Empresa de Pesquisa Energética diz que Brasil deverá ter novas usinas nucleares



O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, disse nesta sexta-feira (29), que a Usina Nuclear Angra 3 será inaugurada sem atrasos e que as novas usinas previstas pelo governo dificilmente serão descartadas.

“Vão ser tomadas todas as medidas de segurança em relação a Angra 3, mas não há nada que ameace o cronograma dela, que deve ser inaugurada em 2016”, disse o presidente da estatal, que é ligada ao Ministério das Minas e Energia.

Tolmasquim defendeu que o Brasil tem a sexta reserva de urânio do mundo e é um dos poucos países que domina a técnica de enriquecimento. Ele destacou ainda que o País tem condições naturais bem diferentes das encontradas no Japão, onde um terremoto seguido de tsunami causou um acidente nuclear em março. “Nossos recursos hidrelétricos são finitos. Por isso, desde agora, temos que pensar no que vem adiante e o nuclear é uma boa possibilidade para esse adiante”, disse.

Devido ao desastre em Fukushima, no Japão, Tolmasquim disse que não serão ignoradas as recentes discussões sobre esse tipo de fonte de energia, sobretudo, a respeito de questões de segurança e custos adicionais que possam surgir.

“Esta é uma decisão que deve ser tomada sem pressa e felizmente o Brasil tem recursos e podemos ver o que está sendo feito no mundo, para depois tomarmos as decisões necessárias”, informou o presidente da EPE.


Hidrelétricas

Durante debate sobre uma nova arquitetura energética para a América Latina durante o Fórum Mundial Econômico para a América Latina, Tolmasquim disse ainda que as usinas hidrelétricas podem ser um vetor importante para auxiliar o Brasil na preservação ambiental.

 “Isso é possível a partir do momento em que você obriga as hidrelétricas a recuperar as matas ciliares, a criar parques de preservação ambiental, condicionantes para trazer benefícios para a população local”, disse.

Segundo ele, hidrelétricas deixaram de ser apenas uma fonte de energia para também contribuir para a melhoria do País. “É interesse do Brasil preservar o seu ecossistema e aproveitar seu potencial hidrelétrico, que é uma energia renovável, que praticamente não emite carbono e que permite abastecer o País. É possível conciliar os dois. Basta usar a criatividade, construindo usinas com reservatórios menores, com obrigações ambientais e contribuindo para o desenvolvimento social regional." 

Para o presidente da EPE, qualquer país do mundo gostaria de estar na situação do Brasil e ter esse potencial hidroelétrico. “A maioria dos países desenvolvidos já usaram 100% de sua energia hidroelétrica. Nós somos um dos poucos países que ainda não usou [todo] esse potencial."

Segundo ele, o Brasil é líder mundial na questão do combate ao aquecimento. "Temos 46% de matriz renovável, enquanto o restante do mundo tem apenas 14% de energia renovável e nos países ricos, apenas 7% são renováveis. O grande desafio do Brasil é conseguir crescer mantendo essa liderança mundial."

Para Tolmasquim, isso é possível já que o País utilizou apenas um terço da energia hidroelétrica e ainda tem grande fonte de energia eólica e da cana-de-açúcar.


Fonte:
Agência Brasil



29/04/2011 18:41


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