Denúncias de espionagem no governo e irregularidades na Terracap mobilizaram CFC



Nas cinco reuniões que realizou no período, a Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) dedicou o segundo semestre de 2002 a apurar informações sobre dois casos: as suspeitas sobre o contrato da empresa Fence Consultoria Empresarial com o Ministério da Saúde para, supostamente, detectar presença de grampos telefônicos; e as denúncias de grilagem de terras públicas no Distrito Federal.

As dúvidas sobre o contrato do Ministério da Saúde com a Fence foram motivadas pela divulgação de escutas telefônicas envolvendo autoridades do governo federal. De acordo com o senador Geraldo Althoff (PFL-SC), que pediu o aprofundamento das investigações, havia indícios de superfaturamento no contrato e de que a empresa teria patrocinado espionagem com finalidade política.

Um dos casos em que houve acusação de espionagem e que também mereceu a atenção da CFC neste ano envolveu a operação da Polícia Federal (PF) que comandou a ação de busca e apreensão no escritório da empresa Lunus, onde foram encontrados R$ 1,34 milhão em um cofre. A comissão convocou o delegado Paulo de Tarso, responsável pela investigação da PF, que disse desconhecer a existência do dinheiro no escritório da Lunus antes da operação.

O pedido de Althoff recebeu o apoio do relator, senador Jefferson Peres (PDT-AM), mas prevaleceu na comissão a visão do senador Romero Jucá (PSDB-RR) que concluiu seu relatório com um pedido que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigasse todos os contratos que a Fence possui com os diversos órgãos do governo federal.

DISTRITO FEDERAL

Ainda tramita na CFC pedido da senadora Heloísa Helena (PT-AL) para que a comissão investigue denúncias de grilagem envolvendo a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), na qual a União detém participação de 49%. Segundo a senadora, existem indícios de que a empresa vem sofrendo prejuízos e vem permitindo que grupos privados obtenham grandes lucros com a venda de terras públicas.

Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização judicial e entregues à CFC, segundo Heloísa Helena, indicariam o envolvimento de pessoas ligadas ao grupo político do governador Joaquim Roriz, do PMDB. O relator da matéria, senador Moreira Mendes (PMDB-RO), manifestou em seu relatório que o assunto não está na esfera de competência do Senado Federal, mas até o final do ano a CFC ainda não aprovou seu parecer sobre o assunto.

Irregularidades no Banco do Nordeste e pendências sobre o caso da construção do fórum trabalhista do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo também mereceram a atenção dos senadores da CFC neste ano. Além das investigações solicitadas, a CFC, presidida pelo senador Amir Lando (PMDB-RO), analisou fiscalizações do TCU sobre gastos e contratos feitos pela administração pública.



10/02/2003

Agência Senado


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