Cultura: Memorial do Imigrante realiza exposição sobre futebol de várzea na Mooca, no período de 192
Imagens mostram varzeanos 'domingueiros' e outros que chegaram à Seleção Brasileira
O futebol brasileiro parece ter perdido a inventividade e a motivação que resultaram no tetracampeonato: o escrete canarinho vem perdendo para times fracos; nossos jogadores machucam-se com freqüência e boa parte deles não está à altura dos salários milionários; trocamos de técnico mais do que de patrocinador; o público que vai aos estádios diminuiu; as torcidas tornam-se mais violentas; surgem evidências de corrupção no esporte mais praticado no país. Nada contra a profissionalização do futebol, mas tudo isso faz brotar uma saudade dos tempos românticos, vividos entre as décadas de 1920 e 1970, quando a paixão sobrepunha-se aos negócios do esporte e os atletas começavam a carreira nos campos de várzea que, conforme explicam os dicionários, são terrenos baixos e planos que margeiam os rios e ribeirões. Vivendo em bairros ainda pouco urbanizados, onde, a cada enchente, os rios e riachos alteravam o contorno de seus leitos e encharcavam suas margens, os imigrantes sempre estiveram ligados ao futebol de várzea. Nessas áreas, planas e livres das árvores de grande porte, os campos eram riscados com a mesma cal utilizada nas construções que davam forma à metrópole. Nos bares, nas rodas de amigos e nas acanhadas sedes dos clubes, eram ouvidas expressões que, ao lado do português, mesclavam pronúncias e expressões típicas de várias partes do mundo: calcio, football, fussbal, corner, fiancos, beques, goalkeeper, center half, chancas, pelotas de capotão, e tantas outras. Grandes times surgiram da determinação e da paixão desses imigrantes e seus descendentes, numa época em que os uniformes dos esquadrões secavam ao sol, nos varais dos quintais, enquanto seus usuários aguardavam ansiosamente o sábado e domingo, os santos dias de jogo. Com o crescimento da cidade, as várzeas foram drenadas, os rios poluídos, os ribeirões canalizados, os campos ocupados por indústrias e arranha-céus e o futebol virou um grande negócio. Hoje, futebol é algo que se aprende e não algo que se desenvolve. Olhar para o passado pode não mudar o curso das coisas, mas, com certeza, faz um grande bem ao espírito. Com esse propósito, o Memorial do Imigrante está realizando, até 24 de junho, a exposição 'VÁRZEA: o pontapé inicial', que exibe cerca de 70 fotografias dos times e atletas desse período, além de uniformes, troféus e documentos, centrando o foco na Mooca, bairro com uma das maiores concentrações de imigrantes e campos de várzea da cidade de São Paulo. As imagens mostram alguns varzeanos que se tornaram profissionais famosos de grandes clubes brasileiros, entre eles Félix, goleiro da Seleção Brasileira que conquistou definitivamente a taça Jules Rimet, ao se sagrar tricampeã na Copa do México, em 1970. VÁRZEA: o pontapé inicial Até 24 de junho Memorial do Imigrante Rua Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca - tel. (11) 6692-1866 Funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 17h Ingressos: R$ 2,00 (adulto) e R$ 1,00 (crianças até 14 anos)06/07/2001
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