Denúncias de caça ao peixe-boi no Amazonas aumentam no período de seca



A Amazônia vive nos últimos meses uma grande seca e com a redução do nível das águas dos rios o peixe-boi, espécie ameaçada de extinção, está mais vulnerável à caça. A Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), que atua em parceria com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), recebeu esta semana denúncias de caça ao animal nos municípios de Autazes, Silves, Coari e Tefé, no Amazonas.

De acordo com o médico veterinário da Ampa/LMA, Anselmo d’Affonseca, os peixes-bois estão sendo mortos em Silves. “Há informações que quatro a nove [peixes-boi] estão sendo abatidos por dia naquela área. Isso é preocupante, pois deve estar acontecendo em toda a Bacia Amazônica”, enfatizou.

A associação recebeu na noite de quarta-feira (27) um filhote de peixe-boi fêmea de aproximadamente um ano, morto e com marcas de arpão, proveniente de Silves. 

Na última segunda-feira (25), uma equipe da Ampa, Polícia Civil, Batalhão Ambiental, Secretaria de Meio Ambiente do Município de Autazes e representantes da colônia de pescadores  fizeram uma ação de conscientização no município, após denúncias de caça ao peixe-boi em um lago. “Fomos avisados de que um lago próximo à colônia dos pescadores de Autazes secou muito e os animais estavam expostos, sendo vítimas de caça. Então, mobilizamos essa equipe para fazermos a fiscalização e conscientização ambiental, a fim de proteger essa espécie”, explica o diretor da Ampa, Jone César Silva.

Em período de seca, como esclarece Silva, os peixes-bois migram para lagos profundos aguardando as enchentes; entretanto, em secas mais severas, como está ocorrendo este ano, os animais ficam muito mais vulneráveis ao abate. “Historicamente, o peixe-boi amazônico é alvo de caça, por ter um grande interesse comercial, devido a sua carne, gordura e principalmente seu couro muito resistente. Hoje, mesmo protegido por lei, ele ainda é vítima de caça ilegal e esse fator se agrava nessas épocas do ano”, comenta.

O pesquisador alerta, ainda, que se o peixe-boi continuar sendo caçado, ele pode deixar de existir, como ocorreu com a vaca-marinha-de-Steller, parente do peixe-boi extinto no século 18, após 27 anos de sua descoberta. “O peixe-boi é uma espécie endêmica da região. Ele tem um papel importante para o equilíbrio do ecossistema, como é um animal herbívoro, alimenta-se de plantas aquáticas, portanto, evita que as plantas se acumulem no rio, permitindo a passagem de canoas. Além disso, suas fezes servem de alimento para microorganismos, que por sua vez são comida dos peixes. Já os peixes  fazem parte de nossa dieta”, ressalta.

A população pode fazer denúncias pelos números do Batalhão de Policiamento Ambiental 3214-8904 e 190, do Ibama 3613-3094 e da Ampa 3236-2739.


Fonte:
Ministério da Ciência e Tecnologia



29/10/2010 11:47


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