Documentário da TV Senado revelou versão do suposto envenenamento de Jango
A exumação do corpo de João Goulart, por decisão da Comissão Nacional da Verdade e do Ministério Público Federal, pode esclarecer uma dúvida histórica sobre as circunstâncias da morte do ex-presidente. Teria sido Jango envenenado ou vítima de um ataque cardíaco, em 1976, durante exílio na Argentina?
Foi o jornalista Deraldo Goulart, da TV Senado, quem pela primeira vez apresentou fatos que poderiam jogar por terra a versão oficial. No documentário Jango em 3 Atos, produzido para a emissora e exibido em setembro de 2008, o jornalista apresentou a versão do ex-agente do serviço secreto uruguaio Mário Barreiro para a morte de Jango, depois confirmada em depoimento à Polícia Federal.
Preso no Rio Grande do Sul, em 2003, por crimes comuns, e atualmente em regime semiaberto, o ex-agente sustentou que o ex-presidente teria sido envenenado por comprimidos misturados aos remédios controlados que tomava para os problemas do coração e que ele próprio, Barreiro, teria participado da operação, encarregado que era de fazer a escuta telefônica de Jango.
A confissão, feita em quatro horas de gravação, tinha como testemunha um assistente incomum, o próprio filho mais velho de Jango, João Vicente, que acompanhava a produção. Sem rodeios, Barreiro disse a Vicente que ele devia querer a sua morte, “porque eu ajudei a matar seu pai”. Vicente retrucou não ter nada contra ele e disse que queria apenas a verdade.
Deposto pelo golpe militar de 1964, Jango tinha medo de que algo pudesse lhe acontecer. Em carta enviada aos filhos que moravam em Londres, revelada no documentário, o ex-presidente conta que temia por sua vida, uma vez que seus amigos mais próximos estavam morrendo na Argentina. Jango tinha planos de se mudar para Paris.
O documentário ganhou repercussão nacional e chegou a ser exibido em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado, com a participação de embaixadores dos países vizinhos.
João Goulart morreu no dia 6 dezembro de 1976, na cidade de Mercedes, na Argentina e foi sepultado na cidade gaúcha de São Borja, onde nasceu. A exumação do corpo ainda não tem data para ser realizada e deverá ocorrer nos próximos três meses, com o acompanhamento de peritos argentinos e uruguaios.
O filme Jango em 3 Atos, produzido pela TV Senado, foi o grande vencedor do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, em 2009, na categoria documentário. O prêmio é oferecido pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) e pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Rio Grande do Sul, e tem o apoio da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Brasil.
03/05/2013
Agência Senado
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