Delegados acusam Governo de ter relação com o jogo do bicho



O relator da CPI da Segurança Pública, deputado Vieira da Cunha (PDT), considerou muito graves as declarações de dois delegados durante depoimento, hoje (17), de que recursos do jogo do bicho estariam sendo disponibilizados para o governo do Estado aplicar em obras social. Na mesma reunião, os deputados obtiveram cópia autenticada de documentos sigilosos da Polícia Civil que tratam de investigação de doação de dinheiro do jogo do bicho para campanha eleitoral de parlamentares em 1998. Vieira lamentou a imprecisão do depoimento do corregedor-Geral de Polícia, delegado Pedro Urdangarin, que não forneceu aos parlamentares os detalhes do inquérito policial em curso, que investiga a doação de recursos do jogo do bicho na campanha de candidatos a deputado estadual. Reafirmou que qualquer investigação pela polícia é indevida e abuso de autoridade, esclarecendo que cabe ao TRE apurar a prática de crime eleitoral, o que em tese teria ocorrido a se comprovar a denúncia de financiamento de banqueiros do bicho a candidatos. O primeiro depoimento foi do delegado Farnei Araújo Goulart, que foi diretor do DEIC e presenciou reunião em janeiro de 1999, na qual o então chefe de Polícia, delegado Luis Tubino, comentou que os bicheiros estariam disponibilizando verbas para o governo para aplicar em assistência social. Disse que era comum a ingerência de pessoas estranhas ao serviço policial e reclamou da portaria que regulamentou o uso de armas entre os policiais, o que motivou o seu afastamento do cargo. O delegado Nelson Oliveira, aposentado, reiterou as declarações de Farnei a respeito do dinheiro da contravenção, envolvendo o nome do governador Olívio Dutra, conforme afirmação do então delegado de Polícia, Luis Tubino, feita ao depoente ao tempo em que era o diretor da Divisão de Assuntos Jurídicos da Polícia. O corregedor-Geral de Polícia, Pedro Urdangarin, limitou-se a informar aos deputados do ofício encaminhado ao TRE em junho de 2000, quando estava presidindo o inquérito que investiga o jogo do bicho, reiterando pedido de informações a respeito das doações de campanha em 1998. Disse que foi o estouro de uma fortaleza do jogo do bicho em Estrela, onde foram encontrados diversos materiais de campanha política e vinculado a partido político, que motivou o pedido de exame das doações no TRE. Ao final da tarde, o último depoente, delegado Carlos Santana, atual presidente do inquérito, entregou aos deputados cópia autenticada contendo 25 documentos como envelopes, cartões de visita, informativo de partido político, recibos de doação de campanha a determinado partido, santinhos, cópias de depósitos bancários, cópia de projeto regulamentando a atividade lotérica, agenda e envelopes com timbre da União e do Estado. Por proposta do relator, deputado Vieira da Cunha, aceita pelos demais membros da CPI, a referida documentação foi novamente lacrada e será mantida em sigilo até que ele tenha acesso ao inteiro teor do inquérito policial em curso. Na próxima segunda-feira, dia 21, às 14h30min, na Sala da Comissão de Direitos Humanos, Carlos Santana será novamente ouvido pelos membros da CPI, quando será questionado sobre os documentos entregues e o inquérito policial que preside sobre o jogo do bicho.

05/17/2001


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