Crivella contesta jornal "O Globo" sobre origem da favela do Morro da Providência



Em pronunciamento nesta quarta-feira (5), o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) criticou o jornal O Globo por ter classificado de "gafe histórica" afirmação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita ao Cantagalo, no Rio de Janeiro. Lula disse que a comunidade do Morro da Providência teria surgido por causa da Guerra do Paraguai, durante o Império. Segundo o jornal, no entanto, a comunidade, considerada o primeiro núcleo de favela do Brasil, surgiu durante a República para abrigar soldados que voltavam da Guerra de Canudos.

De acordo com Crivella, porém, se há a versão histórica de que os negros aos quais foi oferecida a possibilidade da alforria em troca da participação voluntária na Guerra do Paraguai passaram a ocupar os cortiços da cidade quando retornaram, já libertos, há também aquela que diz que eles se refugiaram nos morros diante da impossibilidade de encontrarem trabalho e moradia em outros locais. Crivella esclareceu que ele próprio passou essa informação ao presidente da República.

- Os voluntários da pátria retornam, por volta de 1870, e encontram a alforria sem trabalho e sem moradia. Encontram também a lei do branco, da exploração. Era nos morros que os escravos urbanos procuravam se refugiar dos maus tratos de 350 anos de uma jornada de trabalho de 16 horas por dia, de falta de uma estrutura familiar, altos índices de aborto e de suicídio - disse.

O senador reconheceu, no entanto, que a ocupação do Morro da Providência pelos soldados que retornaram da Guerra de Canudos, duas décadas depois, de fato deu à comunidade a configuração de primeira favela do país, conforme ditam os livros de história.

- O que não é provável, porém, é supormos que os negros voluntários da pátria tenham todos ocupado os cortiços e cômodos, que tenham vivido em condições menos adversas, que tenham se aculturado e se incorporado às atividades econômicas da cidade e aos bairros formais. Tanto que os negros e seus descendentes continuam a ser explorados nas comunidades carentes do país - disse.



05/12/2007

Agência Senado


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