Estado de São Paulo vai produzir energia elétrica de bagaço de cana
24 centrais termelétricas serão construídas, em três anos, em parceria com a iniciativa privada, para gerar 300 megawatts
A geração de energia elétrica é mais uma forma de estímulo ao setor sucroalcooleiro de São Paulo, que representa emprego para 600 mil trabalhadores em todo o Estado. Até o final do ano, estarão funcionando as cinco primeiras centrais termelétricas que vão utilizar o bagaço da cana-de-açúcar como combustível. Termo de compromisso nesse sentido foi assinado nesta sexta-feira, dia 7, no Palácio dos Bandeirantes, entre o Governo do Estado e a Companhia Geral de Distribuição Elétrica de Portugal (CGDE), que será responsável pela instalação das centrais. “Vamos aproveitar um insumo, que hoje é mal utilizado e abrir um novo setor em matéria de energia”, disse o governador Mário Covas. “O que firmamos hoje aqui é pegar o bagaço de cana, transformar em energia e vendê-la”, acrescentou. Covas lembrou que o negócio só foi fechado por causa da garantia de compra da energia por parte da Cesp, que depois vai revendê-la aos consumidores. “Nós temos aqui em São Paulo operando nessa área 600 mil trabalhadores, portanto é absolutamente indispensável que a gente possa oferecer a eles uma oportunidade significativa”, completou. Covas fez um pequeno balanço sobre o setor de Energia do Estado em sua administração, destacando o aumento de cerca de 1.500 MW no sistema, o que representa 15% do que existia. Falou também sobre as privatizações das energéticas e da Comgás e convidou, de forma bem humorada, os empresários portugueses a participar do leilão da Cesp Paraná, que acontecerá no próximo mês de setembro. Essa é a primeira parceria do gênero no Estado de São Paulo e prevê a instalação de 24 centrais termelétricas em diferentes municípios, no período de três anos. No total, serão gerados 300 megawatts (MW), energia suficiente para iluminar uma cidade como Sorocaba. O investimento será de R$ 450 milhões. Ainda este ano, as cinco primeiras centrais vão gerar 100 MW, com investimento de R$ 150 milhões. O trabalho será acompanhado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, por meio do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O secretário da pasta, José Aníbal, disse que o projeto vai beneficiar também o setor de máquinas e incentivar novas tecnologias. O vice-presidente da CGDE, Armando de Almeida Ferreira, informou que a geração de energia inicial pode ser ampliada, já que para a produção dos 300 MW serão utilizados cerca de cinco milhões de toneladas de bagaço por ano, enquanto existe um excedente quatro vezes maior. Hoje, as usinas de álcool e açúcar já produzem energia com o bagaço mas apenas para consumo próprio. A Cesp comprará a energia produzida e venderá a terceiros. Esse tipo de co-geração é o mais eficiente pois utiliza um rejeito, no caso o bagaço da cana, como combustível. O projeto de instalação das termelétricas vai utilizar um modelo de engenharia financeira chamado de Project Finance, que isenta o usuário da central de qualquer investimento para obter o fornecimento energético em suas instalações. A CGD, em parceria com a Koblitz, os usineiros e eventualmente a Cesp, cuidará da gestão da central por meio de uma Sociedade de Propósitos Específicos (SPE) e, dentro de 15 anos, todos os ativos serão transferidos para a usina sem qualquer encargo. Com isso, o usuário tem garantido o projeto, o financiamento, a construção e a exploração da central energética. As cidades onde estão previstas instalações das centrais termelétricas são as seguintes: Catanduva (20 MW); Vista Alegre do Alto (8 MW); Rafard (5 MW); Araçatuba (40 MW); Oswaldo Cruz (25 MW); Promissão (10 MW); Olímpia (10 MW); Pitangueiras (15 MW); Descalvado (5 MW); Brotas (4 MW); Guairá (12 MW); Américo Brasiliense (15 MW); Piracicaba (10 MW); Pioneiros (6 MW); Ribeirão Preto (35 MW); Orlândia (10 MW); Ourinhos (8 MW); Ipaussú (5 MW); Cerquilho (6 MW); São Manuel (8 MW); Lençóis Paulista (10 MW); São José da Macatuba (10 MW); Quatá (10 MW); e Mineiros do Tietê (13 MW). Setor fundamental para a economia do Estado O governador Mário Covas sempre foi um defensor do setor sucroalcooleiro paulista e esteve à frente de diversas iniciativas para estimular as atividades dessa importante cadeia produtiva. No ano passado, presidiu a cerimônia de assinatura do Pacto pelo Emprego no Agronegócio Sucroalcooleiro, que deverá vigorar até 2005. No acordo emergencial do setor automotivo, isentou os veículos a álcool comprados em 1999 do IPVA, até o final deste ano. Em 1998, assinou decreto determinando a aquisição e locação de veículos movidos a álcool, sempre que disponível, pelas administrações direta e indireta do Estado. Em 1996, participou da reunião da Câmara Paulista do Setor Sucroalcooleiro e do lançamento da Frente de Prefeitos dos Municípios Canavieiros. Nesta mesma data, foi assinado o Pacto dos Bandeirantes, que impede a mão-de-obra infantil nos canaviais. Um ano antes, participou da instalação da Câmara Paulista do Setor Sucroalcooleiro dentro do “Programa de Desenvolvimento e Competitividade do Estado de São Paulo”. No último dia 20, o governador também participou do Seminário “Álcool: o combustível do novo milênio?”, onde fez um balanço das ações do Governo do Estado para o setor. A produção de açúcar e álcool de São Paulo representa 32% da renda rural do Estado e emprega 600 mil trabalhadores. Planta-se cana-de-açúcar em 350 dos 645 municípios do Estado, que somam 2,9 milhões de hectares de área plantada. A safra 1999/2000 de São Paulo produziu 194 milhões de toneladas de cana, sendo que 53% se transformaram em álcool e 47% em açúcar. Isso representa 65% da cana moída no Brasil, 68% do açúcar e 70% do álcool. Foram produzidos 8,5 bilhões de litros de álcool no Estado: 3,8 bilhões anidro e 4,7 bilhões hidratado. As exportações brasileiras de açúcar representaram 33% do mercado livre mundial, sendo que São Paulo exportou oito milhões de toneladas, correspondendo a US$ 1,2 bilhão, ou 67% das exportações do País no setor. Estavam presentes o ministro da Presidência e do Equipamento de Portugal, Jorge Coelho, os secretários Mauro Arce, de Energia, João Carlos Meirelles, da Agricultura, e André Franco Montoro Filho, de Economia e Planejamento, o president04/07/2000
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