Economia terá de crescer 7% para reduzir distância para países desenvolvidos, afirma ministro de Assuntos Estratégicos



A economia brasileira terá de crescer pelo menos 7% ao ano para promover uma "redução significativa" da diferença de renda entre o país e as nações mais desenvolvidas, disse nesta quarta-feira (28) o ministro Samuel Pinheiro Guimarães, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos. A fim de garantir o crescimento e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases que produzem o efeito estufa, previu, o Brasil deverá promover grandes investimentos em infraestrutura, especialmente na ampliação de ferrovias e hidrovias.

O ministro expôs os principais pontos do Plano Brasil 2022, ainda em elaboração no governo, em audiência pública promovida pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), realizada a partir de requerimento do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). O plano, que começa a ser debatido com representantes da sociedade civil, traça metas econômicas e sociais para o ano em que o Brasil celebrará seu bicentenário de independência.

A atual renda per capita brasileira, informou o ministro, é de aproximadamente US$ 7 mil - contra US$ 46 mil dos Estados Unidos, maior economia do planeta. Caso a economia brasileira cresça 6% ao ano até 2022, a atual diferença entre as duas cifras - de US$ 39 mil - seria reduzida em apenas US$ 1 mil dentro de 12 anos. Para garantir uma maior redução dessa diferença, observou, o crescimento deverá ser maior.

- E falar de 7% seria de uma modéstia extraordinária no tempo de Juscelino Kubitschek - disse Guimarães, ao responder ao senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que lembrou ter sido o ex-presidente, nos anos 50, um pioneiro no planejamento do país.

Previsões

Ao traçar um cenário do mundo em 2022, o ministro previu o fortalecimento do sistema multipolar - com principais polos na América do Norte, na Europa e na China - e o aumento das diferenças de riqueza e poder entre os países. Projetou também grande aumento na pesquisa científica e tecnológica, com "importantes consequências sobre toda a economia". Os Estados Unidos, lembrou, investem em pesquisa cerca de US$ 400 bilhões anuais - ou 2,6% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Ao mesmo tempo, exemplificou, o Brasil investe o equivalente a US$ 15 bilhões - ou 1% de seu PIB.

Ao mesmo tempo, disse Guimarães, em resposta ao senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB), o Brasil conta com as "melhores condições para o crescimento sustentável" entre os chamados "Brics" - ou seja, Brasil, Rússia, Índia e China, considerados os principais países emergentes do mundo. Entre os fatores favoráveis ao Brasil, ele mencionou o fato de o país utilizar atualmente apenas 17% de suas terras agricultáveis. Ainda a respeito dos Brics, o ministro ressaltou o grande esforço da China no desenvolvimento científico e tecnológico, que, a seu ver, terá "reflexos em seu sistema produtivo e seu comércio exterior".

Guimarães admitiu que o Brasil ainda possui "grandes disparidades sociais". Mais de 12 milhões de famílias, recordou, ainda dependem da ajuda do programa Bolsa Família. Para o ano do bicentenário da independência do país, segundo informou, estão sendo traçadas metas como a erradicação do analfabetismo, a ampliação da educação em tempo integral e a redução pela metade dos índices de mortalidade infantil.

Autor do requerimento, Crivella afirmou não existir "nada mais importante", no ano do bicentenário, do que a redução das desigualdades. O senador Hélio Costa (PMDB-MG) elogiou a atuação da secretaria, em busca de soluções para o futuro do país. E o presidente da CCT, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), lamentou que o país tenha perdido tanto tempo com baixos índices de crescimento.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou a importância, para o futuro do Brasil, da energia nuclear. Por sua vez, o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) alertou para a necessidade de desenvolvimento de uma nova política nacional para as regiões de fronteira.

28/04/2010

Agência Senado


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