Cultura: Mais de 16 mil pessoas prestigiaram o Festival Latino-Americano de Cinema
Primeira edição do evento, realizada no Memorial da América Latina e em outras salas, exibiu filmes, oficinas e debates
O 1º Festival Latino-Americano de Cinema de São Paulo, realizado entre os dias 10 e 16, revelou-se excelente oportunidade para quem buscava mais conhecimento sobre o cinema nacional e de países vizinhos. Aproximadamente 16,5 mil pessoas prestigiaram o evento, que exibiu mais de cem títulos, com sessões gratuitas no Memorial da América Latina, Cinesesc e na Sala Cinemateca. Cerca de 40 convidados internacionais participaram. Com o objetivo de discutir a estética da cinematografia latino-americana, o festival promoveu, além das projeções, oficinas, encontros e debates, que abordaram, entre outros temas, o documentário na América Latina, a nova ficção latino-americana e a retomada do movimento cineclubista. O resultado das oficinas pôde ser conhecido pelo público no encerramento.
Para o diretor de Atividades Culturais do Memorial e um dos organizadores da edição, Felipe Macedo, o festival não se restringiu a um grupo de saudosos dos anos 60, época em que os cinemas novos latino-americanos ganharam dimensão mundial. “Prova disso é que as salas, de debates e de cinemas, estiveram repletas de jovens”, diz. O presidente do Memorial, Fernando Leça, acredita que esse talvez tenha sido o ponto mais positivo. “Ver os jovens tão interessados e atentos, participando dos debates, das oficinas e assistindo às sessões foi muito gratificante. O festival já é um marco. E isso foi destacado pelos próprios participantes, como Fernando Birri, Edmundo Aray, Nelson Pereira dos Santos”, afirma. Segundo ele, as negociações estão em andamento para que no ano que vem seja realizada a segunda edição do evento, que deve ser ampliado.
Debates e homenagem
“O que caracteriza o cinema latino-americano é a diversidade e a espontaneidade”, disse o cineasta argentino Pablo Trapero, na mesa de debates em que participou ao lado de outros diretores. Nelson Pereira dos Santos, Orlando Senna, Marcelo Piñeyro, Juan Carlos Cremata Malberti, Edmundo Aray, Carlos Getino e Santiago Loza foram alguns dos cineastas que falaram ao público. Outro destaque foi a homenagem aos 20 anos da Escola de Cinema e TV de San Antonio de Los Baños, em Cuba. Resultado de esforço conjunto de cineastas de toda a América Latina, a escola é um espaço de formação para 4,4 mil estudantes de 45 países. Foram apresentados 22 curtas-metragens realizados pelos alunos da escola, que se intitulam “militantes da imagem”. Criador da Escola de Cinema de Cuba, o cineasta argentino Fernando Birri trouxe para o festival sua última produção, ZA 2005, o Velho e o Novo, que mostra imagens de filmes da década de 60 comparados com trabalhos dos alunos. Birri é considerado o pai do cinema novo latino, com o lançamento do documentário Tire Dié, de 1959.
Na programação do festival, outros pontos altos foram as exibições de clássicos dos anos 50-70 e de filmes indicados ao Prêmio Luis Buñuel, instituído em 2002 pela Federación Iberoamericana de Productores Cinematográficos y Audiovisuales (FIPCA) e pela Entidade de Gestão de Direitos dos Produtores Audiovisuais (Egeda), da Espanha. O evento foi realizado pelo Memorial da América Latina e Secretaria da Cultura, com o apoio do Ministério da Cultura, da Cinemateca Brasileira e do Sesc-SP. A organização ficou por conta da Associação do Audiovisual Paulista, e a programação teve a cu
07/27/2006
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