Documentos da Corregedoria antecipam vinda do presidente do Conselho de Ética a Brasília



Preocupado com a repercussão das informações contidas nos documentos da Corregedoria relativos à investigação realizada para apurar o suposto envolvimento dos senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT) com a máfia das ambulâncias, o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), resolveu antecipar sua vinda a Brasília para a tarde da segunda-feira (18). Em meio a uma campanha política no Maranhão e com compromissos marcados no Conselho de Ética somente para a quarta-feira (20), João Alberto afirmou à Agência Senado nesta terça (19) que chegou mais cedo para se colocar à disposição dos relatores dos processos administrativos contra os três senadores, em especial de Jefferson Péres (PDT-AM), relator do processo contra Suassuna e que pretende apresentar seu relatório final sobre o caso nesta quarta-feira (20).

Toda essa preocupação tem motivo: os documentos da Corregedoria contradizem o depoimento de Suassuna prestado ao Conselho de Ética, na semana passada. O parlamentar pela Paraíba negou qualquer envolvimento com a máfia das ambulâncias, mas reconheceu que sua ex-chefe de gabinete Mônica Mucury Teixeira havia falsificado sua assinatura no ofício enviado ao Ministério da Saúde para beneficiar o esquema de fraudes criado para utilizar irregularmente recursos do Orçamento da União para a compra de ambulâncias com preços superfaturados.

No depoimento, Suassuna afirmou que não tinha conhecimento do documento naépoca e que sua funcionária apenas o havia assinado porque Marcelo Cardoso Carvalho, um ex-assessor do gabinete que vem sendo citado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas como membro da máfia, havia dito que o senador não só tinha conhecimento do ofício, mas também que havia pedido urgência no seu encaminhamento para o ministério. No entanto, em depoimento à Corregedoria do Senado, Mônica afirmou que jamais havia falsificado qualquer assinatura de Suassuna sem o consentimento do senador, conforme informou o corregedor da Casa, senador Romeu Tuma (PFL-SP).

- Cheguei mais cedo em Brasília para me colocar à disposição dos relatores, mas principalmente de Jefferson Péres e de Suassuna, caso queiram fazer alguma reunião. Já falei com o Suassuna e ele se colocou à disposição para conversar conosco, caso haja necessidade - afirmou João Alberto.

Ney Suassuna, Magno Malta e Serys Slhessarenko estão sendo investigados pelo Conselho de Ética porque tiveram seus nomes citados no relatório parcial da CPI Mista dos Sanguessugas por haver, no entendimento dos membros do colegiado, indícios ou provas de que tenham participado da máfia das ambulâncias.

Serys

Previstos inicialmente para esta terça, os depoimentos que irão auxiliar o senador Paulo Octávio (PFL-DF), relator do processo disciplinar contra a senadora Serys Slhessarenko, nos trabalhos de investigação foram adiados para as 15 h desta quarta. Segundo relatório da CPI dos Sanguessugas, há indícios de que Paulo Roberto Ribeiro, genro da senadora, teria recebido propina da máfia das ambulâncias em troca da promessa de que Serys apresentaria emendas ao Orçamento para beneficiar o esquema de fraudes.

Estão programados os depoimentos de João Policena Rosa Netto e Sérgio Henrique Ribeiro Dias, dois ex-assessores de Serys, segundo a assessoria da senadora. Paulo Octávio também agendou a oitiva de Maria Estela da Silva, ex-secretária da Planam, empresa apontada como principal organizadora do esquema de fraudes.

Malta

Também está marcada para esta quarta, a partir das 12h, uma série de depoimentos para ajudar nas investigações que o senador Demóstenes Torres (PFL-GO) está conduzindo com relação ao processo disciplinar contra Magno Malta.

Contra o senador pelo Espírito Santo pesam depoimentos da família Vedoin, proprietária da Planam, de que teria cedidoa Malta uma Van como parte de pagamento de propina para a apresentação e a liberação de emendas ao Orçamento para beneficiar o grupo. Malta se defende das acusações com a alegação de que o Fiat Ducato teria sido um empréstimo pessoal do deputado federal Lino Rossi (PP-MT), que também está sendo investigado pela CPI Mista dos Sanguessugas.

Com o objetivo de rastrear o histórico do veiculo que teria pertencido a Lino Rossi, o Conselho de Ética ouve dois ex-proprietários do automóvel: Valdir Agostinho Piran e Wylerson Moreira da Costa. Também está previsto o depoimento da esposa de Lino Rossi, Querli Batistello. Em seguida às oitivas, está agendada uma acareação entre Darci José Vedoin e o chefe de gabinete de Magno Malta, Hazenclever Lopes Cançado. Darci teria afirmado, em depoimentos, que se encontrou com Hazenclever no gabinete de Malta para tratar de emendas ao Orçamento, mas o funcionário do senador nega o fato.



19/09/2006

Agência Senado


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