Demóstenes: concentrar Fome Zero nas metrópoles vai atrair novos migrantes



O anúncio do governo de que vai concentrar agora nas grandes cidades o programa Fome Zero foi recebido com descrença pelo senador Demóstenes Torres (PFL-GO). Para ele, a decisão poderá piorar o quadro social das metrópoles, pois o programa tenderá a atrair para suas periferias novos contingentes de migrantes. "Esse foco está errado", sustentou, lembrando que nos últimos 12 meses o governo tentou "fazer exatamente o contrário", privilegiando áreas pobres do interior.

Demóstenes leu trechos de vários artigos publicados no final de semana, todos eles com críticas à política do governo. Primeiro, ele leu notícia do jornal Folha de S.Paulo, segundo a qual o governo Lula pagou, no primeiro ano, R$ 2,3 bilhões de juros sobre depósitos compulsórios dos bancos. Os bancos são obrigados a deixar no Banco Central uma parte dos depósitos das pessoas e o governo paga rendimentos sobre esses valores.

- O governo pagou para que os bancos não emprestassem esse dinheiro. Esse é ou não é um governo de mesmice? - questionou.

O senador destacou a parte de um artigo do ex-ministro Pedro Malan (Fazenda), no qual sustenta que 2004 será crucial para o aprofundamento do debate sobre a eficiência do governo em todas as áreas. Lembra as incertezas econômicas do ano passado e pondera que, neste momento, os agentes econômicos reclamam da falta de clareza sobre as agências reguladoras.

Demóstenes Torres afirmou que o Brasil "está mesmo vivendo um processo de mexicanização", onde o PT faz de tudo para obter maioria no Congresso. O senador leu o trecho de um artigo do escritor Carlos Heitor Cony: "No afã do Planalto em formar uma maioria cada vez maior revela o óbvio: Lula não tem exatamente um programa de ação, mas um conjunto de idéias simpáticas que continuarão simpáticas e nunca realizadas."

- O presidente anunciou na semana passada que vai construir 6 milhões de casas. Isso dá 6 mil por dia. Ora, no meu Estado, Goiás, no seu primeiro ano o governo Lula construiu só 28 casas - disse o senador Demóstenes Torres.

Outros artigos citados criticam o presidente Lula por usar a metáfora de que o governo "só tem um ano" e, por isso, ainda está aprendendo andar. Demóstenes encerrou seu pronunciamento observando que o jornalista Roberto Pompeu de Toledo ironizou em sua página, na revista Veja desta semana, que o presidente Lula poderá dizer, ao final de 2010 (se reeleito), que aos oito anos seu governo ainda não estará crescido e ainda não terá a maturidade necessária.



09/02/2004

Agência Senado


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