraso atingiram 7,6%, o maior nível desde dezembro de 2009. Segundo Meirelles, esse percentual ainda reflete o afrouxamento da concessão de crédito em 2009 e 2010, quando o governo estimulou empréstimos e financiamentos para combater a crise econômica.
“Sempre existe uma certa defasagem em relação à inadimplência. Houve apenas uma elevação que reflete a safra de crédito de anos anteriores, mas nada fora do padrão”, assegurou.
Divulgado a cada seis meses, o Relatório de Estabilidade Financeira descreve a evolução recente do sistema financeiro nacional, com análises da resistência das instituições brasileiras a eventuais choques econômicos, e apresenta cenários.
Fonte:
Agência Brasil
21/03/2012 21:10
Artigos Relacionados
Taxa média de juros das operações de crédito cai em agosto
Taxa média de juros de operações de crédito sobe pela terceira vez este ano, diz Anefac
Taxa de juros deve subir menos neste ano, avalia o mercado
Reunião da CAE deve examinar operações de crédito
Plenário deve examinar nova regra para operações de crédito
AQUISIÇÃO DE BENS COM DINHEIRO DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO DEVE OBEDECER À LEI DAS LICITAÇÕES