Crivella sugere que lucro do BB seja usado na construção de casas para população de baixa renda



Em discurso no Plenário nesta sexta-feira (20), o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) sugeriu que o Banco do Brasil (BB), que teve lucro acumulado em 2008 de R$ 8,8 bilhões, destine mais recursos para a construção de habitações para a população de baixa renda.

- Não estou aqui para fazer críticas ao Banco do Brasil, e sim fazer um apelo. Nós tivemos um lucro extraordinário nesse banco. Então, vamos aplicar isso num grande programa de habitação. Mas não vamos fazer essas casinhas feias, horrorosas, que, ao invés de nos animarem, nos entristecem. Vamos fazer casas boas, porque temos aqui em abundância tijolo, madeira, cimento, vernizes, tintas, alumínio, borracha. Temos tudo! Vamos fazer casas bonitas; vamos colocar energia solar - sugeriu.

O senador informou que lucro líquido do Banco do Brasil chegou a R$ 2,944 bilhões no quarto trimestre de 2008 -o que significa que mais que dobrou em relação ao mesmo período de 2007, quando o resultado foi de R$ 1,2 bilhão. No acumulado do ano, o lucro de R$ 8,8 bilhões correspondeu a um acréscimo de 74% em relação a 2007.

Para Crivella, o resultado do BB é "auspicioso", em especial diante de uma crise financeira mundial, que já vitimou gigantes como o banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers e "deixou um rastro de perdas que o FMI [Fundo Monetário Internacional] estima em mais de US$ 2 trilhões". O resultado dos bancos brasileiros mostra ainda, na opinião do senador, a saúde do sistema financeiro no Brasil, que, opinou, "tem sido um dos pilares a impedir um contágio mais agudo da economia nacional".

Mesmo com a situação do sistema financeiro favorável, Crivella lembra que o país enfrenta um déficit de habitações populares.

- Por que, a esta altura do nosso desenvolvimento, o povo brasileiro ainda mora em assentamentos precários, em favelas, em barracos, com suas crianças crescendo com estigma de inferioridade ? - perguntou.

No Rio de Janeiro, cidade que se prepara para receber 700 mil turistas para o Carnaval, há mais de mil favelas, lembrou o senador. Por trás da alegria da festa, destacou Crivella, 300 mil crimes são cometidos na cidade a cada ano, 50 mil carros são roubados, 80 mil furtos, registrados, além de 60 mil assaltos com arma e quase dez mil homicídios, isso levando em conta apenas os números oficiais.

Juros

O senador destacou que o Banco do Brasil empresta anualmente cerca de R$ 250 bilhões, mais do que a Caixa Econômica Federal, que empresta em torno de R$ 70 bilhões, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com R$ 100 bilhões. Mas os empréstimos feitos pelo BB, destacou o senador, são em sua maioria de curto prazo, no cheque especial ou no cartão de crédito, sempre com juros altos.

- Esperava-se que o Banco do Brasil, um banco nosso, dos brasileiros, desse um exemplo ao mercado, diminuindo o spread. Mas não! O Banco do Brasil aumentou o spread, nessa fase em que nós todos precisamos relançar nossa economia - realçou.

Em aparte, o senador João Ribeiro (PR-TO) apoiou as propostas de Crivella e sugeriu que as casas populares sejam equipadas com aquecimento solar para a água, o que, afirmou, reduz em 70% os gastos de energia elétrica numa residência.



20/02/2009

Agência Senado


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