Diretora da ABEE diz que indústria de energia eólica é a que mais cresce no mundo



Ao falar durante a audiência pública sobre fontes alternativas de energia, a diretora-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEE), Ivonice Campos, afirmou que essa indústria é a que mais cresce no mundo, atualmente. O país líder na utilização da energia eólica é a Alemanha, com 20 mil megawatts instalados. Em seguida, vêm os Estados Unidos, a Índia e a China, sendo que este último, em um ano apenas, instalou 1,2 mil megawatts.

Apesar de ter um potencial invejável, com várias cidades litorâneas apresentando ventos constantes e de boa qualidade, o Brasil não está entre os dez países que mais utilizam essa energia no mundo, conforme informou a diretora da ABEE. Segundo ela, um fator muito favorável à instalação de aerogeradores no Nordeste, por exemplo, é a complementaridade com o aproveitamento hidráulico: quando as águas que geram hidroeletricidade estão em baixa, os ventos para a energia aeólica estão em alta. O potencial de instalação é de 203 mil megawatts no Brasil inteiro, como informou.

Ainda segundo Ivonice Campos, esse potencial de instalação é tal que suportaria uma fábrica de aerogeradores e de equipamentos em cada um dos estados do Brasil. A maior vantagem dessas centrais de energia eólica é a rapidez com que uma central é montada. Leva-se apenas alguns meses - prazo bem reduzido se comparado com a construção de uma hidrelétrica. Outra vantagem é que a energia eólica pode ser utilizada nos segmentos da metal-mecânica e na produção de componentes de informática.

Para a diretora da ABEE, o Brasil precisa de uma política energética que priorize a instalação de fábricas de aerogeradores e equipamentos, com sustentabilidade econômica. Ela explicou que as centrais podem ser construídas muito próximas umas das outras e até instaladas no mar.

- Na Alemanha, por exemplo, 26% da matriz energética provém de energia eólica. No Brasil, representa apenas uma solução complementar ao Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia, que prioriza álcool combustível e biodiesel, mas seu potencial é imenso - concluiu Ivonice Campos.

Manoel Polycarpo de Castro Neto, coordenador-geral de Biocombustíveis da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), lembra que as alterações climáticas estão tornando-se uma preocupação cada dia maior, com secas e enchentes em várias regiões, quebra de safra e até com a ocorrência de ciclones, como o Catarina,que atingiu o sul do país.

Manoel Polycarpo lembrou que o clima mundial está sendo modificado pelo aumento da emissão dos gases dióxido de carbono e metano, especialmente porque 70% da matriz energética mundial é baseada em combustíveis fósseis, como petróleo, o que contribuiria para o aumento do efeito estufa. Na América Latina, recordou, há a diminuição de produção agrícola em função de mudanças climáticas bruscas que estão causando até o derretimento de geleiras nos pólos.

O coordenador-geral de Biocombustíveis da ANP lembrou que a agência tem como finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas não apenas da indústria do petróleo, mas também em relação ao gás natural e aos biocombustíveis.

- Estamos cuidando do Programa Nacional de Biodiesel, que prevê mistura de dois por cento de biodiesel no diesel, medida que será obrigatória a partir do próximo ano. Já estamos produzindo oitocentos milhões de litros de biodiesel por ano e, em 2008, a produção será de um bilhão de litros, suficientes para cumprir a meta de adicionar dois por cento ao diesel produzido no país - ressaltou.

Manoel Polycarpo lembrou que 43,6% da matriz energética do Brasil é baseada em fontes renováveis. Isso é bom, disse, reconhecendo que a maior parte desse percentual é de hidroeletricidade. No mundo inteiro, a percentagem de fontes renováveis é de somente 12 ou 13%, concluiu.



17/04/2007

Agência Senado


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