Especialistas debatem modelo para implantação da TV Digital no Brasil



A pedido dos senadores Antonio Carlos Jr. (PFL-BA) e Gerson Camata (PMDB-ES), a Comissão de Educação (CE) e a Subcomissão Permanente do Cinema Brasileiro realizaram nesta terça-feira (dia 27) audiência pública com especialistas sobre o modelo para adoção da tecnologia de TV Digital no Brasil. Os debatedores apresentaram as vantagens do sistema, que permite a convergência diversas mídias, e sugeriram a realização de ampla discussão antes da decisão sobre o assunto.

O representante da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV, Fernando Bittencourt, destacou as potencialidades do sistema digital, que melhora a qualidade das transmissões e amplia as possibilidades de interatividade com o público. Além disso, as transmissões poderiam ser captadas por aparelhos portáteis.

O professor e consultor Murilo César Ramos, da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, afirmou não se tratar apenas de uma decisão a respeito do padrão tecnológico a ser adotado, mas de uma completa mudança de paradigma, que envolve aspectos culturais e econômicos que afetam a sociedade brasileira. A convergência tecnológica, na visão do professor, leva à necessidade de discussão acerca de uma lei de telecomunicações que envolva também a radiodifusão brasileira.

O diretor de tecnologia e desenvolvimento da Rede Bandeirantes, Miguel Cipolla Júnior, destacou a necessidade de investimentos pelas geradoras e retransmissoras. O público, disse, também vai arcar com os custos da mudança, quando tiver que trocar seus aparelhos receptores. Ele ressaltou também que nos seis países que já operam comercialmente com a TV de alta definição digital ainda são enfrentados problemas para a definição do perfil mercadológico da nova tecnologia.

- Essa decisão não pode ser tomada de maneira açodada. Ainda não há experiências de sucesso no mundo que justifiquem a pressa - afirmou.

Em nome da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o gerente de administração de planos e autorização de uso de radiofreqüências da autarquia, Yapir Marota, explicou que a adoção da TV Digital deve prever uma fase de transição em que a nova tecnologia conviva com a televisão analógica, atualmente instalada no país.

Atualmente, existem três padrões distintos de tecnologia de TV Digital, que disputam o mercado brasileiro. Segundo o representante da Abert, o padrão japonês é o que apresenta maiores potenciais e é mais flexível para adoção tanto para a TV aberta quanto para a TV por assinatura. Os padrões americano e europeu, disse, enfrentam problemas para serem adotados.

- A questão é saber como a sociedade brasileira vai se beneficiar das possibilidades colocadas pela nova tecnologia. É preciso um prazo de 15 a 20 anos para que haja uma maturação suficiente dessa tecnologia - afirmou Murilo Ramos, que trouxe ao debate a necessidade de exame de um novo padrão de TV Digital que vem sendo desenvolvido pela China.

28/11/2001

Agência Senado


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