Especialistas em nanotecnologia dizem que Brasil deve investir em nichos tecnológicos



Em audiência pública nesta quarta-feira (13), na Subcomissão Permanente de Ciência e Tecnologia, vinculada à Comissão de Educação, especialistas em nanotecnologia sugeriram que o Brasil invista em nichos tecnológicos para promover o desenvolvimento científico e econômico do país. Os especialistas também destacaram a necessidade de o Brasil melhorar a formação de recursos humanos. A nanotecnologia é a ciência multidisciplinar que estuda aplicações tecnológicas em escala atômica e molecular. Um nanômetro equivale a um bilionésimo de metro.

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Durante a audiência, o Diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) do Centro de Pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, José Antonio Brum, defendeu a escolha de certos setores tecnológicos como melhor estratégia para se conseguir espaço no mercado mundial.

- O Brasil precisa fazer escolhas de nichos tecnológicos. Não adianta ficar questionando se teremos recursos para competir com Europa, Japão, EUA. A aplicação em tecnologia tem que ser bem escolhida. - defendeu.

O cientista também acredita que a qualidade dos recursos humanos formados no Brasil precisa melhorar muito. Na opinião do especialista, o país não forma doutores com a qualidade necessária.

- A matéria-prima das universidades é muito ruim. Os estudantes chegam à universidade sem a qualificação necessária. O país tem que investir nos Ensinos Médio e Fundamental - disse.

O coordenador de Nanomagnetismo do Instituto Milênio de Nanotecnologia, José D´Albuquerque Castro, destacou que processos em escala do nanômetro acontecem usualmente na natureza, mas que a Humanidade só controlou tecnologia nessa escala a partir do fim do século passado. A nanotecnologia, lembrou, é fonte de inovação tecnológica e gera produtos e processos com relevância para a sociedade, tanto para a alta tecnologia - no caso de aparelhos celulares, por exemplo - como em setores mais tradicionais, em áreas como a de produção de tecidos.

- Por ser área nova, pode trazer nichos para países em desenvolvimento - destacou Castro.

O cientista informou que os Estados Unidos proíbe a venda para o Brasil de tecnologias como a do nanotubo de carbono, usada para produzir matérias de resistência e leveza incomuns. O especialista acredita que o Brasil precisa investir nesse tipo de tecnologia para evitar situações como essa, e, para isso, tem que garantir mão-de-obra qualificada, formando mais engenheiros. Também afirmou que as empresas brasileiras investem pouco em tecnologia e comumente apresentam a mentalidade de preferir adquirir tecnologia no exterior, o que nem sempre é possível.

O vice-coordenador de Micro e nanotecnologia da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia, Márcio Augusto dos Anjos, destacou que os estudos sobre essa área cientifica se oficializaram em 2000 nos Estados Unidos e em 2001 no Brasil. A partir de então o governo destinou recursos para laboratórios e redes de pesquisa emnanotecnologia, com recursos que subiram de R$ 8 milhões em 2004 para R$ 14 milhões em 2006.

Segundo o especialista, atualmente há 10 redes de pesquisa em nanotecnologia em funcionamento, com grupos de pesquisadores em todas as regiões e nas principais universidades brasileiras.

O coordenador do projeto NanoAventura da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcelo Knobel, explicou como funciona o projeto de divulgação da nanotecnologia para crianças e jovens realizado pela universidade. A idéia é motivar essa parcela da população a seguir carreiras na área científica. Para o especialista, o investimento em formação humana é fundamental.



13/12/2006

Agência Senado


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