Demostenes ataca paranóia do PT, caudilhismo de Lula e inação de Thomaz Bastos
Lançando mão de um personagem clássico das tiras de jornal - Ubaldo, o Paranóico - criado pelo falecido cartunista Henfil, o senador Demostenes Torres (PFL-GO) atacou nesta quarta-feira (10) o coro do governo e sua base no Senado contra um comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar denúncias de corrupção. Henfil, filiado ao PT, começou a desenhar Ubaldo ainda durante a ditadura militar, quando era muito presente o medo da repressão e intenso o desejo de liberdade.
Para Demostenes as acusações do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, de que a oposição está "namorando o perigo" e que "alguns movimentos indicam que o objetivo é desorganizar o governo" são um sinal de que Ubaldo está vivo. Teria sido ressuscitado pelo escândalo Waldomiro Diniz, ex-assessor parlamentar da Presidência da República filmado pedindo ao bicheiro Carlos Cachoeira verbas para campanhas de candidatos do PT e do PSB.
- Trago a esta casa a séria desconfiança de que a crise política provocada pelo estilhaçamento da redoma ética do PT, aliada ao mau desempenho da economia brasileira, faz vicejar em setores do governo desejos de vilania dirigidos contra a liberdade de imprensa e o exercício democrático da oposição no Congresso Nacional - disse Demostenes.
Ele lamentou que, somadas a essas manifestações antidemocráticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tenha lançado recentemente advertência típica de um caudilho, ao afirmar que se errasse seria o fracasso da classe trabalhadora. Caudilho é um chefe político autoritário.
O senador goiano também criticou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que não tomou ainda providências para resolver a greve dos policiais federais, apesar de a reivindicação dos grevistas estar amparada na Lei 9.266/96, que reorganizou a carreira de policial federal..
- O Brasil vai ficar sabendo que a Polícia Federal não suporta mais ser usada pela máquina promocional do governo Lula sempre que se instaura uma crise de segurança pública neste país - disse Demostenes em referência à operação de repressão aos bingos ordenada pelo governo quando estourou o escândalo Waldomiro.
Drogas
O senador do PFL também analisou em seu discurso alteração feita na Câmara dos Deputados a projeto de lei aprovado no Senado estabelecendo a aplicação de penas alternativas a usuários de drogas. Por inspiração do Ministério da Justiça, o projeto passou a estatuir que caso o usuário descumpra a pena, como por exemplo a prestação de serviços comunitários, poderá ser submetido a outras medidas de restrição de direitos pelo prazo máximo de três meses, o que na prática deixa o praticante do delito livre para cumprir a pena ou não. Outro absurdo jurídico seria a sujeição do usuário a crime de desobediência, caso insista em descumprir a sentença judicial.
- Isto não tem cabimento no mundo do direito, uma vez que se confunde pena com ordem - afirmou Demostenes.
10/03/2004
Agência Senado
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