Ex-presidente evita aparecer









Ex-presidente evita aparecer
O ex-presidente e atual vereador Joni Homem (PFL), peça-chave para explicar o conteúdo das fitas gravadas pelo ex-assessor da presidência da Câmara Mário D’Ávila, permanece em local ignorado. Nenhum servidor aparece no gabinete do parlamentar desde sexta-feira. Ele tampouco pôde ser localizado em casa em Lomba Grande, interior de Novo Hamburgo.

– O vereador não está em casa. Vai dar uma entrevista coletiva nos próximos dias – anunciou uma mulher, ontem à tarde, pela porta entreaberta da casa de Homem.

De acordo com o advogado João Andrades Carvalho, defensor de oito dos nove vereadores que estariam envolvidos no suposto esquema, ocorrerá uma entrevista coletiva às 14h de hoje, no Sindicato dos Jornalistas do Estado. Até as 20h30min de ontem, não havia sido definido se Homem estaria na coletiva.

De acordo com a versão de D’Ávila, Homem foi beneficiário do suposto esquema de propina que teria funcionado no Legislativo. Em troca de pagamento, nove vereadores são acusados de ter dado seus votos ao pefelista na eleição para a presidência da Casa.


Armínio e Mercadante se reúnem na quinta
O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, marcou para quinta-feira, em Brasília, o encontro com o deputado federal Aloizio Mercadante, um dos principais economistas do PT.
Os dois falarão sobre a viagem de Fraga aos EUA na semana passada, na qual o presidente do

BC começou a discutir um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Mercadante disse que o convite é extremamente positivo e que o diálogo entre governo e oposição deveria ser rotineiro em todos os regimes democráticos. O petista afirmou que ainda não sabe qual será a pauta exata da reunião, já que a iniciativa partiu de Armínio.

– Vamos ver o que o presidente do Banco Central quer discutir. Poderemos dar esclarecimentos ou conversar sobre os acordos com o FMI. O país atravessa um momento delicado, e estamos dispostos a colaborar em tudo o que for possível. Não acho que esse encontro deva receber uma leitura eleitoral. O objetivo, realmente, é ajudar o país – afirmou Mercadante.

A proposta do presidente de iniciar um diálogo com a oposição sobre a situação econômica do país foi bem recebida pelos principais candidatos a presidente e também agradou ao mercado financeiro na semana passada.

– Não vejo nenhum problema. Vamos discutir a oportunidade política da conversa. A única coisa que disse é que ela precisa ser feita à luz do dia. Já disse que, se o governo quiser conversar, que convoque a oposição. Não vamos nos negar a conversar – afirmou o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ontem esteve em Fortaleza, a primeira das quatro capitais nordestinas que serão visitadas nesta semana pelo líder nas pesquisas.

No mercado financeiro, analistas entenderam que Fraga está se esforçando para fazer com que a transição pós-eleitoral ocorra sem maiores traumas na área econômica. Será a primeira vez que Fraga recebe um representante da oposição para dialogar.

O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE), disse que o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), está disposto a conversar com Armínio Fraga, sobre a situação econômica e a possibilidade de o país celebrar um acordo de transição com o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas não vai endossar as metas firmadas entre o fundo e o governo Fernando Henrique.

– Não queiram compromissos dele (Ciro) com acordos futuros. Vamos mudar a política econômica do governo e não vamos fazer cartas para acalmar ou atender a humores do mercado. Estamos preocupados com o interesse do país, e não de agentes financeiros – disse Freire
Amanhã, Fraga se encontra com o presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP).
Anthony Garotinho (PSB) foi o único que criticou publicamente a atitude de Fraga, mas por uma questão específica: ele não gostou do fato de somente o PT ter sido convidado.


Hora do lanche
O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, voltou a criticar ontem em São Paulo a política de preços do governo Fernando Henrique e disse que está “preocupado” com alguns valores praticados no país, citando especificamente o caso do gás de cozinha (GLP).
Serra defendeu uma política de preços administrados que não puxe a inflação. O tucano assinalou que a “inflação está incomodando em algumas áreas”, mas que de maneira geral não está elevada. Serra fez campanha ontem no centro de São Paulo, onde chegou até a dividir um pastel com a candidata a vice, Rita Camata (PMDB).


Hora da fé
O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho criticou ontem a política econômica do governo federal e convidou o presidente da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, para ser seu ministro da Fazenda, em caso de vitória nas eleições de outubro.

– Piva entende muito mais de política industrial do que os outros que estão aí – disse o candidato.
À tarde, ele participou de uma cerimônia em uma igreja presbiteriana do Rio. A governadora fluminense, Benedita da Silva (PT), também estava presente, mas ambos não se encontraram.


Segurança domina encontro
A segurança pública foi o principal assunto do terceiro confronto da campanha para o governo do Estado.

Em duas horas e 10 minutos do encontro promovido no final da tarde de ontem pela Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), na Capital, o tema dividiu com as questões do Judiciário a atenção da platéia.

Somente os cinco primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto foram convidados a apresentar suas propostas para os magistrados. Destes, apenas Antônio Britto (PPS) não compareceu ao encontro. Tarso Genro (PT), Germano Rigotto (PMDB), Celso Bernardi (PPB) e José Fortunati (PDT) apresentaram suas idéias e responderam a três perguntas preparadas pela direção da Ajuris.

Apesar de elogiarem pontos da Lei de Responsabilidade Fiscal, os quatro se comprometeram a trabalhar por mudanças. A justificativa é semelhante à dos magistrados: como o Judiciário e o Legislativo prestam serviços, não podem ficar sujeitom ao mesmo limite de gastos com pessoal – 60% – estabelecido para o Executivo.

Os quatro foram questionados sobre suas idéias a respeito da universalização da Justiça e da implantação de políticas de segurança articuladas com o Judiciário, de investimentos destinados ao poder e do cumprimento de decisões judiciais. O auditório, com capacidade para 200 pessoas sentadas, ficou lotado. Um telão foi instalado no saguão do prédio para o público excedente.

O presidente da Ajuris, José Aquino Flôres de Camargo disse que não se tratava de um debate:

– A idéia é propiciar uma exposição pública das propostas.

Em carta enviada a Camargo, o coordenador de campanha de Britto, o deputado federal Nelson Proença (PPS), explicou que não foi possível chegar a um acordo com as assessorias dos demais candidatos para a participação em debates promovidos por entidades.

Bernardi foi o único a apresentar um documento por escrito com suas propostas para o Judiciário e para a política de segurança pública. Somente para a área de segurança o documento tem 46 promessas que vão do investimento maciço no reaparelhamento das corporações à tolerância zero no combate ao crime.

Tarso assumiu o compromisso político de, se eleito, ser ele o interlocutor do governo no diálogo com o Judiciário. Em resposta a Bernardi, que prometeu administrar o Estado como se fosse uma empresa privada, Tarso avisou:

– Se eu for eleito, o Estado não será administrado como uma empresa. A lógica da empresa é o l ucro. O Estado vai funcionar como Estado.


Empresário nega denúncia de propina
Ronan se dispõe a abrir sigilo fiscal

O empresário Ronan Maria Pinto, acusado pelo Ministério Público de ser o principal arrecadador de um suposto esquema de recolhimento de propina na prefeitura de Santo André, administrada pelo PT, negou ontem as denúncias feitas contra ele.

Ronan prestou depoimento à CPI da Câmara de Santo André que investiga as acusações e declarou que está disposto a abrir seu sigilo fiscal. Demonstrando segurança, disse que pedirá à Justiça para ser submetido a acareações com todos os que o incriminam.

Foi a primeira aparição pública do empresário desde a denúncia da existência do suposto esquema, que teria beneficiado campanhas eleitorais do PT. Empresários do setor de transporte que já foram sócios de Ronan o acusam de forçá-los a pagar propina de R$ 100 mil mensais. O dinheiro seria entregue para o ex-secretário municipal de Serviços e Obras Klinger Luís de Oliveira Sousa. Pressionado pelo PT, Klinger pediu exoneração do cargo e deve reassumir em agosto o mandato de vereador em Santo André.

– Nunca recebi nenhum centavo, nenhum valor, nenhuma quantia em dinheiro. Nunca foi feito pagamento por intermédio da minha pessoa a nenhum secretário – disse o empresário.

Ronan admitiu ser amigo pessoal de Klinger, mas negou qualquer acordo com o ex-secretário municipal.

– Me acusam por questões econômicas. Querem tomar os meus negócios – disse Ronan, que controla 65% do transporte público em Santo André.

O empresário negou qualquer pagamento de propina, mas confirmou que entregava R$ 100 mil mensais à prefeitura de Santo André. Segundo ele, o desembolso estava previsto no contrato de concessão da Nova Santo André e está registrado na contabilidade.

Para operar no município, a empresa pagou R$ 7 milhões ao poder público. Segundo Ronan, a concessão previa o desembolso de R$ 4,2 milhões à vista, uma parcela de R$ 500 mil no 18º mês de vigência do contrato e 23 parcelas mensais de R$ 100 mil. O contrato entre a Nova Santo André e a prefeitura foi assinado em 1997.

– Meus antigos sócios assinaram o contrato, portanto tinham conhecimento sobre os valores – lembrou Ronan.

Na semana passada, João Antônio Setti Braga, antigo sócio de Ronan, declarou à CPI que a empresa era obrigada a pagar R$ 100 mil por mês a título de “custo político” para poder “trabalhar com tranqüilidade na cidade”.


Suspeitos deixam cargos no governo
Ex-vereadores são acusados de receber propina na Câmara

Os quatro integrantes do governo municipal de São Leopoldo, no Vale do Rio dos Sinos, suspeitos de receber propinas no gabinete do presidente da Câmara de Vereadores no segundo semestre de 2000 deixaram ontem os cargos na prefeitura.

A exoneração coincidiu com o anúncio de mudanças no Legislativo pela presidente da Câmara, vereadora Iara Cardoso (PMDB).

O afastamento do secretário municipal de Educação, Fernando Henning (PMDB), do diretor do Hospital Centenário, Fernando Fusquini (PMDB), do diretor da Subsecretaria da Zona Leste (Seleste) da prefeitura, Angelo Magro (PMDB), e do diretor da Unidade Básica de Atendimento Médico (Ubam) Feitoria, João Palharini (PTB), foi anunciado às 10h pelo prefeito Waldir Schmidt (PMDB).

Ao receber a imprensa em seu gabinete, o prefeito voltou a afirmar que não viu as fitas VHS onde aparecem nove vereadores da legislatura anterior, entre eles os quatro ex-integrantes do seu governo. As imagens mostram os acusados recebendo dinheiro de Mário D’Ávila, ex-vereador e na época assessor informal do presidente do Legislativo, Joni Jorge Homem (PFL). As fitas foram gravadas clandestinamente por D’Ávila e entregues ao Ministério Público há mais de 10 dias. O dinheiro, na versão de D’Ávila, seria para pagamento de propinas aos parlamentares que teriam votado em Homem para presidir a Câmara.

– Os integrantes do governo me comunicaram que sairão dos cargos, e eu aceitei a exoneração – informou o prefeito.

Schmidt repetiu que desconhecia o conteúdo das fitas, mas admitiu ter ciência de sua existência. Em entrevista concedida a Zero Hora, D’Ávila havia dito que ele e o prefeito assistiram à fita na casa de Schmidt no início de 2001.

– Ele (D’Ávila) me falou que existia uma tal fita. Mas conhecendo o passado dele como eu conheço, não quis nem saber do que se tratava. Não vi fita nenhuma – disse Schmidt, numa alusão à condenação judicial de D’Ávila por tráfico de drogas.

O pedido de exoneração dos envolvidos não foi o único fato político de ontem em São Leopoldo. Distante poucos metros da prefeitura, na Câmara de Vereadores, as suspeitas de mais um escândalo obrigaram a presidente, vereadora Iara Cardoso (PMDB), a anunciar mudanças na estrutura da casa.

– É inegável que o presidente do Legislativo concentra muito poder. Vamos tentar diminuir isso criando uma comissão comunitária de gestão, uma espécie de conselho, onde participem, entre outras entidades, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Comunitário Pró-segurança Pública (Consepro) – anunciou.

Além do conselho, a mesa diretora da Casa pretende criar cargos de carreira para funções consideradas estratégicas. Hoje, por exemplo, o procurador jurídico é um cargo em comissão (CC). Empresas terceirizadas responsabilizam-se pela contabilidade e pela análise de sistemas da Câmara.

– Queremos criar esses cargos, que hoje não existem – disse Iara, que formalizou um pedido de comissão especial de inquérito para apurar os fatos, independentemente das investigações do MP.


Missão especial da PF deve começar hoje
As ações para combater o crime organizado no Espírito Santo devem começar hoje.

A data foi anunciada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em reunião realizada ontem com o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rubens Approbato, o ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, e o secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro.

Segundo Approbato, o presidente também garantiu que, em 30 dias, a Ordem receberá um relatório completo dos resultados das ações para ser apresentado à sociedade. O relatório é, na avaliação do advogado, peça fundamental para que a OAB reveja a decisão de boicotar as reuniões do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH).

Por enquanto, a entidade mantém a posição de defesa da intervenção federal.

– A OAB não desiste de nada. Ela não tem poder de intervenção. Estamos inconformados porque achamos que a intervenção teria um caráter pedagógico ao mostrar que o governo federal está empenhado no combate ao crime organizado no Espírito Santo – disse.

Approbato informou, após o encontro com o presidente, que na quinta-feira reúne-se com entidades de defesa dos direitos humanos para avaliar a situação da violência no Estado.

Na reunião realizada no Palácio do Planalto, ficou definido que o ministro da Justiça vai representar o governo federal no encontro.

Os policiais federais convocados para atuar no Espírito Santo começaram a chegar ontem ao Estado. Os agentes foram recrutados em uma dezena de Estados e trabalharão juntos, por, no mínimo, 90 dias.

O superintendente da Polícia Federal no Estado, Tito Corrêa, não descartou a possibilidade de troca de informações entre as autoridades da missão especial e das polícias do Espírito Santo.

No entanto, o superintendente ressaltou que os crimes que serão investigados pela PF são os federais, entre eles o tráfico de drogas e armas, contrabando e evasão de divisas (crime contra a Receita Federal).

Além dos agentes, serão deslocados para o Estado veículos e equipamentos. Tito Corrêa acrescentou que programas de computador específicos para o cruzamento de dados serão instalados no Estado.

Também não está afastada a possibilidade de um dos três helicópteros da PF ser deslocado para o Espírito Santo.

A atuação da missão especial será dividida em dois tipos de atividade: apuração de crimes federais e segurança de pessoas ameaçadas.

Corrêa ainda não sabe se os 90 dias serão suficientes para concluir os inquéritos. O período poderá ser prorrogável caso haja necessidade. Os agentes começarão o trabalho analisando as conclusões da CPI do Narcotráfico.


Juíza impede exibição de vídeo
Por determinação da juíza da 3ª Vara Cível de São Leopoldo, Deise Lange Vicenti, as imagens do suposto pagamento de propina a vereadores não foram mostradas à população do município na noite de ontem. O diretório municipal do PT entrará na Justiça contra a liminar concedida a sete dos nove vereadores, ex-vereadores e ex-secretários municipais.

Centenas de pessoas lotaram o plenário da Câmara e o lado de fora do prédio para assistir à audiência pública convocada para apresentar a gravação. O advogado Jonas Andrades Carvalho alegou prejuízo à imagem dos acusados se a fita fosse exibida.

O anúncio da decisão judicial provocou vaias e gritos no plenário da Câmara. Parlamentares e dirigentes do PT avisaram que uma nova audiência pública será convocada caso a determinação da Justiça seja derrubada. O momento de maior agitação dentro e fora do prédio foi quando o vereador Ronaldo Teixeira, o Nado (PT), e o deputado estadual Ronaldo Zülke (PT) foram à tribuna pedir a cassação do prefeito Waldir Schmidt (PMDB).

– Esta Casa é do povo, e para nós voltará – discursou Nado.


Procuradores denunciam Jader , Roseana e Murad
Os três teriam desviado recursos

Os procuradores da República que trabalham no levantamento de fraudes na extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) vão denunciar o ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) , a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e o marido dela, Jorge Murad.

Os três estão envolvidos no escândalo da Usimar – projeto que recebeu R$ 44 milhões, sem nunca ter saído do papel.

O ex-senador deverá ser apontado como principal beneficiário dos desvios de recursos públicos no caso. O procurador da República no Tocantins, Mário Lúcio de Avelar, afirma que Jader, de acordo com testemunhas, ajudou na concretização do projeto, mesmo não tendo participado de sua elaboração.

Roseana e Murad foram denunciados porque a proposta de criação da Usimar nasceu no Maranhão e seu escritório de representação foi instalado no mesmo imóvel onde funcionava a sede da Lunus Participações, empresa do casal. Foi na sede da Lunus que a PF apreendeu R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo em março passado. Os procuradores concluíram ontem a análise de documentos que comprometem a ex-governadora e seu marido, decidindo pela denúncia dos dois.

Na denúncia, os procuradores pretendem mapear todo o esquema de desvio de recursos da Sudam, incluindo o caminho do dinheiro que seguiu para o Exterior pelas mãos de doleiros.


Artigos

Saúde pública
Mário M. Henrique Filho

James Watson, quiçá o maior responsável pela revelação da molécula de DNA, molécula basilar da vida, afirmou: “Sempre que a Ciência se curva diante de proibições legais, ela mergulha num período de trevas. Foi assim no passado e esse erro não pode se repetir. A Ciência tem seu próprio vetor de progresso e vai continuar perseguindo-o a todo custo. Se for preciso realizar experiências com seres humanos, vamos fazê-lo. Se for possível fazer um clone humano, vamos fazê-lo. A sociedade que decide o que fazer com ele.”

É o homem querendo assumir a responsabilidade da evolução da própria espécie. É a criatura tentando fazer as vezes do Criador. É o evoluir incontrolável das ciências biológicas, deificando a nova genética. É a audácia criativa do homem-ciência e o avanço inconteste da tecnologia contrastando, drasticamente, com a presteza dos serviços de assistência médica ofertados.

No Brasil dos nossos dias, a atenção à saúde alcançou estágio que, pela desorganização e irracionalidade, pode sem exagero ser qualificado de caótico, quando não dramático. Fatos noticiados pela imprensa e cenas mostradas pela televisão atestam a falência do sistema, desacreditam as autoridades, enxovalham a profissão, entristecem o profissional. Verdade é que governos e parlamentares pressionados pela opinião pública foram criando, por vezes demagogicamente, a titularidade do direito a uma assistência médica que, na prática, ultrapassa e muito em custos as previsões oficiais e a possibilidade ou a disposição popular de financiá-la. Inaceitável o fato de que, enquanto a Constituição estende a gratuidade do atendimento médico para toda a população, nossos legisladores “esquecem” de votar os recursos orçamentários indispensáveis. Acontece ainda que os parcos valores aprovados, não raro, são “esquecidos” de serem repassados para o sistema.

Resultado, a saúde, faz tempo, tornou-se matéria grave demais para ser confiada apenas aos médicos. E, para quem, como no caso presente, só entende de medicina, ousadia inescusável seria opinar sobre a maneira de enfrentar o problema, nos aspectos especificamente técnicos, da arte e da ciência médica. Porém o problema vai muito além desses relevantes aspectos. Os obstáculos que hora nos afrontam não se encontram no campo teórico, mas sim e principalmente na área econômica.

Preocupadas com esta realidade, as instituições (Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Ordem dos Advogados – Seção do Rio Grande do Sul, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-Regional Sul 3, Maçonaria Unida do Rio Grande do Sul e Associação Riograndense de Imprensa) decidiram pela criação do Comitê de Defesa da Saúde Pública.

O comitê não é obra do escândalo, tão do feitio da moderna predileção para justificar qualquer iniciativa. Também não é obra do acaso e, menos ainda, de oportunistas visando arrebanhar votos. Ele é conseqüência da teimosia do ser humano, historicamente, um obstinado e irreprimível idealizador de utopias. Ele nasceu porque as instituições apostam na possibilidade de um reordenamento social capaz de gerar uma sociedade justa e acreditam no princípio da justiça comunitária, que proclama: “A maior riqueza de uma nação é a saúde do seu povo”.

A luta do comitê é pela saúde ao alcance de todos. Tal objetivo será possível de ser alcançado quando não mais existirem excluídos e segregados da sociedade.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Habitação e promessas
Não é possível descartar o caráter eleitoreiro da proposta do governo com o projeto que prevê atenção ao setor habitacional para suprir a demanda reprimida de 5,4 milhões de moradias para atender as camadas com renda de R$ 600 a R$ 2 mil e que será submetido à apreciação do Congresso Nacional. No início de julho, neste espaço, os problemas relacionados ao déficit habitacional e o descaso do governo federal com um setor prioritário da economia foram apresentados à luz das promessas dos presidenciáveis perante a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), num encontro organizado pelo presidente da entidade, ex-ministro e ex-deputado Luis Roberto Ponte. Todos juraram que darão atenção especial e, à exceção do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que não compareceu porque estava numa sessão de fotografias para a campanha eleitoral, prometeram criar o Ministério da Habitação e levar para o Palácio do Planalto es se tema, como agenda de governo.

Também foi mostrado aqui o exemplo do México, que enfrentou o déficit habitacional de maneira inteligente e pragmática. O presidente do Sinduscon, Pedro Silber, conheceu de perto o programa mexicano, que repousa sobre aspectos básicos como volume de financiamentos adequados, controle de qualidade das unidades construídas, desregulamentação do setor com disciplinamento do uso da terra e do direito à propriedade. Luis Roberto Ponte, com experiência parlamentar, não alimenta ilusão na capacidade do Congresso, envolvido inteiramente com a campanha de votar e aprovar a proposta do governo, que ainda não tem consenso interno, já que a Receita Federal, que vai ser ouvida, dificilmente concordará com a renúncia fiscal prevista no Imposto de Renda, uma vez que o projeto prevê um abatimento de 25% dos juros pagos com financiamentos habitacionais.
Lamentavelmente o governo acordou tarde para uma questão urgente, social e economicamente. Não bastará apenas a criação de mecanismos eficazes no financiamento habitacional. É preciso desburocratizar os processos nos níveis municipal e estadual.

A liberação de uma obra demora meses e anos, dizem os construtores gaúchos, que se debatem a um só tempo com a falta de financiamento e com os rigores de uma burocracia que atrapalha a produção de habitações, não só as destinadas à classe média como até as moradias para as camadas de baixa renda.


JOSÉ BARRIONUEVO

Terceira via
Candidato do PPB ao Palácio Piratini, Celso Bernardi se declara impressionado com a atenção que Germano Rigotto, do PMDB, está prestando às suas propostas. Observa, irônico, que Rigotto já aproveitou várias idéias suas no seu plano de governo: a sugestão de reunir os candidatos para discutir em conjunto os problemas do IPE, a determinação de adotar tolerância zero para com criminosos e invasores de terra, a redução do comprometimento da receita com a amortização da dívida do Estado com a União, e também a idéia da terceira via da eleição, como terceiro colocado. Conclusão de Bernardi: “Pelo jeito será uma terceira via toda em papel carbono”.

Bateu bobeira
Antônio Britto errou ao decidir não comparecer ontem ao debate promovido pela Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul. Errou a coordenação da campanha do PPS, por não saber avaliar bem o evento, e errou o candidato, mesmo tendo razão na impossibilidade de atender a todos os convites. Deveria comparecer pela importância da Ajuris e por ser o primeiro debate com entidade de classe, o que por si só dá grande visibilidade.

Farpas no debate
Sem citar nome, os candidatos Germano Rigotto e José Fortunati criticaram a ausência do ex-governador Antônio Britto no encontro promovido ontem pela Ajuris.

Primeiro a falar, Rigotto fez “uma homenagem especial aos candidatos que se fizeram presentes e souberam reconhecer a importância da Ajuris”. E emendou, em tom de desabafo:
– Desde o primeiro momento ficou claro que tem gente que não quer o debate. Ficou fazendo exigências do tipo “ou participam todos ou não participo”, como se fosse dono da verdade.
Tarso Genro e Celso Bernardi nem tomaram conhecimento da ausência de Britto, mas Fortunati registrou:
– Lastimo que um dos candidatos não esteja presente.

Zambiasi lança campanha ao Senado
Presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi lançou ontem sua campanha para ao Senado em almoço com os 70 candidatos a deputado estadual e deputado federal do PTB. Depois de quatro mandatos de deputado estadual ao longo de 16 anos, um período em que recebeu vários convites para concorrer a cargos majoritários, o slogan sugere a mudança: Agora é Senador. Nas peças, o azul está ao lado do verde, do vermelho e do amarelo da bandeira do RS.
Junto com o suplente, Cláudio Manfrói, Zambiasi fez um apelo aos 100 mil filiados para que abracem a campanha.

Sem privilégio
Estilac Xavier discorda de que seja favorecido por Tarso, embora reconheça ter ele uma grande identidade com o candidato desde a primeira campanha para deputado federal, em 1986, quando Tarso fez 48 mil votos, até sua escolha este ano como candidato a governador.
Estilac também discorda de que haja mais propaganda sua do que dos demais nos postes da cidade.

– A minha bandeirola é diferente, tanto no layout quanto na cor. Ela é azul-escuro e laranja, sobressaindo-se entre as demais, que seguiram um padrão reinante bicromático vermelho e amarelo.

Pluralismo
O empresário Érico Ribeiro (PPB) larga como favorito na Metade Sul como candidato a deputado federal. Candidatos a deputado estadual de pelo menos três partidos estiveram no lançamento de seu nome domingo no Centro Português, na Praia do Laranjal, em Pelotas. Lá compareceram Manoel Maria (PTB) e Adilson Troca (PSDB), mais os pepebistas Frederico Antunes, Otomar Vivian e José Haidar Farret. É candidato por 40 municípios.

Parceria com Olívio
Tendo estabelecido seu marketing até a prévia em cima de um contraponto em seu estilo de administrar, no período em que esteve na prefeitura, com o governo de Olívio Dutra, Tarso Genro mudou de estratégia para ampliar seus espaços no Interior. A participação do governador na campanha a seu lado é vista como fundamental para unir o PT e assegurar a vitória. Foi o que ocorreu no Brique da Redenção, domingo, três dias depois de criticar o MST.

A vice perfeita
A passagem de Rita Camata por Caxias do Sul demonstrou na plenitude, na terra de Pedro Simon, que sua presença na chapa de José Serra empolga muito mais do que se o PMDB tivesse indicado o senador gaúcho. Foi um momento de pacificação, com troca de elogios, oportunidade para Simon reconhecer o extraordinário trabalho desenvolvido pela deputada no Congresso Nacional. Só teve uma gafe: no discurso, em meio à empolgação, Rita chamou o senador de João Simon. Trocou de apóstolo.

Intensivo para gêmeos
Na visita a uma das vilas mais abandonadas do Bairro Humaitá, Antônio Britto teve oportunidade de treinar um pouco para os filhos gêmeos que chegam dentro de sete meses. Um pouco desajeitado com Gabriel e Gabrielle, de três meses, teve a ajuda de José Fogaça, experiente pai de cinco filhos.

Mirante
• Paulo Brum (estadual) e Yeda Crusius (federal) inauguram hoje, às 20h, comitê conjunto na Barão do Triunfo, 90, no Menino Deus.

• Edital de concurso para 14 vagas de taquígrafo da Câmara de Porto Alegre não contém critérios para o sorteio do texto, o que abre espaço para dúvidas semelhantes àquelas que levaram à impugnação de prova idêntica na mesma casa no final da década de 70.

• Prefeito de Taquara, Délcio Hugentobler (PDT) desmente informação publicada na coluna, divulgada pela equipe de Tarso Genro, de que votará no petista no segundo turno. Denuncia má-fé ao “distorcer um gesto de cortesia por ter recebido Tarso em sua visita ao município”.
– Trabalhei pela candidatura própria e fui o primeiro a convidar o Fortunati, em visita que fez a Taquara, para que ingressasse no PDT.

• A confecção de uma bandeirola está por R$ 0,50, mais R$ 0,20 para a equipe de colocação. Um candidato que mandou confeccionar 200 mil pretende gastar R$ 140 mil somente neste item.

• Elifas Simas, vice-prefeito de Livramento, do PDT, anuncia apoio a Emília Fernandes, do PT.

• Os técnico-científicos do Sintergs saíram encantados com a exposição feita ao logo de duas horas por Germano Rigotto.

• Candidato a estadual pelo PTB, Brasinha (14118), de uma família de 12 irmãos, era morador de rua quando chegou na Capital. Hoje é um empresário de sucesso.

• Um dos três textos do vestibular da PUC era do deputado Marcos Rolim. Sobre o Big Brother.

• Do vice-governador Miguel Rossetto: “Os pedágios no RS só existem porque Britto foi governador”. Diz que o governo n


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