Educação deve ajudar a reduzir desigualdade de renda



Pesquisa realizada na FEA identifica mudanças no papel econômico da escolaridade na vida dos brasileiros

Os investimentos em educação realizados a partir dos governos militares alteraram, entre os anos de 1980 e 2006, o papel da educação na desigualdade de renda na economia brasileira. No início do período estudado, a baixa escolaridade média da população acentuava as disparidades. Conforme essa média foi sendo elevada, a educação passou a amenizar as diferenças salariais.

Essa é a conclusão da dissertação de mestrado da economista Priscilla de Albuquerque Tavares, apresentada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) em dezembro do ano passado.

A pesquisa utilizou dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) referentes ao período analisado. Sobre os números, foram aplicados métodos econométricos para neutralizar os efeitos de fatores considerados laterais como as mudanças no padrão monetário.

A amostra foi composta por homens entre 25 e 60 anos (o número total de entrevistados varia de um ano para outro oscilando entre 46 e 83 mil). De acordo com a economista, a opção por não incluir mulheres aconteceu porque isso distorceria os resultados tendo em vista as mudanças de comportamento desse grupo em relação ao mercado de trabalho.

Queda nas diferenças Priscilla explica que, de acordo com a literatura internacional, a queda na desigualdade de salários começa quando os trabalhadores têm, em média, 7 anos de estudos. “No Brasil, de acordo com a economista, esse número já está em 7,6 anos”, diz a economista.

"Em 1980, um trabalhador com um ano a mais de estudo que outro ganhava, em média, salário 17% maior. Hoje, na mesma situação, essa diferença caiu para 11%”, afirma. “Historicamente, vemos que , entre 1980 e 1993, a diferença de renda entre os mais e os menos escolarizados se acentuou de forma relevante; entre 1993 e 1997, essa diferença se estabilizou e passou a cair a partir de 1998”, diz.

A hipótese do estudo baseou-se na observação da evolução histórica do índice Gini, utilizado pela ONU como indicador da desigualdade salarial. Na década de 1980, o índice Gini brasileiro saltou de 0,49 para  0,57. O índice varia de 0 a 1 sendo que, quanto maior o índice, maior é a desigualdade. Hoje o Gini brasileiro é de 0,52 (o primeiro colocado no ranking da ONU é a Islândia, com 0,195).

Projeções Segundo a projeção realizada pela pesquisadora, os efeitos econômicos desse fenômeno serão sentidos mais fortemente a partir de 2012. A estimativa foi feita por meio da análise da educação dos novos ingressantes no mercado de trabalho.

“O mais importante de se enfatizar é que esse movimento de redução das desigualdades, que vem se acentuando principalmente desde 2001, é sustentável e significa que o investimento em educação está dando bons frutos”, ressalta a economista.

Da USP Online



04/17/2008


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