Deputado e jornalista abrem sigilo telefônico para Corregedoria
O deputado estadual João de Deus Souza, presidente regional do PT do Piauí, e o jornalista Arimatéia Azevedo, diretor do portal AZ-PI, concordaram nesta sexta-feira (19) em abrir seus sigilos telefônicos para a Corregedoria do Senado. Ambos foram ouvidos na sindicância a respeito de episódio ocorrido na véspera das eleições municipais, quando o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) foi interpelado em Barreririnhas (MA) por um juiz eleitoral, a partir de denúncia de que levaria R$ 400 mil para o candidato local do PMDB.
Durante a audiência, presidida pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), Heráclito questionou a possível ligação entre o episódio de Barreirinhas e uma nota publicada no portal AZ dois dias antes, segundo a qual João de Deus teria feito uma investigação para saber quem pagaria os aviões utilizados pelo senador. O senador disse que seria necessário identificar se aconteceu alguma ação premeditada.
- Como dizia Ulysses Guimarães, o raio de ação da calúnia é dez vezes maior que o do desmentido - comentou Heráclito, que perguntou o resultado das investigações.
Em resposta, o deputado disse que havia tomado suas "providências" e encaminhado suas conclusões à direção do partido. Caberia ao PT, observou, tomar uma decisão a respeito do que fazer com as informações colhidas. Por outro lado, João de Deus afirmou desconhecer as circunstâncias do episódio de Barreirinhas, uma vez que não fazia política no Maranhão.
Já Arimatéia relatou ter tido conhecimento, por parte de um repórter de sua equipe, de boatos segundo os quais o avião de Heráclito estaria levando dinheiro para uma cidade do interior. Ainda segundo o jornalista, somente após acompanhar pela TV Senado discurso de Heráclito, queixando-se dos constrangimentos no Maranhão, ele teria começado a apurar os fatos com o juiz eleitoral da cidade.
Heráclito disse que somente depois da decolagem teria sido tomada a decisão de pouso em Barreririnhas - e não em outra cidade da região. Por isso, estranhou a presença do juiz no aeroporto. Ele lamentou não poder "exercitar sequer o direito de ir e vir", ou de se dar o prazer de, em um sábado, "escolher para onde e com quem ir, para fazer o que quiser".
19/11/2004
Agência Senado
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