Escolas de fronteira já oferecem ensino bilíngüe
A cada semana, desde 2005, crianças brasileiras e argentinas que vivem em cidades como Uruguaiana (RS) e Paso de los Libres têm uma experiência diferente: no lugar dos professores de suas próprias escolas, são os professores do país vizinho que estão na sala de aula. A iniciativa faz parte do programa Escolas de Fronteira, apresentado nesta sexta-feira (16) aos integrantes da Comissão de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Esporte do Parlamento do Mercosul, em reunião realizada em Brasília.
As escolas envolvidas estão nas chamadas "cidades gêmeas", bem próximas umas das outras e situadas na área de fronteira. O programa começou com alunos da primeira série e agora já alcança as de até quarta série do ensino fundamental. O programa foi criado a partir de um acordo firmado com a Argentina, durante a gestão no Ministério da Educação do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), e deverá ser estendido em breve a países como Paraguai, Uruguai e Bolívia.
Segundo a coordenadora geral do Programa de Formação de Professores do Ministério da Educação, Roberta de Oliveira, as escolas não promovem um ensino da língua estrangeira, mas um ensino "na língua" do outro país. Ou seja, a professora ou professor do outro lado da fronteira apresenta a sua própria língua de forma natural aos alunos do país vizinho. As crianças demonstram bastante interesse, segundo relatou a coordenadora, mas no início se arriscam pouco no idioma que estão conhecendo.
- Procuramos valorizar muito a cultura do outro país, e percebemos que a língua é só um detalhe - disse Roberta.
Ela informou ainda que as crianças argentinas têm tido mais facilidade com a língua portuguesa do que as brasileiras com a língua espanhola. Isso ocorre, principalmente, a seu ver, pela grande exposição dos argentinos à televisão brasileira.
Preocupada com a informação, a senadora argentina Sonia Escudero lamentou não ter encontrado, no hotel em que está hospedada, em Brasília, nenhum canal argentino de televisão, enquanto em seu país seria muito mais fácil dispor de canais brasileiros. Para ela, deve haver uma via de mão dupla no intercâmbio entre os dois países.
A senadora argentina quis saber ainda se os alunos das escolas envolvidas no programa já tinham se tornado bilíngües. Roberta disse que ainda não, uma vez que têm apenas quatro horas por semana de contato com a língua do país vizinho.
No começo da reunião, Cristovam Buarque sugeriu que se adote um programa comum dos países do Mercosul, para que, no prazo de 15 anos, todas as crianças dos países do bloco se tornem bilíngües. Na sua opinião, isto será possível se as crianças tiverem contato com a outra língua desde cedo.
A presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), lembrou que uma lei já em vigor no Brasil determina que os estudantes de ensino médio tenham aulas de espanhol. Para isso, observou, serão necessários 30 mil professores de espanhol.
16/05/2008
Agência Senado
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